FÉ E SACRAMENTOS - Pe. Paulo Gozzi, SSS
Quando alguém crê no amor do Pai, que nos envia seu Filho, logo quer associar-se a outros que também aceitaram a mesma salvação oferecida. Isso significa incorporação: fazer parte de um corpo, o Corpo de Cristo. Sendo humanos, precisamos de sinais que representem o que está no coração. O sinal de nossa incorporação a Cristo é o Batismo, entrada no seu Corpo que é a Igreja. Sacramento é sinal de fé. O Batismo nos lava e nos tira do mundo velho, fazendo-nos viver o mundo novo. É um renascimento! Assim, Sacramento só tem sentido se expressar a Fé em Jesus Cristo.
Para ter valor, o Batismo deve ser feito em nome da Ssma. Trindade, dando um nome que identifica o novo membro da Igreja. Aceitamos o batismo de todos os que invocam o Deus Uno e Trino e crêem na Redenção de Cristo, isto é, Ortodoxos, Anglicanos e Protestantes em geral. O Batismo mostra que nós, católicos, estamos unidos a eles. Já existe COMUNHÃO entre nós e eles. O Concílio dá o nome de Comunidades Eclesiais a todos os grupos cristãos que não possuem o Sacramento da Ordem. Comunidades Eclesiais significam “comunidades que pertencem à Igreja de Jesus Cristo”. Já os grupos ortodoxos, anglicanos e luteranos escandinavos são chamados de IGREJAS, porque possuem o Sacramento da Ordem.
Por que esse Sacramento faz a diferença entre Igreja e Comunidade? Porque, desde o início, para autorizar ministros a presidir a comunidade, pregar e santificar por meio dos sacramentos, os Apóstolos e seus sucessores, os Bispos, impunham as mãos sobre alguém escolhido pela comunidade, invocando o Espírito Santo. Essa Ordem tem três graus de serviço: Diácono, Presbítero e Bispo. O bispo é a Cabeça visível do Corpo da Igreja, representando a Cabeça invisível que é Cristo. Sempre foi assim: onde há um bispo a Igreja é completa. Mesmo que os bispos estejam visivelmente separados entre si, a Igreja continua completa e unida, mas só espiritualmente. O que queremos é que essa unidade espiritual seja também material, para poder ser vista pelo mundo. Onde não há bispo a Igreja é incompleta, é apenas uma parcela, uma comunidade ligada à Igreja, que chamamos de Comunidade Eclesial. Mesmo sendo incompletas essas Comunidades celebram sacramentos e eles têm o seu próprio valor. Vejamos o que diz o Concílio:
“Mesmo que as Comunidades eclesiais separadas de nós tenham unidade conosco por causa do Batismo que realizam, essa unidade não é ainda completa. Acreditamos que essas Comunidades não tenham conservado inteiramente a essência original do Mistério Eucarístico, principalmente por faltar nelas o Sacramento da Ordem. Ainda assim, quando fazem memória da Morte e Ressurreição do Senhor durante a Santa Ceia, elas proclamam que aquele ato significa a vida de comunhão íntima com Cristo, enquanto esperam a sua vinda gloriosa” (UR, 22).
Para a fé ser completa é preciso que ela se manifeste por sinais completos. Não basta unidade espiritual, é preciso um sinal exterior, deve-se sacramentar visivelmente. O principal é a união com Cristo, claro! A união com os irmãos é secundária, mas necessária, para mostrar ao mundo que Cristo veio para dar Vida, União e Amor a todos. Reconhecemos que os não-católicos são cristãos: “Nossos irmãos alimentam sua vida cristã pela fé em Cristo. O Batismo que receberam e a Palavra de Deus que ouviram lhes dão uma grande força espiritual. É assim que demonstram ter vida cristã: fazendo oração e meditação bíblica em particular, vivendo os valores da família e participando do culto para o louvor de Deus junto com a comunidade reunida. Aliás, podemos verificar nesse culto muitas coisas que são da liturgia antiga quando todos éramos unidos” (UR, 23).