Diálogo de conversão - Pe. Paulo Gozzi,SSS
Eis uma nova expressão, criada por João Paulo II, em sua Carta “Ut Unum Sint” (Que sejam um) sobre o Ecumenismo. Dialogar no espírito de conversão, dialogar convertendo-nos, dialogar reconhecendo os próprios erros. Esse deve ser da agora em diante o fundamento para todo e qualquer tipo de relacionamento com os irmãos de outras Igrejas. Para serem verdadeiramente fiéis a Cristo, os católicos precisam assumir o compromisso ecumênico de trabalhar pela unidade da Igreja. A primeira atitude é um exame de consciência na busca do que realmente provocou a divisão dos cristãos. O Espírito é quem nos inspira a ter a humildade de reconhecer o quanto erramos no passado (cfr. UUS, 82).
É um erro utilizar a palavra “conversão” designando a passagem de uma pessoa para um grupo, uma instituição, uma Igreja: “Fulano se converteu para a Igreja Católica”! A conversão se dá na dimensão espiritual, completamente interior, e significa decisão de fidelidade a Cristo. A atitude exterior de se filiar a uma Igreja demonstra que a pessoa acredita que aquele determinado grupo expressa melhor em suas estruturas a fé cristã, comum a todos os batizados em Cristo nas mais diferentes Igrejas. No diálogo ecumênico ninguém jamais pensa em migrar de um lado para outro. Quem entra no diálogo vai com o coração aberto para ouvir, mais do que falar, aprender, mais do que ensinar.
Diálogo de conversão significa colocar-se diante de Deus em oração, tomar consciência dos pecados de sua Igreja e de seus próprios, confessar perante os irmãos essas culpas, pedir perdão por si e pela Igreja e entregar-se nas mãos de Jesus Cristo, nosso Advogado junto ao Pai. Nos encontros ecumênicos pensa-se muito em ser gentil, cordial, dar tapinhas nas costas, ter uma convivência polida exteriormente. Isso pode até ser o primeiro passo, mas ainda está longe da vida de profunda comunhão fraterna. Quando há disposição para a conversão, não pode haver complacência e nem indulgência para com nossos erros. Muitos tentam suavizar ou justificar suas próprias falhas. Nada mais hediondo!