Dom Oscar Romero
“Se me matarem, ressuscitarei na vida de meu povo.”
Do processo de beatificação de Dom Oscar Arnulfo Romero está em Roma, na Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, desde que foi concluída a fase diocesana de instrução do processo.
Dom Romero, fuzilado quando celebrava a missa em San Salvador em 24 de março de 1980, é uma das centenas de mártires cristãos assassinados em decorrência de seu compromisso com as lutas de libertação de seus povos.
Tido como conservador quando de sua sagração episcopal em 1977, revelou-se em pouco tempo sensível à resistência popular contra a ditadura instalada em seu país em 1979. Camponeses, operários, religiosos, estudantes eram chacinados numa espiral de violência que o vitimou: somente entre janeiro e março de 1980, 1.015 salvadorenhos - ele inclusive - foram assassinados barbaramente.
Dom Romero confrontava diretamente com a repressão. Pouco antes de tombar, sua homilia chamado os militares a cessarem a repressão se tornou clássica: "Agora, eu gostaria de fazer um apelo especialmente aos homens do Exército e concretamente às bases da Guarda Nacional, da Polícia e dos quartéis. Irmãos, vocês são parte do nosso povo e estão matando seus irmãos camponeses. Acima de uma ordem de matar dada por um homem, deve prevalecer a lei de Deus, que diz: "Não matar!". Nenhum soldado é obrigado a obedecer uma ordem que vá contra a lei de Deus. Ninguém é obrigado a cumprir uma lei imoral. Já é tempo de vocês recuperarem suas consciências. Obedeçam em primeiro lugar a sua consciência e não à ordem do pecado. Em nome de Deus e em nome desse povo sofrido, cujos lamentos sobem cada dia mais angustiados até o céu, suplico-lhe, rogo-lhes, ordeno-lhes em nome de Deus, cessem a repressão".