Na Contramão da História - Pe. Paulo Gozzi, SSS
Todo o século XX foi marcado por um movimento geral de união. Alarmados pela Guerra Mundial, nunca antes acontecida, os líderes organizaram uma Liga de Nações que culminou na ONU (Organização das Nações Unidas). A ditadura, o nazismo, o comunismo, o colonialismo e o imperialismo foram desaparecendo aos poucos. Vimos até onde chegou o fanatismo que leva pessoas e grupos a se julgar melhores do que os outros. Todos os que radicalizam suas idéias e as impõem aos outros, se conseguirem ter poder político, acabam como Hitler, a verdadeira imagem da Besta, o monstro destruidor. Acordamos para o perigo do racismo, do preconceito, da exclusão, da marginalização, da arrogância e da prepotência. Aprendemos que cada povo é diferente, tendo costumes, sistemas políticos, filosofias e religiões diferentes.
E é possível viver a unidade nessa diversidade. Querer impor seu modo de pensamento e de vida é desrespeitar as liberdades e causar revolta. Existem os que não aprendem nunca! Por exemplo: o governo americano ainda insiste em dominar os outros, julgando-se juiz e polícia do mundo. Com isso, provoca ódio, violência e guerras. Mas hipocritamente se diz vítima do terrorismo quando é o causador! Estão na CONTRAMÃO DA HISTÓRIA, isto é, não alimentam união e sim divisão.
Na área religiosa acontece o mesmo. Descobrimos no século XX a importância de respeitar o pluralismo religioso e de dialogar, não para impor nosso ponto de vista, mas para partilhar as riquezas que possuímos de ambos os lados. Nossa Igreja foi a última a aceitar o Ecumenismo, porém, muitos católicos ainda não entenderam bem esse espírito. Numa palavra, é preciso ser humilde para reconhecer que Deus fala também por meio de outras religiões e não só pela nossa. Até o século passado nossos chefes religiosos eram principescos, prepotentes e moralistas. O Concílio Vaticano II veio trazer uma nova visão das coisas, colocando a Igreja Católica na trilha da Unidade para seguir o curso da História e a tendência universal de busca de Paz com todos.
Infelizmente, estamos vendo nos últimos anos aqui no Brasil seitas cristãs que, por oportunismo, dão as costas a essa mão de direção e passam a andar na CONTRAMÃO. Ressuscitam o radicalismo fanático que distribui condenações para todos os lados. Os que não são do seu grupo são idólatras, contaminados pelo mal e possuídos pelo demônio. As seitas pululam por toda parte e alastram-se como fogo. O charlatanismo engana, arranca dinheiro e arrasta muita gente, provocando divisão, dispersão e guerra entre pessoas e famílias inteiras.
Os que se deixam levar têm em geral problemas graves de ordem psíquica, emocional, afetiva, financeira e social. Acompanhando alguns casos tristes de pessoas em crise existencial, que foram manipuladas por “pastores” inescrupulosos, sofreram lavagem cerebral e se fanatizaram, cheguei à conclusão de que essas vítimas da “conversão” precisam na verdade é de tratamento psiquiátrico e os bandidos que cometeram esse crime precisam mesmo é de cadeia. Existe lei para isso? Quem segura essa onda? Pessoas de bom senso, em qualquer área de atividade humana, reconhecem a violência que essas seitas praticam, levando à desumanização das pessoas que foram aliciadas e que são inteiramente manipuladas. E o pior é que vários cristãos verdadeiros, que pertencem a alguma das Igrejas históricas, inclusive a nossa, diante desses fatos, sem saber distinguir entre evangélicos e evangélicos, se fecham ao Ecumenismo e também passam a andar na CONTRAMÃO DA HISTÓRIA...
Pe. Paulo Gozzi, SSS