Olhando as Pirêmides - Sr. Fortunato e Dona Vincenza
“Cheguei aos 87 anos, por ter encontrado uma razão de viver nesse trabalho que ocupa meu dia a dia. A vida é bela, belíssima para quem sabe viver...” Sr. Fortunato
Sr.Fortunato é um egípcio que nasceu na cidade de Alexandria, filhos de pais italianos. Quando morava lá visitava sempre o município de Caizé onde ficam as maravilhosas pirâmides do Queops, Quefrém e Miquerinos, além da Esfinge solitária e enigmática. Desde garoto ele gostava de visitar aquele lugar para ver o pôr sol por trás das pirâmides. Ali buscava inspiração e pensava muito no seu futuro. Estudou , se formou em Cairo e casou. Veio para o Brasil com sua esposa Dona Vincenza que também é filha de italianos. Eles tinham um filho e ela estava grávida quando vieram. Chegando aqui enfrentaram a dificuldade de procurar emprego sem saber a língua.
Tinham a casa de um parente na cidade de Votorantim onde podiam ficar mas só que lá não havia trabalho. Tiveram que vir para São Paulo. A sorte deles é que falando muito bem o italiano ele logo conseguiu emprego na Fábrica Matarazzo. Foi um homem que sempre trabalhou muito. Tiveram cinco filhos Linda,que nasceu no Egito, Umberto que veio na barriga da mãe, Laura, Giuseppe e Fortunato. Dona Vincenza não trabalhava fora, se dedicou a educar os filhos. Sr.Fortunato não tirou férias nunca.Nunca teve tempo para outra coisa senão trabalhar. Mesmo depois de aposentado, continuou trabalhando para outra empresa. Tinha uma vida muito ativa, foi presidente do Lions Clube do Limão por duas vezes. Faziam muitos trabalhos comunitários.
Até que ele teve um AVC e parou com tudo. Todo seu lado direito ficou paralisado, a fala comprometida. Foram 15 dias internado. Muito tratamento. A família toda o ajudou muito. Tinha bons médicos , os melhores tratamentos.Tudo que precisava. O carinho da esposa e dos filhos foi intenso neste período, porém mesmo assim ele começou a cair em depressão e não querer mais colaborar com o tratamento. Se sentia inútil,nunca tinha ficado parado e de repente não podia mais dirigir o carro, ser independente com as pequenas coisas...
Nesta hora a figura forte de Dona Vincenza o ajudou muito. Ela disse a ele que ele precisava reagir senão iria morrer. E ele começou a lembrar dos momentos belos e serenos que teve no Egito Olhando as pirâmides. Foi daí que começou a sentir vontade de transmitir aos amigos mais próximos, as mensagens que lia e faziam bem a sua alma. No início ele começou com a máquina de escrever. Transcrevia mensagens que lia , Precisou aprender a datilografar com a mão esquerda fazendo tudo sozinha. Os filhos ajudaram dando computador. Começou a pesquisar mensagens na internet depois xerocava e montava o boletim que hoje tem 27 páginas. Assim nasceu o Boletim Olhando as Pirâmides.
Além de superar a suas dificuldades físicas, procurou fazer algo que fizesse bem para as pessoas que ele conhecia. Começou pequena a iniciativa. Hoje 300 boletins distribuídos. E a família toda recebe, sogra dos filhos e das filhas, netos, vai para Brasília para um filho, 55 destes boletins vão pelo correio, o restante é distribuído na própria família e na comunidade, na Paróquia eles distribuem, na casa de religiosas que moram próximas da casa deles, na vizinhança, no comércio local. Isso é realmente querer ser luz na vida dos outros.
E esse caso é um exemplo para muitas famílias também porque o carinho que ele recebeu da esposa e dos cinco filhos fez toda a diferença no tratamento dele. Ele nos contou que na festa dos 87 anos ganhou um computador novo, impressoras e tudo mais porque a família entende e apóia este trabalho social que ele realiza. E os filhos nunca deixam de telefonar pra eles todos os dias os filhos ligam para saber como eles estão. Até o filho que mora mais longe, lá em Manaus, liga pra eles todos os dias. É isso... família é lugar onde a gente quer receber e dar carinho, afeto e isso faz a gente superar tudo.
Texto do quadro Bom Samaritano
Exibido no Programa da Família dia 02.02.10