ABRIR OU FECHAR PORTAS- Pe Paulo Gozzi, SSS
No meio da confusão religiosa em que vivemos, surge a necessidade de cada pessoa ou grupo se identificar e mostrar aquilo que acredita ou não. Todos devem saber de modo claro quem é quem no meio desse caos... Mas alguns acham que reafirmar a fé significa provocar, confrontar e brigar com os evangélicos, dizendo que é preciso pagar na mesma moeda, ser agressivo com quem é agressivo. E não possuindo uma visão atualizada da Igreja católica, apegam-se a um modo ultrapassado de falar, reacendendo velhas brigas acontecidas há 500 anos entre Cristãos de várias facções. Por ignorância ou por conveniência, deixam de lado os avanços teológicos consagrados pelo Concílio Vaticano II, que tanto nos aproximam dos outros cristãos, e usam uma linguagem atrasada e retrógrada.
Com isso, as portas do ecumenismo, que mal começaram a se abrir, já estão sendo fechadas. Isso é antiecumenismo! O Concílio diz: “O jeito de apresentar a fé católica não pode de modo algum se tornar um obstáculo que dificulta o diálogo ecumênico. A doutrina deve ser apresentada de modo completo e claro. Nada é tão contra o ecumenismo do que fingir que tudo está bem, escondendo o sentido verdadeiro da doutrina católica. Não podemos nem esconder e nem diminuir a importância das coisas em que acreditamos. O modo de explicar precisa ser profundo e correto, usando palavras que não deixem dúvidas, para que nossos irmãos em Cristo possam compreender tudo de verdade” (UR,11). Para ser ecumênico, o católico tem muito que aprender. Além de atualizar o seu modo de falar, é preciso saber que há uma ordem de importância nas coisas que acredita. Às vezes se dá mais valor para coisas que têm menos valor, ou então, põe-se tudo em pé de igualdade. Existem doutrinas fundamentais e doutrinas secundárias, que são desdobramento das verdades essenciais. Se formos comparar a doutrina católica com a doutrina protestante, vamos descobrir que estamos unidos justamente nas coisas essenciais da fé e estamos divididos nas coisas secundárias, nos detalhes.
Basta ver no quê esses “crentes” arrogantes e bocudos atacam os católicos: uso de imagens, devoção e invocação à Santíssima Virgem e aos Santos, oração pelos mortos, aparições, uso de símbolos cristãos como cruz, medalhas e escapulário, devoções piedosas como terço, novenas, orações a Santos para cada necessidade etc. Essas coisas são totalmente secundárias, não fundamentais para a fé e nem necessárias para a salvação: Não somos obrigados a acreditar, praticar ou usar. São apenas costumes e particularidades de nossa Igreja, riquezas da criatividade ascética e mística na busca de uma santidade maior, adaptadas a todos os gostos e níveis de pessoas. Eles não têm o direito de nos atacar! Exigimos respeito, assim como nós também os respeitamos e não impomos a eles essas coisas... Eles nunca irão nos acusar por crermos no Deus Uno e Trino, na Encarnação do Verbo, no Sacrifício redentor da Cruz, na Ressurreição de Jesus, na importância da Igreja, na conversão, no Batismo, na Eucaristia e na Vida eterna, porque acreditam também nessas mesmas coisas fundamentais para a fé cristã. Já é hora de aprender que não se deve perder tempo em discussões bobas de coisas pequenas, detalhes, costumes.
Eu estou sempre dizendo que nós católicos temos coisas demais e eles têm coisas de menos. Vamos ver o que é importante e o que não é, deixando a liberdade de cada pessoa ou grupo fazer ou não isso ou aquilo. Diferenças não dividem as pessoas, pelo contrário, enriquecem e fazem com que admiremos a variedade de dons que o Espírito concede a cada um: “É desse jeito que vai se abrir o caminho que estimula todas as pessoas a conhecer bem as imensas riquezas de Cristo e como elas podem ser mostradas de maneira clara” (UR, 11). O momento é de diálogo, de cooperação, de testemunho e trabalho conjunto, não de brigas e rivalidades: “Através da cooperação, todos os Cristãos aprendem a se conhecer melhor de modo mais fácil, a se amar e a abrir o caminho para a unidade dos Cristãos” (UR, 12).