Ser Católico é ser Ecumênico - Pe. Paulo Gozzi, SSS
A partir do Decreto do Concílio sobre o Ecumenismo “UNITATIS REDINTEGRATIO” (UR), isto é, “A Reintegração da Unidade”, quem não for ecumênico não pode ser católico! O texto diz claramente que “o interesse pelo trabalho de união deve ser de toda a Igreja, tanto dos fiéis como dos pastores, e afeta cada um em particular, conforme sua capacidade, seja na vida cristã de cada dia, seja nas pesquisas da teologia e da história. Essa preocupação já está mostrando que existem ligações fraternas entre os Cristãos, levando aos poucos à completa e perfeita unidade que Deus quer” (UR, 5). Portanto, ninguém pode se dizer católico e ser contra o movimento ecumênico!
E o que é ser ecumênico? É respeitar as outras religiões, não só as cristãs, mas também as não-cristãs. O Ecumenismo é uma espiritualidade, uma mentalidade, um modo de pensar, que acredita na união das pessoas, apesar da variedade e diversidade de idéias. Não é preciso pensar e agir como o outro. Basta respeitar o modo de pensar e ser do outro e exigir o respeito dele. Ser ecumênico não é ser igual, mas saber ser diferente e conviver bem com os outros. Isto não quer dizer que vamos deixar tudo como está, achando que está tudo bem, cada um na sua, não! Há muita coisa que precisa mudar para haver maior união, principalmente entre os cristãos.
O Ecumenismo começa em casa: Primeiro, é preciso ver as diferenças que existem entre nós, católicos. Cada um tem um dom, mas o Espírito é o mesmo. Os talentos diferentes são colocados a serviço do bem de todos. Se todos fossem só da pastoral litúrgica, o que seria da pastoral catequética? Mas todos devem ajudar uns aos outros a melhorar. O Concílio diz: “É muito importante e necessário que os católicos se preocupem com os irmãos cristãos não-católicos, orem por eles, conversem sobre assuntos da Igreja, dando os primeiros passos em direção a eles. Mas, acima de tudo, vejam com atenção e sinceridade tudo o que deve ser renovado e realizado dentro da própria Família Católica. Assim darão com sua vida um testemunho mais fiel e luminoso dos ensinamentos recebidos de Cristo por meio dos Apóstolos” (UR, 4).
Para se aproximar dos irmãos não-católicos, o Concílio começou a reformar tudo, começando pela Liturgia e chegando até ao modo de pensar e explicar a fé (Teologia). As outras Igrejas cristãs, vendo nosso exemplo, começaram também a fazer mudanças internas, valorizando coisas que antes não valorizavam. Valorizando mais a Palavra de Deus, ficamos mais parecidos com eles, que conhecem bem a Bíblia. Valorizando mais a Liturgia, eles ficaram mais parecidos conosco, que temos uma grande riqueza de símbolos litúrgicos. É um grande passo para favorecer a união: mudar tudo o que pode ser mudado. O Concílio diz: “Mantendo a unidade nas coisas necessárias, todas as pessoas na Igreja, de acordo com a função de cada um, têm direito à liberdade, tanto nos vários modos de vida espiritual e de organização, quanto nas diferentes maneiras de celebrar a Liturgia, e até mesmo nas variadas formas de explicar a verdade revelada através da Teologia. Mas, acima de tudo, todos devem ter caridade. E assim irão mostrando aos poucos como a Igreja é universal e apostólica” (UR, 4).
O Espírito Santo faz as religiões caminharem para a Unidade. O progresso dos povos, como dizia Paulo VI, depende do diálogo, do respeito e da convivência fraterna entre os mais diferentes grupos: Deus quer que olhemos para frente, caminhemos na direção da Unidade, dentro de um Pluralismo sadio. Quem vive procurando motivos para incriminar e alimentar preconceitos está na contramão da História. E não falo somente dessas seitas fanáticas que tanto nos agridem: Mesmo dentro da Igreja católica, existem grupos radicais que rejeitam as mudanças, querem tudo como antes do Concílio, tornam-se antiecumênicos e, portanto, já não são mais católicos!