Cadastre-se para receber novidades
Dinâmicas para grupo » Outras Dinâmicas » Outras Dinâmicas » Outras Dinâmicas » Dinâmica: Laços de Ternura - R...
A↑AA↓

Dinâmica: Laços de Ternura - Rosabel De Chiaro e Sonia Biffi

Por: Família Missionária

“Laços de Ternura” vem propor um refletir consciente do papel da família diante da pessoa do/a idoso/a. Trabalhando os sentimentos que envolvem a relação avós/netos (as) estende essa reflexão a todos os familiares, bem como às comunidades. Questiona a inter-relação filhos/pais idosos como também leva ao próprio idoso um convite a refletir no seu jeito de ser e estar em família, com a família. Traz uma mensagem de otimismo e carinho do Papa João Paulo II refletindo o amor do Pai para com os idosos e seus familiares. Mais uma das tantas missões da família, assumi-la em toda a sua dimensão, aos nossos próprios olhos e aos olhos de Deus é uma bênção e uma graça para a vida da família.

Objetivo: trabalhar os sentimentos que envolvem a relação avós/netos (as) e vice versa, estendendo-a, consequentemente, para além do universo familiar biológico;

- utilizando o recurso de uma história sobre o tema avós/netos (as) para despertar lembranças, memórias, afetos, sentimentos valiosos, enfim, laços de ternura específicos de tal relação;

- valendo-se desse despertar para mobilizar a valoração das pessoas na história pessoal e no universo de cada um, bem como, a importância dos laços afetivos como um exercício estimulado e vivenciado pelos pais como exemplo de vida;

- propondo, através da atividade, um exercício mais assíduo da afetividade entre os familiares em questão para reforçar e curtir os laços de ternura que os unem;

- criando a oportunidade de troca de experiências, refletindo sobre conceitos, valores, sentimentos, esperanças e ideias para cultivar, com criatividade e sucesso, tais laços;

- viabilizando, pela troca, a conscientização do que é “comum” no universo familiar, quanto às possibilidades e dificuldades, quanto aos esforços de cada um para a realização harmoniosa dos laços familiares.

Tempo: 90’

Material: p/c/participante: folhas de papel sulfite e canetas esferográficas; texto de apoio anexo, impresso. P/o grupo: sugestão de história do livro: Menina Nina, (de Ziraldo Alves Pinto, Ed. Melhoramentos) 4 folhas de papel cartolina, furador, barbante, cola, tesouras, lápis, lápis de cera, canetas hidrocor.

O livro relata a história da relação da menina Nina com seu avô, que vem a falecer. O sentimento de perda é ressaltado até para valorizar a importância do relacionamento e da troca, do exercício de afeto e ternura familiar, em vida.

Obs. Opção sobre a história – sugerir que cada um relembre fatos e histórias vividas com seus avós, ou seja, cada um anotara sua própria história de relações avós/neto (a).

Estratégia: 1º momento: 10’

Convidá-los a participar de um trabalho, realizando uma tarefa.

No caso de optar pelo uso do livro: Menina Nina:

 - distribuir as folhas sulfite, lápis/caneta e orientar:

- vamos ler a história da Menina Nina com calma, percebendo seus detalhes e enfoques;

- quem desejar pode anotar os valores, os sentimentos etc., contidos na história;

- abrir para que um voluntário faça a leitura em voz pausada e clara.

Ao término provocar alguns comentários a respeito da história para fixar os sentimentos expostos nos laços que envolvem os personagens.

Perguntar se desejam acrescentar algo em suas anotações. Deixá-los à vontade. Controlar o tempo.

No caso de optar pela história pessoal dos participantes:

- distribuir as folhas sulfite, lápis/caneta e orientar:

“vamos pensar nos nossos avós... vamos lembrar-nos desde a nossa infância como eles eram... o que significavam para nós... e vamos anotar rapidamente alguns sentimentos que vieram a nossa mente com essas lembranças...”

- dar um tempo para que façam sua reflexão e anotações. Em seguida prosseguir.  

2º momento: 15’

Sugerir que, refletindo sua história pessoal, relembrem a vivência dos laços nela contidos:

- convidá-los a pensar na própria família, nos próprios laços familiares: (neto (a), avô (ó)), entrar em contato com seus próprios sentimentos, processá-los e, utilizando o verso da folha sulfite registrem ali sua própria história como desejarem: melhores momentos, os mais marcantes, os mais dóceis, os mais doloridos, etc.

- comunicar que ao concluir sua história, guardem-na como lembrança do momento vivido.

Deixá-los à vontade. Controlar o tempo.

3º momento: 25’

Distribuir o texto de apoio, um para cada casal, solicitar um voluntário para fazer a leitura, propor que compartilhem a reflexão, se necessário, estimular;

Após algumas manifestações, propor:

- como a sociedade em geral, valoriza a pessoa do idoso? E o relacionamento com o idoso?

- quais os fatos que mais surgem em nossas realidades comunitárias: idosos abandonados? Pais, filhos e avós em relacionamento relativamente saudável?

- como Igreja, o que temos feito para e pelos idosos? (diferenciar assistencialismo e promoção humana)

- e, em nossas famílias, como isso vem acontecendo?

- a mudança de postura dos avós de hoje facilita ou dificulta a relação afetiva entre os familiares, avós/netos (as);

- que tipo de “avós” pretendemos ser?

- voltando a refletir sobre nossos sentimentos, como avós e/ou como netos, e mesmo como pessoas em relação a esses laços afetivos específicos, vivenciados ou não, em família, o que podemos definir como “laços de ternura”?

4º momento: 35’

Convidá-los a criar uma nova história relativa ao tema refletido. Todo o grupo deve participar. Disponibilizar o material. Ajudá-los a se organizar.

Lembrá-los de dar um nome a história criada e que, não se esqueçam de citar os autores, desenhistas, roteiristas, encadernadores etc.

Obs. Ao dirigente: é essencial organizar as ideias e os trabalhos, procure sugerir sem tomar as decisões, só incentivando e sugerindo, por ex.: “vamos organizar: quem gosta de desenhar? Escrever? Quem tem uma ideia pra colocar para o grupo, depois vamos sugerindo detalhes. A estória pode ser bem curta, vale a mensagem.

Sugerimos que esses trabalhos sejam expostos na comunidade como meio de propagar o valor da relação avós/netos (as), bem como do próprio idoso na família.

5º momento: 05’

Abrir para manifestações: como foi, gostaram?

Agradecer a participação de todos, encerrar como desejar ou o grupo sugerir.

Do livro: Família e Vida – Caminho, Vocação e Missão – de Sonia Biffi, Rosabel de Chiaro – Paulus Editora - 2007

Texto de apoio – Dinâmica: Laços de ternura

Carta aos anciãos (11)

“Os filhos dos filhos são a coroa dos anciãos e a glória dos filhos são os pais.” (Prov. 17,6)

          “Honra teu pai e tua mãe, para que os teus dias se prolonguem na terra que o Senhor, teu Deus, te dará.” (Ex.12; Dt.5,16)

... da sua plena e coerente aplicação, não só surgiu o amor dos filhos pelos pais, mas também o forte laço que existe entre as gerações. Onde o preceito é acolhido ... os anciãos sabem que não correm o perigo de ser considerados um peso inútil e incômodo.

... ensina a tributar-lhes respeito... ser gratos ao bem que nos fizeram: “o pai e a mãe” indicam o passado, o laço entre uma geração e outra, a condição que torna possível a mesma existência de um povo...  é o único mandamento ligado a uma promessa:... ‘para que os seus dias se prolonguem...”

Abraão, ancião... assume o rosto de uma promessa: ‘farei de ti uma grande nação... em ti todas as famílias serão abençoadas... Gn.12,2.  Sara, experimenta no seu corpo a potência de Deus...concebeu e deu à luz ... Gn.21,1-2.

Moisés já é ancião, quando Deus lhe confia a missão de fazer sair o povo eleito do Egito... Isabel e Zacarias... sobre eles desce a misericórdia do Senhor... (Lc.1,5-25) ... o velho Simeão e a viúva Ana... Lc.2  Nicodemos... vence o medo e se manifesta discípulo do Crucificado... Jo.19,38-40

            ... Um dia o Senhor disse a Pedro: ‘quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde tu não queres.’ Jo.21,18  São palavras que, como sucessor de Pedro, me tocam... fazem-me sentir necessidade de estender as mãos em direção às de Jesus, em obediência ao seu mandato: “Segue-me”. Jo. 21,19

            “Na velhice darão frutos, conservarão a sua seiva e o seu frescor, para anunciar quão justo é o Senhor”. Sl.92/91 O serviço ao Evangelho não é uma questão de idade!

            ... a velhice, à luz da Bíblia, apresenta-se como “o tempo favorável” para levar a bom termo a aventura humana, e faz parte do desígnio divino... tudo converge para que o homem possa compreender melhor o sentido da vida e alcançar a “sabedoria do coração”. “A honra da velhice não consiste numa longa vida, e não se mede pelo número de anos. Mas a inteligência é que faz os cabelos brancos, e a verdadeira velhice é uma vida imaculada” Sab.4,8-9... etapa definitiva da maturidade humana ... expressão de bênção divina.

            O espírito humano... mesmo ressentindo-se do envelhecimento do corpo, permanece sempre jovem, se viver orientado para o eterno; e experimenta mais vivamente esta perene juventude, quando, ao testemunho da boa consciência, se une o afeto dos entes queridos. Então, como escreve S.Gregório de Nanziano, “o homem não envelhecerá no espírito: aceitará a dissolução como o momento estabelecido para a necessária liberdade. Suavemente emigrará para o além onde ninguém é imaturo ou velho, mas todos são perfeitos na idade espiritual”.

            Todos conhecemos exemplos de anciãos com uma surpreendente juventude e força de espírito... suas palavras servem de estímulo, sua vida de exemplo... O espírito atua como e onde quer, servindo-se de meios humanos que aos olhos do mundo não têm muita importância... quanto nos ensinam os anciãos sós ou doentes... na sua oração, no sofrimento acolhido com paciente abandono... quando mais se reduz a sua capacidade de movimento, mais tornam-se preciosos no desígnio misterioso da Providência... a entrega silenciosa... total...

            ... o lugar mais natural para se viver a condição de ancianidade continua a ser aquele ambiente onde ele é “de casa”, entre parentes, conhecidos e amigos... será sempre mais urgente promover esta cultura de uma ancianidade acolhida e valorizada, não marginalizada... o ideal, a família... porém há situações... que exigem ingresso em “Lares da terceira idade”... tudo é mais fácil se a relação estabelecida com cada hóspede ancião, por parte dos familiares, amigos, comunidades paroquiais, for tal que os ajude a sentirem-se pessoas amadas e ainda úteis à sociedade... Como não lembrar aqui, com sentimento de gratidão, as Congregações religiosas, voluntários... profissionais... os próprios familiares.. que se dedicam aos anciãos...

            De modo especial, penso em vós, viúvos e viúvas, que ficastes sós a percorrer o último trecho da estrada da vida; vós religiosos e religiosas anciãos... a Igreja ainda necessita de vós... conta com a vossa assídua oração... experimentado conselho, e vosso testemunho evangélico diário...

            “Tu me ensinarás o caminho da vida, cheio de alegria em tua presença, e de delícias à tua direita, para sempre”. Sl 16 [15],11

            É natural que, com o passar dos anos, se torne familiar o pensamento do crepúsculo... a fronteira entre a vida e a morte... não é possível vivê-la com naturalidade... está em contraste com o instinto mais profundo do homem: “é em face da morte que o enigma da condição humana mais se adensa. Não é só a dor e a progressiva dissolução do corpo que atormentam o homem, mas também, e ainda mais, o temor de que tudo acabe para sempre.” GS.18

Por isso, a morte obriga o homem a colocar-se diante de interrogações radicais sobre o sentido da vida... a fé ilumina o mistério da morte e infunde valor à vida... serenidade à velhice... objetiva relações e sentimentos, vivências, sonhos e realidades... deste modo conserva-se e aumenta o gosto pela vida, Dom fundamental de Deus.

Com este espírito... quero manifestar-vos os sentimentos que me animam neste derradeiro período da minha vida... apesar das limitações devidas à idade, conservo o gosto pela vida. Agradeço ao Senhor. É bonito gastar-se até o fim pela causa do Reino de Deus!

Ao mesmo tempo, sinto uma grande paz quando penso no momento em que o Senhor me chamar: de vida em vida! ... tenho freqüentemente nos lábios uma oração: “na hora da minha morte, chamai-me, e mandai-me ir para vós.” E quando chegar o momento... concedei-me enfrentá-lo com espírito sereno... Ao encontrar-vos, depois de longa procura, reencontraremos todo o valor autêntico experimentado neste mundo, juntamente com os que nos precederam...

E Vós, Maria, Mãe da humanidade peregrina, rogai por nós “agora e na hora da nossa morte”. Amém

                                                                                        João Paulo II

Vaticano, 1º de Outubro de 1999.

  

 

voltar

© Todos direitos reservados - Familia Missionária. design by ideia on