Série: A Criação/A Criatura - Dinâmica: "Mundo: Obra de Deus/Obra dos Homens" - Rosabel De Chiaro e Sonia Biffi
A CRIAÇÃO/A CRIATURA
Composto de duas dinâmicas: Mundo: Obra de Deus/Obra dos Homens e O homem e a Mulher no mundo - específicas para refletirmos nossa condição e nosso papel de criaturas diante do Criador, esse tema vem contribuir com nossa caminhada quaresmal enquanto pessoa e comunidade. Além disso, vem ao encontro do tema e do lema da CF desse ano, pois reflete os variados aspectos que devem favorecer, contribuir e atender a saúde do povo de Deus. Para começar nos situamos em nosso lugar, em nosso chão, em nosso mundo como obra de Deus em comunhão com o homem, pois...
“Chamado a cultivar e guardar o jardim do mundo (Gn. 2,15), o homem detém uma responsabilidade específica sobre o ambiente de vida, ou seja, sobre a criação que Deus pôs a serviço da sua dignidade pessoal, da sua vida: e isto não só em relação ao presente, mas também às gerações futuras. É a questão ecológica... das várias formas de vida, até a ‘ecologia humana’...” (EV 42).
DINÂMICA: "MUNDO: OBRA DE DEUS/OBRA DOS HOMENS"
Tempo: 90 minutos
Material: Para cada participante: impressos: textos de apoio 1 e 2. Para cada subgrupo: envelope contendo peças do quebra-cabeça respectivo, um quadro maior como apoio do quebra-cabeça grupal, cola. Para o grupo: duas folhas de papel sulfite para rascunho, uma folha de papel imitando uma carta de intenções, caneta Piloto, ponta fina, cor preta. Mesa redonda (uma para cada subgrupo) e cadeiras para todos.
Objetivo: através da atividade lúdica: montar um quebra-cabeça levá-los a dar-se conta do seu processo de valorização da vida e interação consigo mesmo, com os outros e com o mundo que o cerca:
- mobilizando-os a perceber que muitas situações e necessidades se apresentam sem aviso prévio, assim, a postura/conduta pessoal e do grupo é fundamental para o bom encaminhamento de soluções;
- levando-os a perceber e distinguir entre: a maneira pessoal de realizar escolhas e expressá-las em sua atitude, e a sua postura grupal (Ex.: flexibilidade em aderir a sugestões e idéias; ceder, diante de uma possível opção pessoal, para aderir ao consenso grupal;
- exercitando o partilhar da solução/resultado o como nos expressamos após a situação vivida, o como, de fato, partilhamos ideais, tarefas, sentimentos, emoções etc.
Estratégia:
O grupo será dividido em dois. Cada subgrupo receberá um envelope contendo as peças para a montagem de um quadro. Em cada envelope haverá uma peça trocada, ou seja, que pertence ao quadro de outro subgrupo, de forma que, seus participantes terão que recuperar sua peça para completar o seu quadro. Mas eles não serão informados desse detalhe/dificuldade e terão como regra o impedimento da comunicação verbal e não verbal entre eles.
Num 2º momento, será colocado, próximo ao ambiente de trabalho dos subgrupos um quadro onde o quebra-cabeça de cada um poderá ser afixado. Eles não serão comunicados dessa possibilidade, deverão se aperceber espontaneamente e tomar suas próprias iniciativas. Ao animador cabe seguir os passos que cada momento propõe.
1º momento: orientar: 5 minutos
A sala deve conter duas mesas grandes (se possível, redondas). Devem estar de tal forma próxima, que seus participantes possam visualizar os trabalhos uns dos outros. Acolher o grupo, iniciar como de hábito. Convidá-los a participar de uma atividade. Dividir os participantes em dois subgrupos e orientar.
Orientações: “cada subgrupo receberá um desses envelopes (mostrar) contendo um quebra-cabeça, com peças suficientes para montar o seu quadro. Para realizar essa tarefa, teremos que cumprir algumas regras”:
- não será permitida a comunicação de espécie alguma (verbal e não verbal);
- teremos um tempo limitado que deverá ser respeitado, ao término, devemos encerrar imediatamente a tarefa;
- cada subgrupo terá um juiz que controlará o cumprimento da regra. Será escolhido entre os participantes ou pode se voluntariar. O juiz deverá expulsar o participante que transgredir a regra só após comunicar ao animador a falta cometida;
- definir com cada subgrupo o juiz eleito ou aceito. Recomendar que sejam cautelosos, mas discretos ao observar o subgrupo concorrente. Em seguida, distribuir os envelopes, informar o tempo disponível, dar o sinal de partida para a execução da tarefa. Controlar, discretamente, o tempo, mas não comunicar o quanto lhes resta para o término.
Obs. O animador não deverá interferir na dinâmica dos subgrupos, nesse momento será apenas um observador, é importante que não comunique o tempo que lhes resta.
2º momento: realizar: 30 minutos
- ao final do tempo disponível, o animador deverá acomodar, sobre as mesas (ocupando parte de cada uma), o quadro onde os quebra-cabeças podem e devem ser afixados. Fazê-lo de maneira que os dois subgrupos possam perceber o gesto e o material (quadro);
- deverá agir com espontaneidade e discrição, mas de forma que, mesmo sem comentários, os subgrupos percebam sua presença;
- não deverá dar nenhuma informação, mesmo que seja questionado;
- é importante estar atento às iniciativas dos participantes, a maneira, por exemplo, de como “lidam” com a peça que não lhes pertence e o como “buscam” a própria, enfim, como “atuam”, interagem, diante do desafio;
- sem falar, aguardar por, no máximo, 15 minutos para que os subgrupos finalizem a tarefa, ou seja, transportar os quebra-cabeças montados para o quadro.
Obs. Caso não se apercebam dessa possibilidade, ao término do tempo solicitar que o façam.
3º momento: 15 minutos
- reuni-los em um só círculo e convidá-los a apresentar o quadro montado, um ao outro – deixar que se manifestem à vontade – comentem seus desafios, descobertas etc., que identifiquem e desfrutem do resultado alcançado; se necessário ressaltar título de cada quadro: Mundo: Obra de Deus/Obra dos homens;
- motivá-los a partilhar as experiências vividas, ressaltando pontos importantes da mesma (vide objetivos), caso não surjam no grupo, sugerir que distingam: “o que é obra de Deus – o que é obra do homem”
4º momento: refletir: 10 minutos
- distribuir o texto de apoio 1: “Estratégia” sugerir que leiam e reflitam e o relacionem com a experiência vivida;
- ressaltar: como o H e a M têm realizado sua obra? Como enxergamos o papel de Deus nessa obra?
- de que maneira a comunidade familiar e a comunidade cristã nos preparam, orientam, contribuem para o cumprimento das obras que, no mundo, cabe a cada um?
- quais os desafios pastorais e as linhas de conduta, os projetos e metas pastorais que se apresentam na realidade das paróquias, bairros, cidades, estados e país do qual fazemos parte. Qual é o nosso papel – qual tem sido nosso desempenho?
- e a Campanha da Fraternidade? De modo geral, o quanto orienta ou ilumina nossa postura e caminhada cristã?
5º momento: executar: 20 minutos
“Pensando nas experiências pastorais que refletimos”, propor que elaborem uma carta de intenções/metas/propósitos que atenda ao plano de Deus e ao projeto/realidade da vida em todos os seus segmentos, relacionando-os especialmente com a área da saúde, conforme proposta da CF. Todos devem participar.
- disponibilizar material. Deixá-los à vontade. Controlar o tempo.
- solicitar que leiam a carta elaborada por eles.
6º momento: revendo: 10 minutos
- distribuir o texto de apoio 2: “A Criação/A Criatura”, sugerir que leiam e reflitam;
- em seguida, perguntar se gostariam de acrescentar algo mais na carta que elaboraram. Deixá-los à vontade, se necessário, disponibilizar mais material.
Concluir como o grupo desejar. Agradecer a participação de todos, encerrar.
Texto de Apoio 1 – Dinâmica: Mundo: Obra de Deus/Obra dos Homens
“Estratégia”
Bernard Shaw é que está certo - disse J. Ele afirmou que as pessoas têm um prazer mórbido de passar todos os dias se queixando das condições em que vivem. Penso como ele: os verdadeiros homens e mulheres são os que procuram as condições ideais e - se não conseguem encontrá-las - terminam por criá-las.
- Como se criam as condições necessárias?
- Um chinês, há milhares de anos, já escreveu sobre isso: respeitando cinco pontos fundamentais. Entretanto, antes de falar desses cinco pontos, é preciso dizer que o ponto de partida é o respeito por si mesmo. Podemos conseguir qualquer coisa, mas não podemos conseguir tudo; então é preciso saber exatamente o que desejamos.
- Como sabemos o que desejamos?
- Quando nos sentimos bem ao realizar determinadas tarefas. Consequentemente, tudo aquilo que nos faz perder o entusiasmo e o respeito por nós mesmos é nocivo; mesmo que signifique poder, dinheiro ou sucesso. Já vi muita gente sendo sufocada pelo sucesso, cometendo erros que terminavam destruindo o trabalho de anos, e entregando-se a bebedeiras monumentais, tornando-se agressivos, rigorosos, amargos. Essas pessoas estão longe de si mesmas e longe dos outros.
- Voltemos ao chinês.
- Ele escreveu um livro sobre a guerra, mas os cinco pontos que relaciona aplicam-se a qualquer tarefa realizada pelo ser humano.
“O primeiro item: a lei da vontade. Acabamos de falar sobre ela: só devemos fazer aquilo que realmente enche o nosso coração de entusiasmo. Se deixamos isso de lado, se adiamos o momento de viver aquilo que sonhamos, perdemos a energia necessária para qualquer transformação importante em nossas vidas. Alguém já disse, de maneira muito apropriada: ‘Eu não conheço o segredo do sucesso - mas o segredo do fracasso é tentar sempre fazer a vontade dos outros’.”
“O segundo item: a lei das estações. Assim como uma guerra travada no inverno exige comportamento e equipamento diferentes de uma guerra no verão, o ser humano precisa aprender a respeitar suas próprias estações, não tentando agir no momento de esperar, não tentando esperar no momento de agir. Entretanto, para poder progredir em qualquer coisa, ele precisa dar o primeiro passo - a partir daí, seu ritmo pessoal e sua intuição vão lhe indicar como conservar sua energia”.
“O terceiro item: a lei da geografia. Uma batalha em um desfiladeiro é diferente de uma travada no campo: da mesma maneira, só consegue condições favoráveis aquela pessoa que presta atenção ao que está acontecendo à sua volta, ao espaço que está ocupando, ao que tem que fazer para ampliá-lo, onde pode ser encurralada, como pode escapar se precisar recuar um pouco.”
“O quarto item: a lei dos aliados. Ninguém pode lutar sozinho; são necessários amigos que nos dêem força na hora que precisamos, gente que nos aconselhe sem medo do que vamos pensar. Como diz um poeta, ‘nenhum pássaro pode voar alto, se usar apenas suas próprias asas’.”
“Finalmente, o quinto item: a lei da criatividade. Só existe uma maneira de entender as coisas - é quando tentamos mudá-las. Nem sempre conseguimos, mas terminamos aprendendo, porque buscamos um caminho não percorrido - e o mundo está cheio desses caminhos. O problema é que todos têm muito medo de florestas virgens, dos mares nunca navegados, já que o desconhecido dá a sensação de que podemos nos perder”.
“Mas ninguém se perde - porque a mão de Deus misericordioso sempre está sobre a cabeça de homens e mulheres corajosos, que ousam ser diferente porque acreditam em seus sonhos”.
(Revista da Folha de São Paulo, 28 de maio de 2000).
Texto de apoio 2: Dinâmica: Mundo: Obra de Deus/Obra do Homem
“De Iahweh é a terra e o que nela existe, o mundo e seus habitantes”. (Sl 24,1)
A Criação/A Criatura
“Chamado a cultivar e guardar o jardim do mundo” (Gn 2,15), o homem detém uma responsabilidade específica sobre o ambiente de vida, ou seja, sobre a criação que Deus pôs a serviço da sua dignidade pessoal, da sua vida: e isto não só em relação ao presente, mas também às gerações futuras. É a questão ecológica – desde a preservação do ‘habitat’ natural das diversas espécies animais e das várias formas de vida, até a ‘ecologia humana’ propriamente dita – que, no texto bíblico, encontra luminosa e forte indicação ética para uma solução respeitosa do grande bem da vida, de toda a vida. Na realidade, ‘o domínio conferido ao homem pelo Criador não é um poder absoluto, nem se pode falar de liberdade de ‘usar e abusar’, ou de dispor das coisas como melhor agrade. A limitação imposta pelo mesmo Criador, desde o princípio, e expressa simbolicamente com a proibição de ‘comer o fruto da árvore’ (Gn 2,16-17), mostra com suficiente clareza que, nas relações com a natureza visível, nós estamos submetidos a leis, não só biológicas, mas também morais, que não podem impunemente ser transgredidas. (EV 42)
... Na específica responsabilidade que lhe está confiada no referente à vida propriamente humana... Atinge o auge na doação da vida, através da geração por obra do H e da M no matrimônio... A geração é a continuação da Criação...
No entanto, o seu domínio não é absoluto, mas ministerial – é ministro do desígnio de Deus – reflexo concreto do domínio único e infinito de Deus. Por isso, o homem deve vivê-lo com sabedoria e amor, participando da sabedoria e do amor incomensurável de Deus... (EV 43)
“Conclusões da IV Conferência do Episcopado Latino-americano”
“Levando-se em conta que a Igreja está consciente de que o homem – não o homem abstrato, mas o homem concreto e histórico – ‘é o primeiro caminho que a igreja deve percorrer no cumprimento de sua missão, a promoção humana há de ser conseqüência lógica da evangelização, para a qual tende a libertação integral da pessoa... A genuína promoção humana há de respeitar sempre a verdade sobre Deus e a verdade sobre o homem, os direitos de Deus e os direitos do homem”. (13 Doc. Sto. Domingo)
2.2.2. Ecologia
169 - A Criação é obra da Palavra do Senhor... Esta foi a 1ª aliança de Deus conosco.
Linhas Pastorais:
- Partindo das crianças e dos jovens, empreender uma tarefa de reeducação de todos ante o valor da vida e da interdependência dos diversos ecossistemas.
- Cultivar uma espiritualidade que recupere o sentido de Deus, sempre presente na natureza. Explicitar a nova relação estabelecida pelo ministério da encarnação, pela qual Cristo assumiu tudo o que foi criado.
- Valorizar a nova plataforma de diálogo que a crise ecológica criou, e questionar a riqueza e o desperdício.
- Aprender dos pobres a viver com sobriedade e a partilhar e valorizar a sabedoria dos povos indígenas no tocante à preservação da natureza como ambiente de vida para todos.
- São Francisco de Assis, em seu amor aos pobres e à natureza, pode inspirar este caminho de reconciliação com a criação e com todos os homens entre si, caminho de justiça e de paz.
2.2.4. Empobrecimento e solidariedade
178 – evangelizar é fazer o que Jesus fez, quando mostrou na sinagoga que veio para evangelizar os pobres (Lc. 4,18-19).
Descobrir nos rostos sofredores, o rosto do Senhor (Mt. 25,31-46) é algo que desafia todos os cristãos a uma profunda conversão pessoal e eclesial. Na fé encontramos:
- Os rostos desfigurados pela fome; desiludidos pelos políticos que prometem, mas não cumprem;
- Humilhados por causa da sua própria cultura, que não é respeitada, quando não desprezada;
- Rostos aterrorizados pela violência diária e indiscriminada;
- Angustiados, de menores abandonados;
- Sofridos, de mulheres humilhadas, exploradas, desprezadas;
- Rostos envelhecidos pelo tempo e pelo trabalho dos que não tem o mínimo para sobreviver dignamente.
Linhas Pastorais:
- Privilegiar o serviço fraterno aos mais pobres entre os pobres e ajudar as instituições que cuidam deles: os deficientes, enfermos, idosos, solitários, crianças abandonadas, os presos, aidéticos e todos aqueles que requerem a proximidade misericordiosa do “bom samaritano”;
- Corrigir atitudes e comportamentos pessoais e comunitários, bem como as estruturas e métodos pastorais, a fim de que não se afastem os pobres, mas que propiciem a proximidade e a partilha com eles;
- Promover a participação social junto ao Estado, pleiteando leis que defendam os direitos dos pobres;
- Fazer de nossas paróquias um espaço para a solidariedade.
Santo Domingo, 13 de Outubro de 1992.
Obs. Se desejar pode substituir o texto acima por um texto sugerido pela CF/2012.
Preparação do material Dinâmica: Mundo: Obra de Deus/Obra dos Homens
Modelo sugestão: quebra-cabeça
- Providenciar uma figura/imagem para cada subgrupo, adequada à proposta da técnica. No verso delas, traçar as linhas que indicarão onde serão recortadas. Numerar cada parte antes de recortar. Se necessário reforçá-las cole-as em papel cartão, mantendo a numeração de cada uma, registrando-a de maneira bem discreta.
- Providenciar um apoio para cada subgrupo, tipo um quadro, onde o quebra cabeça deverá ser montado. Se desejar, diferencie-os acrescentando qualquer detalhe.
Modelo sugestão: Carta de Intenções
- Em uma folha de papel diferenciado, acrescentar um logotipo, um título, um desenho ou qualquer outra referência significativa para torná-lo especial. Confeccioná-lo de acordo com o objetivo que pretende alcançar ou propor à equipe de trabalho, associando-o às prioridades paroquiais ou pastorais ou valer-se da criatividade pessoal. Dessa forma, a “carta de intenções” apresenta-se com aspecto semelhante a um documento, que utilizado pelo grupo, registre suas intenções, as decisões tomadas e pode vir a contribuir como um roteiro de compromissos assumidos em comunidade e pela comunidade.
Do livro: Família e Vida - Caminho, Vocação e Missão - de Rosabel De Chiaro e Sonia Biffi – Ed. Paulus