EVOLUÇÃO PERMANENTE - Pe. Paulo Gozzi, SSS
Falar em Ecumenismo é falar em evolução, em atualização, em mudança, em caminhada constante, transformando, renovando, reformando todas as coisas. De outro modo, como poderíamos falar em união dos cristãos se cada um permanecer exatamente do mesmo jeito como está, sem mudar nada? Muita gente diz que é impossível qualquer união, porque tem uma visão estática, imóvel e imutável de sua própria Igreja. Nada pode mudar, eles não vão ceder em nada, nós também não vamos ceder. Portanto, para que esse movimento? As coisas não são bem assim.
É claro que a Verdade revelada jamais irá mudar. Mas a compreensão dessa verdade e o modo de exprimi-la podem mudar, sim. Diz João Paulo II: “Dialogando com franqueza, as Comunidades se ajudam a olhar a si próprias de modo conjunto à luz da Tradição Apostólica. Isso as leva a se perguntar se realmente exprimem adequadamente tudo aquilo que o Espírito transmitiu por meio dos Apóstolos” (Ut Unum Sint, 16). Nosso problema é que possuímos muitas vezes uma mentalidade estreita e radical.
Necessitamos de mais conversão e penitência, quando temos consciência de “exclusões que ferem a caridade fraterna, de certas recusas em perdoar, do entrincheiramento antievangélico na condenação dos ‘outros’, de certo orgulho e daquele desprezo que deriva da falsa presunção” (UUS, 15). O papa cita o Concílio que diz: “Sendo uma organização humana e terrena que caminha na história, a Igreja precisa estar sempre se reformando, porque, de acordo com a época e as coisas que vão acontecendo, as pessoas cometem erros, seja no comportamento moral, seja na disciplina da Igreja, e até mesmo na maneira de interpretar a doutrina” (Unitatis Redintegratio, 6). Notamos uma grande evolução das Comunidades cristãs, quando estão empenhadas de verdade na renovação e na reforma de suas instituições, de suas posições, da liturgia, da teologia e da estrutura de governo.
Se o espírito ecumênico penetra em alguém ou num grupo, inicia-se logo o processo de reforma. Desde que começamos o diálogo ecumênico e um trabalho conjunto com outros cristãos, já houve progressos notáveis. Dentro de uma contínua reforma vemos o crescimento progressivo da comunhão entre nós. Não pode haver separação entre atualização e abertura ecumênica. Enquanto as Igrejas mantiverem esse espírito transformador, podemos ter esperança de que um dia alcançaremos a Unidade.