Construir, realizar para quê - Rosabel de Chiaro e Sonia Biffi
Objetivo: caracterizar, simbolizando através de uma palavra ou de um adjetivo que mostre o valor, o significado, o sentido que cada um dá ao seu compromisso pessoal com seu grupo de perseverança e com a tarefa assumida pelo mesmo grupo diante da grande comunidade.
- conscientizando o grupo e a cada participante sobre suas motivações, esperanças, objetivos e sentido ao realizarem uma tarefa/trabalho.
- mobilizando-o a perceber a importância e a riqueza de um trabalho realizado em grupo e pelo grupo.
- estabelecendo laços de familiaridade e sentimentos de cumplicidade com o grupo.
Material: para cada participante: cópia do texto “Operários da Catedral”, ¼ de folhas sulfite, canetas.
Para o grupo: uma caixa contendo: pedrinhas em número igual ao número de participantes, colocada sobre uma mesa no centro do círculo; uma maquete ou uma foto/gravura de uma catedral.
1o momento:
Distribuir o texto: “Operários da Catedral”. Convidá-los à leitura e reflexão do seu conteúdo.
- Motivar uma rápida e objetiva troca sobre o entendimento do texto.
2o momento:
Associar o texto ao grupo: “somos como os operários do texto, também nós, com nossos dons pessoais, com nossos esforços, participamos de um grupo que forma com outros grupos de irmãos a comunidade de Jesus. Juntos ‘construímos’ a Igreja de Jesus.”
Motivá-los sugerindo algumas reflexões comparativas ao texto:
- Sabemos também que, embora cada operário faça a sua parte e faça a seu modo, é essencial que se sintam um grupo de trabalho. Afinal, assim, como um grupo de trabalho, foram chamados e escolhidos. É o sentido de pertencer ao grupo que os leva a construir, a cada dia, a Catedral. Se um faltar, é o grupo que perde. Ao final, não será este ou aquele apontado como ‘o construtor’, mas o grupo de operários. Valorizando o GRUPO, cada um, do seu jeito, coloca naquele grupo a sua parte ou recolhe dele o que necessita para se sentir do grupo e alcançar a meta com o grupo.
- Assim somos nós, embora sejamos uma comunidade, temos o sentido de pertença a um grupo, nosso grupo. Aqui partilhamos e compartilhamos o que somos e possuímos e daqui partimos alimentados para agir como grupo na comunidade. Lá nos reunimos a outros grupos, mas nos identificamos como grupo............ Se um de nós não vier, todos perdemos. Perdemos sua presença, seu jeito de ser e realizar, talvez até a chance de nos aproximarmos um pouco de Deus.
- No texto, cada operário dá a sua resposta, mas nenhum questiona a resposta do outro, nenhum se diz melhor ou pior, nenhum se julga inferior ou deprecia seu feito, talvez porque quem deva julgar é o dono da casa, da Catedral em construção.
- O texto fala da Catedral em construção, talvez pra lembrar que sempre somos chamados a construir e a parte que nos cabe quem define é o dono da obra, é Ele quem nos contrata.
- O texto nos fala também de alguém que passeia pela construção, e só... Não põe a mão no arado... Não arregaça as mangas... Só faz perguntas... Que papel ele faz?
- a cada bloco de associações sugerir e convidar o grupo a manifestar-se: concordando ou “descobrindo” novos caminhos.
3o momento:
Convidá-los a “construir” uma Catedral. Apresentar a maquete ou desenho da Catedral e propor:
- um de cada vez, deverá dirigir-se à mesa, apanhar uma pedrinha e depositá-la na frente da gravura da Catedral. Ao fazê-lo deve dizer ao grupo o sentido que aquela tarefa tem no contexto da sua vida, naquele momento. Por exemplo: agora eu coloquei esta pedrinha como símbolo do meu (amor, paciência, conhecimento, perseverança, fé etc.), mas para representar o grupo...... , na construção desta Catedral porque foi no grupo que eu aprendi e exercitei (este dom).
Após todos os participantes terem se manifestado o animador deverá concluir o exercício, ressaltando o sentido principal e comum ao grupo, reafirmando a importância não do “por quê?” e sim do “para quê?” executamos nossas tarefas, honramos nossos compromissos e assumimos nossas responsabilidades.
Obs. É interessante valer-se dessa mesma técnica de dinâmica para iniciar os trabalhos do ano propondo que o grupo, ao construir a Catedral, construa também seu projeto dos trabalhos, dos estudos, dos anseios que almeja realizar no ano. É importante que um grupo planeje, idealize e se comprometa à realização dos propósitos que envolvem sua participação como grupo e como comunidade. Neste caso pode se encerrar a reunião com todos os propósitos confirmados e o compromisso de cada pessoa ou de cada casal plenamente firmado. Não esquecer que como membros da grande comunidade, devemos atender os critérios, princípios e programas já estabelecidos e com os quais já estamos comprometidos, até pela simples razão de sermos parte desta comunidade.
Texto de apoio: Operários da Catedral
Um homem percorria certa vez as obras de um grande templo que estava sendo edificado. Andando por entre operários que trabalhavam a pedra para construção monumental ele se deteve diante de um trabalhador que, de martelo na mão, batia os blocos a seu cargo. Dirigindo-lhe a palavra, o visitante perguntou o que fazia.
- Eu bato pedras, respondeu o trabalhador sem maior interesse.
Recebida a resposta, o visitante prosseguiu caminhando por entre as tendas de trabalho até acercar-se de outro operário, ao qual fez a mesma pergunta. A resposta foi diferente:
- Eu estou ganhando a minha vida, respondeu o homem que trabalhava a pedra.
Nova caminhada fez o visitante no pátio das obras até que, frente a um terceiro trabalhador, perguntou-lhe da mesma maneira, que aos demais, o que estava fazendo. O trabalhador com entusiasmo sem disfarce, respondeu-lhe animado:
- Eu estou construindo uma Catedral!
O homem que definiu o seu trabalho pela rotina de quebrar pedra era pobre perante o segundo que definiu seu trabalho como sustentação própria e dos seus; mas também esse segundo era pobre diante do terceiro, que punha fé e ideal no seu trabalho.
Tudo que merece ser feito, merece ser bem feito, com capricho, a versão estética da responsabilidade...
No relato dos trabalhadores aquele que se sentia responsável pela edificação de uma catedral estava muito acima daquele que não via no seu trabalho senão a função de bater pedras, e também acima daquele que, batendo pedras, ocupava-se em ganhar legitimamente o próprio sustento, mas sem o prazer que conseguem encontrar no trabalho os imbuídos da responsabilidade com que a obra se realiza.
Do Livro: Caminhos de encontro e Descobertas, Sonia Biffi e Rosabel