COMO SUPERAR AS DIVERGÊNCIAS - Pe. Paulo Gozzi,SSS
Durante séculos de separação e isolamento, mesmo com a mesma fé em Cristo, cada grupo cristão foi reformulando as convicções doutrinárias a partir de sua situação social, cultural e psicológica. Isso aumentou a distância em relação aos outros grupos. A primeira tarefa é identificar em que contexto histórico houve mudanças na linguagem. Com certeza havia muita polêmica agressiva e intolerância de parte a parte, que se transformaram em afirmações conflitantes. Os grupos opostos olhavam-se com desconfiança, má vontade e ressentimento.
Depois, deve-se verificar se palavras diferentes possuem o mesmo significado. Quantas vezes falamos a mesma coisa de maneira diferente? O grande esforço no diálogo é incentivar as partes a tentar uma nova linguagem num contexto de boa vontade, amizade e humildade, buscando clareza e simplicidade na redescoberta da verdade. No diálogo, os diversos pontos de vista, que são visões parciais da mesma verdade, são confrontados e descobre-se a beleza e a riqueza da verdade em toda a sua integridade. É o mesmo que olhar um objeto de todos os lados para, só então, descrever suas qualidades em sua totalidade.
Hoje, a Igreja Católica Romana está dialogando com todos os grupos cristãos, tanto os que vieram das antigas tradições cristãs orientais, quanto os que vieram das tradições ocidentais originadas da Reforma do século XVI. A maioria das Comissões bilaterais está se reunindo há várias décadas. São todos teólogos e pastores nomeados pelas respectivas autoridades em nível internacional e nacional. Os temas abordados são as divergências maiores e mais graves que tocam a fé.
Juntos analisam o assunto a partir das Sagradas Escrituras. As diversas interpretações são colocadas em comum. A Tradição da Igreja desde os seus primórdios até hoje deve ser examinada. Isto é, tudo o que foi escrito pelos Pais da Igreja sobre o mesmo tema nos tempos em que a Igreja era unida. Esses Pais são grandes escritores como: Inácio de Antioquia, Irineu, Clemente de Roma, Hipólito, Leão Magno, Cirilo de Alexandria, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo etc., etc. etc. Além disso, conta muito para nós católicos os escritos mais recentes do Magistério, como cartas de papas, bispos e teólogos.