O PRIMEIRO PASSO - Pe. Paulo Gozzi,SSS
O início da caminhada ecumênica rumo à Unidade que Jesus deseja para a sua Igreja é a conversão do coração. “Não existe verdadeiro ecumenismo sem conversão interior” diz o Concílio. E essa conversão não é só pessoal, é também comunitária. Se não percebo dentro de mim e dentro de minha comunidade o anseio e o apelo para que consigamos a unidade com nossos irmãos no Senhor pelo batismo, os não católicos, é sinal de que estou precisando de conversão, do mesmo modo que minha comunidade precisa. Viver a vocação cristã, ser fiel ao Evangelho, exige uma conversão diária.
Todos os dias, nos momentos de oração e reflexão sobre meu compromisso com Cristo, devo examinar meu modo de ver as coisas e o grau de abertura de minha mente. Converter-se todos os dias é ver as pessoas com benevolência, compreensão e tolerância. Se minha mente estiver fechada, dura e intransigente, preciso fazer o esforço de abri-la para Deus, para o mundo e para as pessoas. Mente estreita não combina com conversão.
O espírito ecumênico aumenta em nós na medida em que cresce nossa fidelidade ao Evangelho. Um aspecto do mistério cristão que os outros cristãos sabem trabalhar e manifestar muito bem, de modo muito mais eficiente do que nós, católicos, é a conversão. Há séculos que nós descuidamos da conversão pessoal e comunitária, achando que a fé se transmite simplesmente de pai para filho, sacramentalizando de modo indiscriminado.
E o resultado está aí: 95% dos batizados católicos não participam da Igreja. Dizem-se católicos, mas não estão convertidos! O dom da fé neles não se desenvolveu... Se conseguíssemos levar as pessoas a uma autêntica conversão, elas não só teriam mais amor e dedicação a Cristo Jesus e à Igreja através da Comunidade, mas começariam a se preocupar com a unidade entre todos os cristãos. João Paulo II diz que é preciso retificar o nosso olhar, contemplando as maravilhas que Deus opera neles. Devemos ter a percepção de como o Espírito age nas outras Comunidades cristãs. Podemos descobrir muitos exemplos de santidade.
Convivendo com eles, notamos a experiência que possuem das infindáveis riquezas da comunhão dos santos. Ficaremos surpresos em ver neles as mais variadas maneiras de viver o compromisso cristão (Cfr Carta Ut Unum sint, nº. 15). Não tenhamos dúvida: Para que alguém comece a caminhar na estrada do Ecumenismo, seu primeiro passo deve ser a conversão.