Ecumenismo das Bases - Pe. Paulo Gozzi,SSS
Uma grande preocupação e um sério problema que estamos enfrentando no diálogo ecumênico é fazer com que os resultados conseguidos até agora cheguem até as bases da Igreja. A maioria dos padres e do povo em nossa Igreja não fica sabendo dos acordos e do crescimento e aprofundamento da comunhão entre todos os cristãos. O mesmo se diga das bases das outras Igrejas cristãs. Todas as Comissões Bilaterais fazem documentos com afirmações teológicas que comprovam a diminuição das divergências e o aumento das convergências. Esse progresso precisa se tornar patrimônio comum para todo o povo de Deus. Tudo o que se relaciona à fé deve ter um consenso universal.
A nova tarefa agora é fazer a divulgação de tal modo que todos possam receber e aceitar a fé comum, numa nova linguagem e nova compreensão, de acordo com os novos laços de comunhão alcançados. Nossa Igreja Católica encontra-se em diálogo oficial praticamente com todos os diferentes grupos cristãos, sejam Igrejas ou Comunidades eclesiais, em nível internacional e nacional. No Brasil temos apenas duas Comissões em diálogo: Com os luteranos e com os anglicanos. Essas comissões traduzem e adaptam para o Brasil todos os documentos elaborados nas comissões internacionais e publicam o resultado, mas estão preocupados se ele está chegando às paróquias e comunidades.
É fundamental que os seminários e escolas de teologia para leigos realizem esse trabalho. É bom sempre lembrar que uma coisa é o Depósito da Fé, todo o conteúdo da fé que os Apóstolos deixaram, e outra coisa é a interpretação, a formulação e a explicação com palavras bem atuais para expressar esse depósito, buscando uma linguagem comum a todos os cristãos. Ninguém deve ter medo. A fé não diminui, mas cresce, não se modifica, mas amplia a sua compreensão, não afirma novas verdades, mas reafirma com novo vigor e de um novo jeito as mais puras e antigas verdades da fé apostólica. Dos Bispos aos fiéis leigos, nos livros, revistas e homilias, todos devem estar envolvidos nessa tarefa.
Sabemos que a mente humana tem uma grande facilidade para dividir, separar e desunir. Mas para reverter esse processo, para reunir, reconciliar e consertar o estrago feito sente-se totalmente incapaz. É aqui que nós nos entregamos nas mãos de Deus para que Ele ilumine a mente humana. Todos nós recebemos a unção do Espírito Santo, que assiste tanto os pastores quanto os fiéis. “Este processo, que se há de efetuar com prudência e em atitude de fé, terá a assistência do Espírito Santo. Para que tenha êxito favorável, é necessário que os resultados conseguidos sejam oportunamente divulgados por pessoas competentes” (Ut Unum Sint, 81). A graça de Cristo jamais será completa enquanto não for compartilhada.