“Cultivando nossa amizade” - Rosabel De Chiaro e Sonia Biffi
Ideal para encerramento do ano. Adequada a grupos de convivência comunitária. Própria para qualquer faixa etária.
Objetivo: Fortalecer os laços de amizade entre os próprios participantes incluindo, pelo exercício, a presença amiga da pessoa de Jesus:
- partindo do nome de cada participante para estabelecer a relação: nosso nome, nossa identidade, nosso “ser aí e assim” no grupo;
- utilizando as letras dos nomes para compor um trabalho em grupo, promovendo assim a associação do doar as letras que o compõem e o “doar-se” em função do grupo;
- mobilizando-os à reflexão do sentido pleno da palavra amizade, do sentido profundo do “ser amigo/a” na dimensão humana/espiritual;
- favorecendo, pelo exercício, uma maneira lúdica de promover iniciativas, buscar respostas, encontrar soluções em grupo, revelando assim, os dons pessoais;
- possibilitando, pela associação ao texto bíblico, um encontro com a Palavra e a pessoa de Jesus revelando seu jeito de ser “aí e assim” na circunstância de amigo;
- despertando ainda uma gama de reflexões sobre: o valor do/a amigo/a; o compromisso da amizade, que gera deveres supõe atitudes - o olhar para o “ser amigo” de Jesus, que oferece a Casa do Pai (Igreja) na terra e no céu - o sentido terno e eterno da amizade etc.
Tempo: 70’
Material: etiquetas colantes de tamanho pequeno (1 a 2 cm.), cores variadas, misturadas, colocadas em uma caixa, em número correspondente às letras dos nomes de todos os participantes. Um cálice de vidro ou semelhante contendo etiquetas colantes maiores (3 a 4 cm.) de cor única, diferenciada das anteriormente citadas. Representarão o “coringa”.
Folhas de papel cartolina disponíveis para os grupos de trabalho. Canetas, lápis. Bíblia, texto sugerido: Lc. 10,38-42 Texto de Apoio impresso.
Estratégia: 1º momento:
Convidá-los a uma atividade. Dividir o grupo (máximo de 8 pessoas cada). Sugestão: homens e mulheres - forma diferenciada de atender e responder às propostas (facilita a percepção da diferença entre a amizade masculina e a feminina). Porém, consultar a vontade do grupo.
Orientar: utilizando uma cartolina e as letras do nome de cada participante, cada grupo vai criar uma frase ou palavras variadas que signifiquem ou traduzam o “como cultivar uma amizade” - como ser amigo/a - o sentido e o valor da amizade, os valores essenciais a um/a amigo/a; o compromisso e as exigências comuns à amizade.
Para isso, cada um vai retirar da caixa disponível sobre a mesa o número de etiquetas coloridas, de acordo com o número de letras de seu nome. (Não usar apelidos).
Por exemplo: MARIA - 5 letras - 5 etiquetas, sem se preocupar com as cores. Em seguida, cada grupo vai se reunir no local que lhe foi indicado com um compromisso: realizar sua tarefa. E inicia, escrevendo na sua cartolina o título da tarefa: “Como cultivar uma amizade”.
Apresentar o coringa: e sempre que faltar uma letra para compor a frase ou palavra, uma pessoa do grupo deverá vir buscar uma destas etiquetas do Cálice sobre a mesa, cada etiqueta é um coringa que, substituindo as letras que faltam, ajudará o grupo a completar sua tarefa.
Determinar o tempo que terão (20’) disponibilizar os materiais e convidá-los a iniciar.
2º momento: Realizando: 20’
Deixá-los à vontade, monitorar a freqüência com que apanham o “coringa” sem comentários. Apenas observe. Comunicar quando o tempo for se esgotar, estendê-lo, se necessário.
3º momento: Apresentando: 10’
Convidá-los a apresentar seus trabalhos, propor que cada representante fale em nome do grupo. Deixá-los à vontade. Motivá-los a esgotar o tema.
Ao término, perguntar: quais as dificuldades que sentiram? E como se sentiram vendo as letras de seu nome compondo palavras, frases? Abrir para novos comentários. Encerrar o momento com a proposta a seguir.
4º momento: Refletindo: 25
Pensando em tudo que fizemos, vamos refletir:
- nosso nome/nossa identidade => símbolo do nosso jeito de ser, nossa individualidade;
- o que pode simbolizar ceder cada letra do nosso nome para o trabalho em grupo?
- as letras dos nossos nomes revelaram em palavras, em frases, o que nossas pessoas buscam vivenciar => atitudes, gestos, sentimentos, que traduzem o valor, o sentido e o compromisso de uma amizade, que julgamos essenciais. Mas às vezes, nos faltou a letra que precisávamos e buscamos a ajuda do Coringa - o que ele pode significar? Apenas um socorro que quebra qualquer galho?
Deixar que se manifestem, em seguida, completar: neste caso, o Coringa é o Cristo e tem um sentido profundo: vem completar o que nos falta para tomarmos aquela atitude de amigo/a; às vezes, a coragem e a habilidade para corrigirmos o/a amigo/a; realizarmos aquela tarefa que o/a amigo/a precisa; vem nos dar sabedoria para aconselhar nosso/a amigo/a; vem purificar nossos sentimentos para não invejarmos o/a amigo/a;
- solicitar que se manifestem e complementem...
- e as letras que sobraram? Motivá-los a manifestações.
(sentido: quantidade de dons iguais ou semelhantes para realizar diversas missões, tanto na família humana, quanto comunitária - nem sempre todos são chamados à mesma tarefa - não sobram, ficam na reserva - daí a mistura de cores das etiquetas, não identifico a minha letra, mas igual ou semelhante à minha).
Distribuir o texto de apoio impresso e propor que leiam, reflitam e partilhem:
- atentar para os pontos: Jesus visita a família amiga... Vai à casa das pessoas... Coloca-se como amigo... A preocupação de Marta: acolher servindo, provendo, alimentando... A preocupação de Maria: acolher ouvindo, dando atenção, aprendendo com o amigo... A atitude de Jesus: não condenar, aconselhar - preocupação do/a amigo/a. A amizade dentro de casa, em família, na família humana e comunitária. Como temos sido: semelhante à Marta ou à Maria? Ou temos um pouco das duas?
- Jesus como amigo em nossa caminhada de vida e de fé “já não vos chamo servos, mas amigos” Jo. 15,15 - Jesus que nos convida e nos oferece a Casa do Pai “na Casa de meu Pai há muitas moradas” Jo. 14, 1-4, aqui e lá Ele aguarda a nossa visita amiga - a casa terrena, a casa do céu: os/as amigos/as daqui e os de lá que, um dia, nos aguardam também.
- para finalizar, formar um círculo, todos em pé, e propor: a partir de hoje vamos buscar “perceber” o jeito amigo que Jesus demonstra nas passagens bíblicas, até mesmo quando repreende. Mas, sobretudo, vamos “convidá-lo” para completar em nós tudo que nos falta para cultivarmos a nossa amizade como pessoas e como grupo, pra gente sempre cumprir nosso papel de amigo/a.
E vamos encerrar fazendo uma prece espontânea para nosso/a amigo/a.
Técnica de Dinâmica vivenciada em reunião de grupo de perseverança de Casais - baseada na Técnica de dinâmica: A riqueza dos nomes - do livro: Caminhos de Encontro e Descobertas - Sonia Biffi e Rosabel de Chiaro - Ed. Paulus - 6ª Ed.
Texto de Apoio Técnica de Dinâmica: Cultivando nossa amizade
Lc. 10,39–43: Marta e Maria
“Para os não chegados em evangelhos, esclareço: são duas irmãs. Se casadas ou solteiras, não se sabe. Moravam em Betânia com o irmão Lázaro, aquele que deu uma morridinha e foi ressuscitado por Jesus, menos para que nele se acreditasse e mais para que o mundo soubesse que amigo dele não morre, mesmo quando pifa. Eram de grandes amizades, os três mais Jesus que vira e mexe por lá passava, para cafezinho e bolinho, tipo de chuva, ou mané-pelado ainda não inventadas pinga e pipoca. Vinho, sim que muito se bebia, desde os tempos do fogo de Noé, lembram-se? Jesus sendo de vinho bom conhecedor, como se viu em Caná: sabia fazer do melhor. Pois bem, em tarde, ou manhã, não se sabe, Cristo deu por lá uma passada, provavelmente com os apóstolos, os doze mais uns suplentes, porque Marta, ao ver a quase multidão, descabelou-se e corre-que-te-corre comprar farinha na esquina, emprestar meia dúzia de ovos da vizinha e meter as mãos na massa. Maria, numa boa, sentada aos pés de Jesus que cadeira não tinha naquele tempo, só ouvindo suas histórias e as divinas sabedorias: cegos que viam, surdos-mudos que ouviam e falavam pelos cotovelos tirando atraso, entrevados que em pulos andavam, gentes das muitas periferias de cidades e da vida indo a ele mão e coração estendidos, olhos de cão sem dono. E deu-se que Marta, vendo a cena, ficou louca da vida e como era de não mandar dizer, meteu bronca: “Jesus, dá pra dizer a essa aí (quando brava, não dizia o nome da irmã) vir aqui me dar uma mãozinha?”E Jesus: “não esquenta, Marta, não vim para comer, mas ver vocês e bater papo.” “E deixa eu te contar uma coisa: Maria escolheu a melhor parte”. Bem que Jesus sabia que às tantas, iam ter fome e não estando afim de milagre (a turma já andava meio cheia de pão e peixe) pensava em pedir umas pizzas. Embora nada disso conste da história, tranqüilizou Marta concluindo em perfeito latim: “no problems”- que era o inglês da época. Acontece que séculos depois, teólogos se dividiram: uns, com Maria: a vida cristã é ficar ouvindo as palavras de Cristo numa boa, rezar, cantar aleluias e sacudir lencinhos. Outros, com Marta: fé sem obras, não vale nada. Não adianta cantar e suspirar sem mexer uma palha pelos outros. Rezar ou fazer, eis a questão. A encrenca parece ter chegado até hoje dividindo evangélicos, com Maria e católicos com Marta. Mas, vamos lá, se Jesus elogiou Maria, não condenou Marta em hipótese alguma e já antevendo que poderia ser mal interpretado, cuidou de contar a parábola do Bom Samaritano e deve ter orientado Lucas para que quando escrevesse seu evangelho a pusesse em destaque. Lucas mandou ver: colocou o Bom Samaritano antes do acontecido em Betânia. Consta extra-oficialmente que esta mais a Parábola do Filho Pródigo são as meninas dos olhos de Jesus. Que ninguém nos ouça, mas que tem bom gosto, isso tem. Bem e eu com tudo isso? No frigir dos ovos, as duas irmãs têm razão, desde que não exagerem e entre uma e outra, fico logo com as duas, com as mãos de Marta e o coração de Maria, como me ensinou minha irmã negra de Madagascar, cuja oração anda circulando por aí na internet.”
Pe. Chiavegatto – Diretor Espiritual do OVISA (*) de 1971-1973
Rascunho de um de seus artigos em preparação, enviado à Nely em 27.11.07
Nely Torres Babini e Arani Ahnert Pieri(in memorian) - fundadoras do Movimento OVISA
(*) OVISA - Orientação para Vivência Sacramental - encontro para Casais