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RETORNO À CASA PATERNA - Pe. Paulo Gozzi, SSS

Por: Família Missionária

É incrível a desinformação e a ignorância dos católicos sobre a união dos cristãos. Um padre me disse que a Igreja Católica é a Casa do Pai, os outros cristãos são filhos que saíram de casa, e precisam voltar se quiserem pertencer de novo à Igreja. Essa é uma ideia superada. De fato, antes de existir uma teologia ecumênica, havia essa idéia da volta. O próprio João XXIII afirmava: “Acolhemos de braços abertos todos os que quiserem voltar!” Mas antes era preciso reformar a Igreja, pôr a casa em ordem, torná-la mais atraente para receber de volta os irmãos. Essa foi uma primeira idéia, pois, não sabíamos que eles sempre fizeram parte da Igreja e que, por isso, não precisariam voltar! Como pode voltar para dentro de casa quem nunca saiu? O documento oficial sobre o Ecumenismo, aprovado pelos bispos no Concílio, após muitas discussões teológicas, em nenhum momento fala de volta de ninguém para lugar nenhum! Basta ler e veremos uma teologia ecumênica que, mesmo sendo nova, não fala de volta. Fala apenas de comunhão. Cinquenta anos depois, os estudos teológicos amadureceram bastante. Nós somos Igreja, eles são Igreja, e uma Igreja deve entrar em plena comunhão com a outra. Uma não vai entrar dentro da outra e desaparecer, perdendo a identidade, mas ambas vão se dar as mãos, eliminando somente as diferenças mais graves e entrando em comunhão. Com a Igreja Oriental tudo parece mais simples e fácil: a grande barreira é a cultura. Deve-se derrubar esse muro, pois, há uma aceitação mútua da teologia, dos sacramentos, da disciplina etc. O maior problema para os Orientais ainda é a maneira como o Bispo de Roma (o papa) exerce o seu ministério de unidade. Quanto às Igrejas e Comunidades que se separaram no lado ocidental, a situação é outra: Não há barreiras culturais, pelo contrário, nossos costumes são parecidos. As divergências são profundas e graves em todos os aspectos, menos no cultural. “Essas Igrejas e Comunidades eclesiais são bem diferentes tanto na origem como na vida espiritual e nas doutrinas que professam. Não são apenas diferentes de nós, mas também são diferentes entre elas” (UR, 19). O modo diferente de interpretar a verdade revelada é que não pode ser aceito. Cada um desenvolveu sua própria teologia. O isolamento fez com que as divergências se aprofundassem. Nunca mais houve diálogo sincero entre nós, somente acusações mútuas. A solução não é a volta e nem aceitar a interpretação doutrinária do outro, renunciando à própria interpretação. A solução é o DIÁLOGO permanente, paciente e caridoso, buscando palavras adequadas que tenham o mesmo sentido para um e para outro, fazendo uma teologia em conjunto, superando as divergências sérias. Comparando os protestantes com nossa Igreja, o Concílio diz: “Sabemos que há grandes diferenças na doutrina da Igreja católica sobre Cristo, Palavra de Deus encarnada, sobre a obra da redenção, sobre o mistério e o ministério da Igreja e sobre o papel de Maria na obra da salvação. Ficamos contentes ao ver que nossos irmãos buscam a Cristo como fonte e centro da comunhão eclesiástica. Desejando a união com Cristo são levados sempre mais a buscar a unidade, dando testemunho de sua fé entre os povos” (UR, 20). A maior qualidade que o Concílio elogia nos protestantes é o profundo amor pela Bíblia que os leva “a estudá-la sempre e com muito cuidado... Procuram a Deus na Bíblia, invocando o Espírito Santo, que lhes fala em Cristo, já anunciado pelos profetas, Palavra de Deus feita carne por nós. Na Escritura admiram a vida de Cristo e aquilo que ele ensinou e realizou para a salvação de todos, especialmente o mistério de sua morte e ressurreição... A Sagrada Escritura é um ótimo instrumento de diálogo na poderosa mão de Deus, para alcançar aquela unidade que o Salvador quer e mostra a todos” (UR, 21). Aprendamos também a valorizar o que eles têm de bom, de santo e verdadeiro para facilitar nossa caminhada para a união com eles no futuro próximo.

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