A Igreja de Pedro e Paulo, Pe. Paulo Gozzi,SSS
A Igreja de Roma conserva ao longo dos séculos o testemunho vivo do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo, considerados colunas mestras da Igreja de Jesus Cristo. Cristãos que serviram a Igreja nos mais diferentes ministérios e em vários lugares, desde o primeiro século até os dias de hoje, deixaram muitos escritos falando do bispo dessa cidade e do papel que deve desempenhar em relação aos outros bispos da Igreja. A liderança de Roma à frente de outras Igrejas vem dessas duas testemunhas que derramaram ali seu sangue por Cristo. E essa Igreja foi edificada também com o sangue de uma incontável multidão de mártires durante os três primeiros séculos da era cristã.
Pedro é uma grande figura de destaque entre os evangelistas, especialmente Mateus, Lucas e João, onde Jesus transmite a ele uma tarefa especial baseada inteiramente na graça divina, pois também a fraqueza humana de Pedro aparece com grande destaque, necessitando ele de constante conversão. Paulo, exercendo um apostolado bem diferente do de Pedro, também atesta em seus escritos que tudo o que ele fez pela Igreja vem da graça e não de sua própria força: “Quando me sinto fraco, então é que sou forte, pois é na fraqueza que a força de Deus se revela totalmente”, diz ele aos coríntios. Desses dois apóstolos aprendemos que todo e qualquer serviço na Igreja deve ser exercido pela graça de Deus.
O papel do papa como continuador da missão de Pedro e responsável pela comunhão de todas as Igrejas entre si, o primeiro servidor da unidade, nunca foi colocado em dúvida no primeiro milênio da Igreja. À medida que, no segundo milênio, o desempenho desse ministério foi se alterando, ao ponto do serviço ser confundido com poder e dominação, a contestação cresceu e a rejeição ao papa se desenvolveu. Os grupos mais radicais, que desejam viver a fé evangélica de modo simples e puro, chegam a negar totalmente a necessidade de existir qualquer tipo de autoridade humana para que haja Igreja de Cristo. O terceiro milênio deverá ser marcado pelo retorno às origens.
As circunstâncias que levaram à centralização do poder na figura do papa dentro do mundo medieval mudaram completamente. É isso que o Concílio Vaticano II reconhece, demonstrando a necessidade de reforma das estruturas da Igreja. João Paulo II está convencido que o modo do papa agir como primaz universal precisa ser totalmente diferente e surpreende a todos fazendo um pedido inédito: Que os pastores e teólogos de todas as Igrejas e Comunidades cristãs procurem encontrar juntos novas formas que correspondam ao novo contexto vivido pela Igreja no mundo atual. Que o exercício do primado papal “possa realizar um serviço de amor, reconhecido por uns e por outros” (UUS 95).