Dinâmica: Decorando Velas – Experiência Profunda de Deus - Rosabel De Chiaro e Sonia Biffi
Dentro do espírito da Páscoa a experiência profunda de Deus nos convida e nos convoca a ir além: da morte para a vida, da nossa dor para a dor do outro... Do contemplar para ser, agir, realizar. Tudo reflete o sentido da vida proposta por Jesus que para nós brota do caminho de fé para dar sentido à própria vida nossa e de cada um.
Lembra a responsabilidade do homem pela vida, não por sua força ou amor, mas pelo dom que o Pai lhe concedeu: “Onde está Abel, teu irmão?”: “Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?” (Gn. 4,9) Sim, todo homem é “guarda do seu irmão”, porque Deus confia o homem ao homem.” (EV 19)
Tempo: 90’
Ambiente: propício à acomodação dos participantes em torno de uma mesa, sentados. Local: o mais próximo possível da Capela.
Material: para cada participante: velas adequadas para receber efeitos decorativos, impressos indicados (modelos em anexo). Para o grupo: Regra impressa (modelo anexo), cola, tesoura, artigos próprios para enfeitar velas, fósforo, uma vela maior (Luz de Jesus) e uma bandeja.
Objetivo: “Servem a Cristo aqueles que não procuram seus próprios interesses, mas os de Jesus Cristo. É isto que quer dizer ‘segue-me’: caminha por meus caminhos, não pelos teus”. (S. Agostinho, In Ioh. 51, 12)
- convidá-los a um momento de interiorização;
- através de uma experiência de oração, sinalizar seu interior, levando-os a dar-se conta de sua essência humana, na qual habita o mistério;
- facilitando o encontro de cada um consigo mesmo e com Jesus – pelo mergulho interior, dar-se conta da sua existência de criatura humana, que busca seu Criador;
- motivando e estimulando o exercício da oração pessoal e comunitária para aprofundar a relação com Deus e fundamentar a solidez da vida comunitária e dos projetos pastorais;
Estratégia: 1º momento: 10’
Acomodar o grupo em torno da mesa indicada onde todo o material já deve estar disposto. Se necessário sugerir uma breve apresentação dos participantes: nome, comunidade a que pertence, local.
Convidá-los a realizar um trabalho manual: decorar velas.
Orientar: “nosso trabalho vai estar condicionado à Regra determinada, que será lida e anexada à vista de todos. É fundamental segui-la.” Ler a Regra de forma clara, repetir se preciso. Em seguida deixá-la sobre a mesa ou em lugar visível.
2º momento: 10’
Distribuir os impressos: a proposta e o cartão oferta. Convidá-los a iniciar. Ligar o som, música suave e volume baixo.
Explicar o que julgar necessário e acompanhar discretamente até que terminem.
3º momento: 25
Apresentar o material e convidá-los a iniciar. Motivá-los a escolher os materiais que desejarem e auxiliá-los no que for necessário.
Deixá-los à vontade, promovendo um ambiente descontraído. Controlar o tempo.
Ao término, solicitar a ajuda de todos para guardar o material restante e convidá-los à Capela. Cada um leva a sua vela.
4º momento: refletir: 20’
Na Capela, sobre o altar, acomodar: a bandeja, sobre ela, no centro, colocar a vela grande, que deve ser acesa com antecedência, representa a Luz de Cristo.
- Convidá-los a entrar na Capela. Propor que coloquem suas velas na bandeja, em volta da vela maior que simboliza a Luz de Jesus e, em seguida, se acomodem sentados, onde desejarem.
- Distribuir o texto impresso: “Orando à Luz da chama de Jesus” solicitar que leiam e reflitam em silêncio. Se possível, colocar o som, volume baixo, música suave.
- Acompanhar de maneira discreta. Ao término do momento de reflexão pessoal, convidá-los a se reunir em volta do altar. Pedir que cada um acenda a sua vela na chama daquela que representa a Luz de Jesus e retorne ao seu lugar.
- Propor então que se deem as mãos e deixar em aberto a quem desejar um espaço e um momento para que faça uma oração espontânea. Aguardar, mas caso não haja manifestação, o dirigente deve fazê-lo.
- Encerrar o momento com a oração do Pai Nosso, sugerindo a seguir, que todos receberam a Luz de Jesus, vamos agora apagar as velas para embelezar com a nossa própria vida a vida de tantas pessoas que cruzam nossos caminhos.
5 º momento: 15’
Ainda na Capela, distribuir o texto de apoio 2, solicitar que se acomodem próximos uns dos outros, que leiam e reflitam o texto recebido.
Em seguida convidá-los a conversar propondo algumas questões:
- qual a relação do que vivemos com o texto que acabamos de ler?
- na dinâmica do nosso dia a dia temos a mesma oportunidade de reflexão?
- fazemos caridade impulsionados pelo momento ou por amor ao próximo?
- associando as Regras aqui utilizadas com as que estabelecemos em nossa convivência comunitária, vamos questionar: elas são necessárias ou não? Por quê?
- a proposta que recebemos nos orientou a fazer uma escolha. Em nossa caminhada como igreja, em nossos trabalhos pastorais, o que orienta nossas escolhas ao serviço e a missão?
- de que maneira nosso espírito missionário, de amor ao próximo, nosso irmão, tem contribuído, também, para a promoção e divulgação da Igreja? Em nosso ser cristão, transparece nosso ser Igreja?
- interioridade/oração – é caminho para viver o núcleo do evangelho => como temos vivenciado isso em nossas comunidades?
- projetos pastorais => meios de servir a humanidade. Hoje, quais os projetos mais urgentes?
- Como poderíamos concluir nossa reflexão? Deixá-los à vontade.
6º momento: 10 minutos
Abrir espaço para manifestações.
Concluir. Agradecer a participação de todos.
Do livro: Família e Vida – Caminho = Vocação – Missão – dinâmicas e Vivencias, de Sonia Biffi e Rosabel de Chiaro – Ed. Paulus.
Dinâmica: Decorando Velas – Experiência profunda de Deus
Modelo sugestão material
Imprimir uma só cópia. Utilizar conforme indicação.
Regras de Convivência
1ª - não esquecer que aqui nos reunimos em nome de Deus, a Sua presença e o Seu Espírito vão iluminar nosso coração, direcionar nossas ações e nos dar sabedoria para tudo realizar conforme a Sua vontade;
2ª - tudo é de todos, todos dispõem do material apresentado;
3ª - todos partilharão o espaço indicado para o trabalho, o material disponível e até a criatividade, mas cada um deve executar a sua tarefa, cumprir a sua missão, ou seja, decorar a sua vela;
4ª- todos se comprometem a manter durante o trabalho, um espírito de alegria, entusiasmo, companheirismo e serenidade;
5ª - o resultado do trabalho não nos pertence, o que cada um fizer, fará destinado a alguém. Participamos de uma comunidade, seja de família, de trabalho, de Igreja, e como tal participamos de um mundo, uma sociedade. Estamos constantemente em contato com o ser humano, com suas fragilidades e necessidades. É para este ser humano que vamos dirigir nosso olhar interior, vamos senti-lo no nosso espírito;
6ª - para isso, mesmo em clima de alegria e descontração, vamos manter o espírito de oração. Vamos orar sempre: antes, durante e depois de executar nossa tarefa, para que tudo se realize no caminho que Deus nos propuser e não pelo nosso.
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Modelo sugestão Cartão oferta (presente) Confeccioná-lo com criatividade, xerocar a quantidade necessária, recortar e distribuir ou adquiri-los nas papelarias.
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Modelo sugestão Proposta.
Imprimir, recortar, distribuir. Uma cópia para cada participante.
Proposta: ler, orar interiormente, definir sua escolha, para então realizar.
Olhando o mundo que nos cerca nos deparamos com uma série de calamidades: crianças abandonadas; pessoas carentes, com fome de pão e de vida; idosos desprezados e esquecidos; pessoas inseguras, carentes de afeto, de valorização, de fé; adultos imaturos, presos ao seu ego; famílias perdidas no cotidiano das lutas, do desencontro pessoal, do desemprego, prisioneiros da violência, da droga, da prostituição facilitada, jovens, pessoas sem lares e lares sem respeito às pessoas; gente doente de corpo e de alma, fragilizada, ferida e enfraquecida... Você conhece uma delas ou apenas as assiste em reportagens na mídia? Não importa...
Pare... Ore... E reflita, há tantos outros que talvez não foram citados. Qual você escolheria para dedicar a vela que vai decorar? Ore e então escolha e concentre-se nessa pessoa. Sinta-a no seu coração, perceba o que deseja lhe oferecer. Sabe seu nome? Escreva-o no cartão oferta que está com você. Assim vai destinar-lhe o seu presente. Porém, se não sabe, cite apenas um detalhe: se é jovem, criança, homem, mulher, idoso e acrescente a situação que ora vive. Coloque seu nome, pois a vela será de você para... Depois, guarde seu cartão oferta para o momento oportuno.
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Impresso texto de apoio 1 – uma cópia para cada participante.
Orando à Luz da chama de Jesus
Senhor, coloquei a Teu lado aquela simples vela, que busquei tornar, com minhas mãos, um pouco mais bela. Acolhe-a com a Tua misericórdia e aquece-a com a chama do Teu amor. É fruto do meu trabalho. Na verdade, o realizei não pela tarefa que me foi imposta, mas... pela intenção de dedicar meu esforço a quem meu coração desejou e, decididamente, escolheu para ofertá-lo. A partir de então, tocá-la era como tocar uma identidade já nela contida. Por isso, desejava “o mundo” para adorná-la dignamente, e revelar, em cada detalhe, a história e os sentimentos do momento que o meu coração vivia. Porém, minhas limitações sufocaram alguns de meus atos, muito mais que as próprias regras que aquele convívio momentâneo propunha.
Senti-me chamado a me desprender do meu limite e do meu saber para compartilhar todo o meu ser. A regra, Senhor, sugeria a partilha, solicitava a comunhão de gestos, pessoas e posses. Mas o momento exigia espiritualidade na ação e intenção profunda na realização. Afinal, não era uma vela qualquer, possuía uma identidade, era aquela que eu já havia destinado a alguém, enfeitando-a, muito mais com o meu coração, antes mesmo de tocá-la com minhas mãos.
Agora Senhor, ela contém parte de mim e de todos os outros que comigo a vivenciaram. É mais uma memória, que o tempo jamais apagará da minha humana história, que unida a tantas outras, se coloca a Teu lado para penetrar os mistérios da fé e celebrar em Ti, que és Caminho, os passos e os caminhos de tantas vidas.
Acolhe Senhor, esta vida que depositei em Teu altar, ilumina-a com a Luz que és e espalhas. Percebe que embelezei seu exterior para tentar resgatar sua essência, seu interior? Preciso de Ti para concluir minha obra. Hoje, me deste uma só delas, que devolvo a Ti, marcada com a minha resposta, mas lá fora, há tantas outras que, fragilizadas e feridas, cruzam, continuamente, meu caminho.
“Conhecemos todas as sedes, todas as fadigas da vida. Cuida para que em Ti, encontremos o apaziguamento”. (Sto. Agostinho – Sl.62)
Que, pela Tua graça, jamais se enfraqueça a Luz que em nós acendeste, que ela brilhe sempre para tornar-Te Presença, Verdade, Caminho e Vida em cada vida, aqui, neste mundo.
Que assim seja Senhor...
Texto: Rosabel De Chiaro, baseado e inspirado nos livros:
Santo Agostinho – Confissões, (tradução: Maria Luiza Jardim) – Ed. Paulus – 9ª ed. 1984 – SP
Da Ceia ao Pai Nosso – para orar os passos da Paixão – R. Paiva, SJ – Ed. Loyola, São Paulo, 1996
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Impresso texto de apoio 2 – uma cópia para cada participante.
A Responsabilidade do Homem pela Vida: “a cada um pedirei contas de seu irmão”
“ onde está Abel, teu irmão?” : “Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?” (Gn 4,9)
Sim, todo homem é “guarda do seu irmão”, porque Deus confia o homem ao homem. E é tendo em vista tal entrega que Deus dá a cada homem a liberdade, que possui uma dimensão relacional essencial. Trata-se de um grande Dom do Criador, quando colocada como deve ser a serviço da pessoa e de sua realização mediante o Dom de si e o acolhimento do outro; quando, pelo contrário, é absolutizada... fica esvaziada do seu conteúdo originário e contestada na sua própria vocação e dignidade...
Todas as vezes que a razão humana querendo emancipar-se... se fecha às evidências de uma verdade objetiva e comum... acaba por assumir como única referência as próprias decisões, não a verdade sobre o bem e o mal, mas apenas a sua opinião, o seu interesse egoísta e o seu capricho.
É necessário chegar ao coração do drama vivido pelo homem contemporâneo: o eclipse do sentido de Deus e do homem... perdendo o sentido de Deus, tende-se a perder também o sentido do homem, da sua dignidade e da sua vida... Sem o Criador, a criatura não subsiste... deixa de considerar a vida como Dom esplêndido de Deus, uma realidade ‘sagrada’ confiada à sua responsabilidade e, consequentemente, à sua amorosa defesa, à sua ‘veneração’
... É no íntimo da consciência moral que se consuma o eclipse do sentido de Deus e do homem, com todas as suas múltiplas e funestas consequências sobre a vida. Em questão está, antes de mais, a consciência de cada pessoa, onde, na sua unicidade e irrepetibilidade, se encontra a sós com Deus...
A consciência moral, tanto do indivíduo como da sociedade, está hoje – ... – exposta a um perigo gravíssimo e mortal: o perigo da confusão entre o bem e o mal, precisamente no que se refere ao fundamental direito à vida...
Vivendo como se Deus não existisse, o homem perde o sentido não só do mistério de Deus, mas também do mistério do mundo, e do mistério do seu próprio ser. Uma vez excluída a referência a Deus, não surpreende que o sentido de todas as coisas resulte profundamente deformado... a chamada qualidade de vida é interpretada sobretudo, como: eficiência econômica, consumismo desenfreado, beleza e prazer da vida física esquecendo as dimensões mais profundas da existência, como são as interpessoais, espirituais e religiosas.
Mas todos esses condicionamentos... não conseguem sufocar a voz do Senhor, que ressoa na consciência de cada homem: é deste sacrário íntimo que se pode recomeçar um novo caminho de amor, de acolhimento e de serviço à vida humana.
Não é só a voz do sangue de Abel a gritar por Deus, fonte e defensor da vida. Também o sangue de todos os outros homens... De uma forma absolutamente única, porém, grita a Deus a voz do sangue de Cristo... É deste sangue, na eucaristia, que todos os homens recebem a força para se empenharem a favor da vida...
Evangelho da Vida (19-26)