Marçal de Souza Tupã-Y
“Não há maior amor que dar a vida pelo irmão”.
O líder guarani Marçal de Souza Tupã’-Y é lembrado pelos indígenas do Mato Grosso do Sul como um guerreiro que não foi derrotado. Em Atyguasu, grande reunião, realizada em outubro na Aldeia Campestre no município de Antonio João, a foto do líder ocupou lugar de honra no centro da tenda improvisada onde centenas de indígenas debateram a luta dos povos Guarani e Kaiowá pela demarcação de suas terras.
Nesse mesmo local, em 1983, Marçal foi brutalmente assassinado na porta de sua casa, aos 63 anos de idade, com cinco tiros, sendo um na boca, representando simbolicamente a tentativa de alguns setores da sociedade de calarem seu discurso em prol dos direitos dos povos indígenas. Sua voz, porém, ainda pode ser ouvida nas palavras de outras lideranças que seguiram seus passos e continuam lutando não somente pelas terras que lhes pertencem por direito, mas também por dignidade e respeito.
Marçal atuou também como intérprete guarani-português, tendo a oportunidade de conviver com antropólogos e cientistas sociais, como Darcy Ribeiro e Egon Shaden, o que lhe proporcionou acesso ao conhecimento científico e cultural.
Esses e outros problemas apontados por Marçal ainda são muito atuais, sendo discutidos em livro escrito pelo professor Laerte Tetila, em 1994, e também em documentário produzido por quatro jovens universitários, Ednaldo Rocha, Marcos Bonilha, Dalila Cividini e Leonardo Gordilho, que dedicaram seu trabalho de conclusão de curso ao tema. Desenvolveram um artigo científico, inscreveram-se em um Festival de Vídeo e receberam duas premiações pelo trabalho, em duas competições universitárias.
Essa repercussão confirma que a história deste mito não será esquecida e que não se restringe somente a Dourados ou ao estado sul-mato-grossense. Essa é uma luta de todos os povos indígenas e de todos os brasileiros. É a memória de um homem que lutou por direitos, pelo povo índio e pela raça humana.