Ainda falta muito? - Pe Paulo Gozzi,SSS
Quando viajamos por uma estrada e desejamos ansiosamente chegar ao nosso destino, ouvimos sempre esta pergunta: Ainda tem muito chão pela frente? Há sempre os impacientes que querem correr demais e há os que não têm pressa alguma para chegar... A caminhada ecumênica é como uma viagem por uma estrada bem movimentada. Existem barreiras, obstáculos, acidentes de percurso, câmeras fixas e móveis que acusam o excesso de velocidade, fiscalização de todo tipo e haja paciência... Assim sendo, é preciso contar com algo fundamental: A Fé! Vamos chegar lá, sim, um dia! Mas é preciso caminhar, avançar, percorrer o caminho com entusiasmo, coragem, muito cuidado e serenidade. Jamais parar...
Alguns desanimam diante das primeiras dificuldades, achando que é impossível, que ainda está muito longe, que não vale a pena e logo procuram o primeiro retorno para voltar para casa. Acontece que na estrada do Ecumenismo não existe retorno. Uma vez iniciado o caminho é preciso ir até o fim, pois, não somos comandados pela nossa própria vontade. Quem nos impulsiona é a vontade do Senhor. É preciso estar sempre escutando a Palavra de Deus. É ela que nos chama a caminhar. Muitos dizem que aquilo que conseguimos até agora já está bom demais. Nossa comunhão já cresceu bastante. Uma união espiritual entre todos os cristãos é o suficiente. Será que Jesus pensa assim?
O Senhor expressa a sua visão de Unidade para todos os discípulos na oração sacerdotal que encontramos no capítulo dezessete do Evangelho de João. Lá ele diz que é preciso que sejam unidos para que o mundo veja essa união, e vendo, acredite nele como enviado do Pai. É claro que, misticamente falando, todos os cristãos batizados já estão unidos, pois, estão incorporados na mesma Igreja de Jesus Cristo, que nunca se dividiu. O que falta é justamente o aspecto sacramental, isto é, o sinal visível dessa realidade já existente, mas invisível. O mundo não vê, por isso não crê! A evolução dos acordos teológicos nos mostra que está próxima uma unidade fundamental de todo o conteúdo da fé.
A respeito do que já caminhamos e do que ainda falta para caminhar, diz João Paulo II: “Dessa unidade fundamental, mas ainda parcial, deve-se agora passar àquela unidade visível, necessária e suficiente, que se inscreva na realidade concreta, para que as Igrejas realizem verdadeiramente o sinal daquela comunhão plena na Igreja uma, santa, católica e apostólica, que se há de exprimir na concelebração eucarística. Esse caminho para a unidade visível, na comunhão da única Igreja querida por Cristo, exige ainda um trabalho paciente e corajoso. Ao fazê-lo, é preciso não impor outras obrigações fora das indispensáveis (cf. Atos dos Apóstolos 15,28)” (Ut Unum Sint, 78).