Dinâmica: Modelando - Rosabel De Chiaro e Sonia Biffi
“Modelando” vem propor um refletir consciente do papel do “ser pai/ser mãe” indo além para facilitar a compreensão primária do sentido de “dar a vida” e assumi-la em toda a sua dimensão, aos nossos próprios olhos e aos olhos de Deus. Assim, prosseguimos com nosso tema: Famílias. Para os que irão iniciar seu projeto de vida a dois – uma perspectiva a refletir. Para os que já se encontram nessa caminhada – uma possibilidade de avaliar e reavaliar seus passos.
Tempo: 90 minutos
Material para cada casal: argila ou massa de modelar, uma bandeja pequena para acomodar a modelagem, texto de apoio impresso, ¼ de folhas sulfite e canetas.
Ambiente: providenciar mesas e cadeiras para facilitar a execução da proposta.
Objetivo: convidá-los a refletir quanto à expectativa de cada um relativa a seus filhos e/ou futuros filhos:
- propondo um diálogo a respeito:
a) do perfil físico de seus filhos, por exemplo: sexo, características hereditárias (físicas e/ou emocionais, de cada um);
b) do número de filhos;
c) do perfil psicológico;
d) da escolha de nomes etc.
- Experimentando, pelo exercício da modelagem, as possibilidades e dificuldades de modelar uma realidade. Dividindo, na execução dessa obra, a realização e/ou frustração do resultado;
- “botando a mão na massa”, convidá-los a refletir sobre a responsabilidade e o compromisso de gerar, criar e educar. Motivando-os a relacionar, durante a modelagem, os vários aspectos que envolvem a missão da paternidade: as de ordem física, psicológica e espiritual.
Estratégia: 1ª etapa: 15 minutos
Convidá-los a participar de um trabalho em grupo. Orientar:
Propor que cada casal fazendo uso da argila/massa crie seu projeto de “ser pai, ser mãe”, modelando juntos os filhos que têm ou pretendem ter. Não importa se esse projeto é para um futuro distante, nem mesmo se já está realizado ou se realizando. A proposta é:
- projetar nessa modelagem as características ideais do/a filho/a como vocês a encaram no seu exercício de “ser pai, ser mãe”;
- distribuir o material. Sugerir que cada casal se acomode de forma a manter sua privacidade.
2ª Etapa: 20 minutos:
Execução. Deixá-los à vontade.
O animador deverá observar sem interferir.
Controlar o tempo.
3ª Etapa: 20 minutos:
O animador propõe que cada casal compartilhe a experiência vivida: apresente seu/sua/s filho/a/s ao grupo e comente: como foi modelá-lo/s, as dificuldades e afinidades que sentiram; os desafios para modelar o que pretendiam; as imagens, pensamentos, sonhos, medos e preocupações que ocorreram durante o exercício.
4ª Etapa: 30 minutos - Refletir
Distribuir o texto de apoio 1, propor que leiam em silêncio e reflitam. Em seguida, motivá-los com perguntas:
- O que esse texto tem a ver com nossa experiência de pais? Como nos sentimos realizando o exercício? Como nos sentimos na concepção e geração de nossos filhos?
- O que mais nos emociona: sermos os pais biológicos ou sermos escolhidos por Deus para “dar a vida e cuidar de uma pessoa?”. O que pode significar a expressão: “dar a vida”?
- Na experiência vivida: “modelar”, sentimos dificuldades para retratar na massa tudo que ‘sonhamos ou idealizamos’ para os filhos; qual a associação que podemos fazer com a realidade?
- Ampliando essa associação para o mundo, lá fora, quais os sonhos que outras famílias gostariam de realizar em relação aos filhos?
- Como membros de uma comunidade cristã, de que maneira, temos contribuído para promover e ou aprimorar esse compromisso de “cuidar da vida”;
- Em nossos trabalhos pastorais como temos “cuidado” daquela vida cuja ‘modelagem’ resultou imperfeita aos nossos olhos? O que nos sugere a expressão “modelagem imperfeita”?
5º. Momento: 15 minutos
Distribuir o texto de apoio 2, sugerir que leiam e reflitam.
Em seguida abrir para manifestações, motivar:
- dos textos que refletimos, qual deles nos tocou mais? Por quê?
- convidá-los a levar “sua obra”, “seu/sua filho/a” para casa, não só como lembrança de seu compromisso como pais ou como recordação, mas, sobretudo, para que possam aproveitar a oportunidade de partilhar e compartilhar em família, na família, com seus filhos, a experiência vivida.
- agradecer a participar de todos, encerrar como o grupo desejar.
Do livro: Família e Vida, Caminho, Vocação e Missão – Sonia Biffi e Rosabel de Chiaro – Ed. Paulus, 2007.
Texto de apoio 1 - OS FILHOS - DOM PRECIOSÍSSIMO DO MATRIMÔNIO
...“quando transmitem a vida ao filho, um novo “tu” humano se insere na órbita do “nós” dos cônjuges, uma pessoa que eles chamarão com um nome novo: nosso(a) filho(a)... ‘Gerei um homem com o auxílio do Senhor (Gn4,1) ‘também o novo ser humano é chamado à existência como pessoa, é chamado à vida ‘na verdade e no amor’... Deus entrega o homem a si mesmo, confiando-o à família e à sociedade, como sua tarefa. (Carta às Famílias)”
“A família tem a ver com os seus membros durante toda a existência de cada um, desde o nascimento até a morte. Ela é verdadeiramente ‘o santuário da vida’, onde a vida, Dom de Deus pode e deve ser acolhida e protegida...” (EV 92)
Texto de apoio 2 – OS FILHOS/OS PAIS – NA BÍBLIA
(Comentários Bíblia Ed. Pastoral ref. Textos bíblicos citados abaixo.)
“... O ponto mais alto da criação é a humanidade, homem e mulher, ambos criados à imagem e semelhança de Deus. E a humanidade é chamada a dominar e transformar o universo, participando da obra da criação.” Gn. 1,28
Chamados a participar da obra da criação, homem e mulher, carregam em sua vocação para a vida a dois, o anseio de gerar seus filhos, dedicar-lhes seu amor, ser família. Constituídos da humanidade que lhes é característica, percebem o mundo que os cerca e sentem-se comprometidos com a sua realidade. Assim, não só colaboram com Deus gerando vida, mas também possibilitando que esta vida encontre ambiente, meios e condições para desabrochar plenamente.
“Na perspectiva dos antigos, a história é uma sucessão de gerações, de modo que contar a história, é contar a história das famílias.” Gn. 5,3
“A maior bênção de Deus são os filhos, que prolongam a vida e o nome da família. É através deles que a história continua, gerando vida nova.” Sl. 127,3
“Mostra que a honra é devida em primeiro lugar aos pais, e não aos poderes do Estado ou de qualquer outra autoridade. Por outro lado, a vida e a liberdade dependem do respeito aos pais, que são a fonte da vida.” Ex. 20,12
“A vida é uma renovação total das relações, onde o respeito é devido a todos: os pais também devem respeitar os filhos.” Ef. 6,4
“Paulo aplica às relações humanas o princípio enunciado: fazer tudo ‘em nome do Senhor Jesus’... prega uma única moral a todos (homem, mulher, crianças, adultos, senhores e escravos) todos devem ser respeitosos com os outros... é um passo para que se reconheça a igualdade dos direitos entre homens e para que aconteçam importantes transformações sociais.” Cl. 3,20-21
“É um comentário ao 4º mandamento do decálogo. O respeito e o cuidado para com os pais preservam a consciência viva da identidade de um povo.” Eclo. 3,5
“Conselhos gerais sobre a vida familiar.” Eclo. 7,23
“... Os antigos valorizavam muito a disciplina rígida, para que os filhos se tornassem espelho dos pais. Hoje sabemos que é necessário fazer os filhos descobrirem a si mesmos, desenvolvendo o seu próprio potencial, a fim de que sejam capazes de responder a questões novas e dar novas respostas a questões antigas.” Eclo. 30, 2.7
“Recebi a palavra de Javé que me dizia: ‘antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você um profeta das nações.” Jr. 1, 4-5
Assim, toda criatura é oriunda do amor e do poder de Deus, que a conhece antes e acima de qualquer conhecimento humano, a consagra e a destina a realizar Seu plano. Assim, os filhos são criaturas consagradas, ou seja, sagradas aos olhos de Deus, que, ao consagrá-los, prepara-os para que possam cumprir sua missão e seu papel no mundo, segundo Seu plano. Cabe aos pais, colaboradores de Deus, acolher e assumir essa vida que lhes é destinada, com a mesma dimensão sagrada, protegendo-a e formando-a para que nela se concretize o plano de Deus. (nota das autoras).