GRANDE CONVERGÊNCIA - Pe. Paulo Gozzi,SSS
O que está acontecendo hoje entre os cristãos, que se reconhecem irmãos no Senhor? Vivi os tempos antigos da Igreja católica. Lembro-me perfeitamente quando eu caminhava todos os dias mais de dois quilômetros para ir ao Colégio com meu amigo e vizinho, filho de pastor batista. Sem diminuir nossa amizade, íamos discutindo o tempo todo sobre as divergências entre nós. Tudo era baseado na interpretação da Bíblia e cada um citava trechos ao seu favor. Desde que ganhei de minha mãe, aos 15 anos, a primeira Bíblia, vivia procurando passagens para defender a Igreja católica e atacar a outra. E ele fazia o mesmo...
Hoje temos a Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB), obra de grandes especialistas católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, batistas, presbiterianos, metodistas e outros. Na única Bíblia, que inclui os famosos sete livros, as interpretações no rodapé já não são mais divergentes, mas convergentes.
Desde que iniciamos a reforma litúrgica, notamos também em comunidades não católicas um movimento renovador da liturgia, dando maior importância ao simbolismo litúrgico, como imagens, paramentos, luz, incenso e gestos, enriquecendo os sinais que representam a fé no culto divino, pois, as igrejas vindas da Reforma eram muito despojadas, ao passo que, tanto a Igreja católica como a ortodoxa possuíam até em exagero todos esses sinais. Um aluno me disse uma vez que a liturgia católica estava se protestantizando. Eu respondi que era verdade, mas que observasse bem a liturgia protestante: Ela está se catolicizando!
Nessas grandes convergências, tanto em relação à Palavra de Deus como ao culto divino, vemos crescer sempre mais a vontade de ter uma vida sacramental em comum, mais ecumênica. Vamos sentir o coração de João Paulo II nesse mesmo anseio, quando escreve: “Nós temos o desejo ardente de celebrar juntos a única Eucaristia do Senhor, e este desejo torna-se já um louvor comum, uma mesma súplica. Juntos nos dirigimos ao Pai, fazendo isso cada vez mais ‘com um só coração’. Às vezes, parece estar mais perto a possibilidade de finalmente selar esta comunhão ‘real, embora ainda não plena’. Quem poderia sequer imaginá-lo há um século?” (Ut Unum Sint, 45).