<![CDATA[Família Missionária]]> http://familiamissionaria.com.br/ pt-BR Família Missionária http://www.familiamissionaria.com.br/images/layout/logo.png http://familiamissionaria.com.br/ [2/11/2014] - A PALAVRA QUE NOS UNE - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2372 O maior instrumento de comunicação entre as pessoas é a palavra e Deus utiliza esse meio para se comunicar, mas infelizmente ainda não sabemos usar esse meio de forma positiva. As palavras provocam mal-entendidos, brigas, separações e os mais violentos sentimentos de oposição. Foi para que as pessoas se unissem que Deus transformou a sua própria Palavra em um homem, Jesus Cristo. Antes falava pelos profetas e agora fala por seu Filho. A comunicação entre Deus e a humanidade se dá de um modo vivo: Os discípulos de Jesus vivem seus ensinamentos sendo unidos pelo amor mútuo. É o que chamamos de Tradição. Depois essa vida é registrada por escrito. São as Sagradas Escrituras.

A divisão dos cristãos ainda hoje se alimenta de interpretações divergentes da Palavra de Deus. As partes em conflito justificam a existência de seu grupo com textos bíblicos. “Palavra não foi feita para dividir ninguém”, diz um belo canto pastoral. Pode Deus estar satisfeito com os filhos que usam sua Palavra para se dividir e se manter separados? Até quando? Quando nossa Igreja se colocou em estado de reforma e renovação de suas estruturas, a primeira coisa que reconheceu foi a importância da Palavra como instrumento de reintegração da unidade dos cristãos. Vemos que os ortodoxos, os anglicanos e todos os outros cristãos baseiam sua liturgia, sua teologia e sua vida na Palavra de Deus.

Sabendo que “a Palavra de Deus, na Sagrada Escritura, ilumina e alimenta os cristãos de todas as denominações” (GEE, 14), é preciso fazer dela uma fonte de entendimento e de reencontro dos irmãos. Assim, todos somos convidados a nos reunir ecumenicamente para ler e estudar a Palavra. O caminho da unidade se faz conhecendo melhor o nosso Senhor Jesus Cristo, pois “o desconhecimento das Escrituras é desconhecimento de Cristo”, já dizia São Jerônimo. Uma das maiores vitórias do movimento ecumênico é a Bíblia traduzida e comentada por especialistas de todas as Igrejas e comunidades eclesiais.

Existem hoje grupos de estudo bíblico nas casas, que congregam católicos e outros cristãos, com a preocupação de aprofundar a fé e conhecer as várias interpretações que levam as pessoas a uma fidelidade maior à sua própria denominação e à busca de meios de aproximação e unidade em Cristo. Eles sabem que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3, 16-17). Quem usa a Escritura para acusar e condenar os outros está contrariando a vontade de Deus. O Pai quer que sua Palavra seja usada para que seus filhos cresçam no amor mútuo e tenham maior união.

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2/11/2014
[1/7/2014] - Amor à Palavra - Pe Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2312 Uma das mentiras que se espalhavam entre os católicos de antigamente era que Lutero havia fundado uma nova Igreja. Nada mais falso. Essa nunca foi sua intenção. O que ele fez, na verdade, foi uma grande reforma com o apoio das autoridades civis, contra a vontade de Roma, em prejuízo da plena comunhão visível que havia entre todos os cristãos ocidentais. A obediência ao bispo de Roma, sinal de unidade, foi de fato quebrada. E não foi apenas a Alemanha que aderiu a essa revolta disciplinar. Todos os países do norte europeu aderiram ao protesto. E qual foi a principal reforma? Exatamente a necessidade de divulgar a Palavra de Deus, desconhecida do povo. Era preciso revalorizar a Palavra.

A Igreja naquele tempo dava mais importância aos sacramentos, aos rituais, às cerimônias, aos símbolos religiosos e às devoções. O povo era analfabeto, a língua usada tornara-se estranha e as pessoas preferiam ouvir histórias dos santos, na maioria lendas fantásticas. Cristo estava perdendo a centralidade da fé. Era preciso dar mais atenção à Palavra de Deus, despertar o amor ao Evangelho. O desafio era muito grande, mas as autoridades estavam acomodadas e não quiseram ouvir às inúmeras vozes que se levantavam a favor da reforma. Lutero e os outros reformadores insistiram, antes de tudo, na evangelização, tornando a Palavra conhecida e amada, provocando a conversão do coração, a adesão pessoal a Cristo.

Mas uma reforma feita em clima de guerra acaba provocando radicalismo e exageros. Para valorizar a Palavra, desvalorizaram-se os sacramentos, gestos, símbolos e rituais. Hoje, em clima de diálogo, reconhecemos como é importante realçar esse ou aquele ponto da fé que vai se tornando esquecido. Seguindo o exemplo dos cristãos reformados, a Igreja Católica empreendeu uma vigorosa reforma, embora com quinhentos anos de atraso. E vemos com alegria que eles estão recuperando aquilo que nós sempre valorizamos. O mais lamentável de tudo é que as reformas do passado foram feitas à custa da quebra de unidade visível da Igreja. A comunhão é o maior dom do Espírito Santo.

O maior exemplo dos irmãos, outrora protestantes, hoje diletos irmãos no Senhor, é o amor à Palavra de Deus. Diz o Guia de Espiritualidade: “Certos aspectos do mistério cristão têm sido mais efetivamente valorizados por outras Igrejas ou Comunidades Eclesiais. O Espírito Santo as tem enriquecido com modos próprios de ler e meditar a Sagrada Escritura, formas diversas de culto, diferentes expressões de testemunho cristão e santidade de vida” (GEE, 10). A Palavra em nosso culto já não é mais fria e seca. Ela tem vida, envolvendo-se com as mais diferentes expressões corporais: gestos, símbolos, canto e dança. Todos nós já compreendemos isto: Ela agora é o centro do Ecumenismo.

 

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1/7/2014
[1/7/2014] - Amor à Palavra - Pe Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2313 Uma das mentiras que se espalhavam entre os católicos de antigamente era que Lutero havia fundado uma nova Igreja. Nada mais falso. Essa nunca foi sua intenção. O que ele fez, na verdade, foi uma grande reforma com o apoio das autoridades civis, contra a vontade de Roma, em prejuízo da plena comunhão visível que havia entre todos os cristãos ocidentais. A obediência ao bispo de Roma, sinal de unidade, foi de fato quebrada. E não foi apenas a Alemanha que aderiu a essa revolta disciplinar. Todos os países do norte europeu aderiram ao protesto. E qual foi a principal reforma? Exatamente a necessidade de divulgar a Palavra de Deus, desconhecida do povo. Era preciso revalorizar a Palavra.

A Igreja naquele tempo dava mais importância aos sacramentos, aos rituais, às cerimônias, aos símbolos religiosos e às devoções. O povo era analfabeto, a língua usada tornara-se estranha e as pessoas preferiam ouvir histórias dos santos, na maioria lendas fantásticas. Cristo estava perdendo a centralidade da fé. Era preciso dar mais atenção à Palavra de Deus, despertar o amor ao Evangelho. O desafio era muito grande, mas as autoridades estavam acomodadas e não quiseram ouvir às inúmeras vozes que se levantavam a favor da reforma. Lutero e os outros reformadores insistiram, antes de tudo, na evangelização, tornando a Palavra conhecida e amada, provocando a conversão do coração, a adesão pessoal a Cristo.

Mas uma reforma feita em clima de guerra acaba provocando radicalismo e exageros. Para valorizar a Palavra, desvalorizaram-se os sacramentos, gestos, símbolos e rituais. Hoje, em clima de diálogo, reconhecemos como é importante realçar esse ou aquele ponto da fé que vai se tornando esquecido. Seguindo o exemplo dos cristãos reformados, a Igreja Católica empreendeu uma vigorosa reforma, embora com quinhentos anos de atraso. E vemos com alegria que eles estão recuperando aquilo que nós sempre valorizamos. O mais lamentável de tudo é que as reformas do passado foram feitas à custa da quebra de unidade visível da Igreja. A comunhão é o maior dom do Espírito Santo.

O maior exemplo dos irmãos, outrora protestantes, hoje diletos irmãos no Senhor, é o amor à Palavra de Deus. Diz o Guia de Espiritualidade: “Certos aspectos do mistério cristão têm sido mais efetivamente valorizados por outras Igrejas ou Comunidades Eclesiais. O Espírito Santo as tem enriquecido com modos próprios de ler e meditar a Sagrada Escritura, formas diversas de culto, diferentes expressões de testemunho cristão e santidade de vida” (GEE, 10). A Palavra em nosso culto já não é mais fria e seca. Ela tem vida, envolvendo-se com as mais diferentes expressões corporais: gestos, símbolos, canto e dança. Todos nós já compreendemos isto: Ela agora é o centro do Ecumenismo.

 

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1/7/2014
[1/7/2014] - Amor à Palavra - Pe Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2314 Uma das mentiras que se espalhavam entre os católicos de antigamente era que Lutero havia fundado uma nova Igreja. Nada mais falso. Essa nunca foi sua intenção. O que ele fez, na verdade, foi uma grande reforma com o apoio das autoridades civis, contra a vontade de Roma, em prejuízo da plena comunhão visível que havia entre todos os cristãos ocidentais. A obediência ao bispo de Roma, sinal de unidade, foi de fato quebrada. E não foi apenas a Alemanha que aderiu a essa revolta disciplinar. Todos os países do norte europeu aderiram ao protesto. E qual foi a principal reforma? Exatamente a necessidade de divulgar a Palavra de Deus, desconhecida do povo. Era preciso revalorizar a Palavra.

A Igreja naquele tempo dava mais importância aos sacramentos, aos rituais, às cerimônias, aos símbolos religiosos e às devoções. O povo era analfabeto, a língua usada tornara-se estranha e as pessoas preferiam ouvir histórias dos santos, na maioria lendas fantásticas. Cristo estava perdendo a centralidade da fé. Era preciso dar mais atenção à Palavra de Deus, despertar o amor ao Evangelho. O desafio era muito grande, mas as autoridades estavam acomodadas e não quiseram ouvir às inúmeras vozes que se levantavam a favor da reforma. Lutero e os outros reformadores insistiram, antes de tudo, na evangelização, tornando a Palavra conhecida e amada, provocando a conversão do coração, a adesão pessoal a Cristo.

Mas uma reforma feita em clima de guerra acaba provocando radicalismo e exageros. Para valorizar a Palavra, desvalorizaram-se os sacramentos, gestos, símbolos e rituais. Hoje, em clima de diálogo, reconhecemos como é importante realçar esse ou aquele ponto da fé que vai se tornando esquecido. Seguindo o exemplo dos cristãos reformados, a Igreja Católica empreendeu uma vigorosa reforma, embora com quinhentos anos de atraso. E vemos com alegria que eles estão recuperando aquilo que nós sempre valorizamos. O mais lamentável de tudo é que as reformas do passado foram feitas à custa da quebra de unidade visível da Igreja. A comunhão é o maior dom do Espírito Santo.

O maior exemplo dos irmãos, outrora protestantes, hoje diletos irmãos no Senhor, é o amor à Palavra de Deus. Diz o Guia de Espiritualidade: “Certos aspectos do mistério cristão têm sido mais efetivamente valorizados por outras Igrejas ou Comunidades Eclesiais. O Espírito Santo as tem enriquecido com modos próprios de ler e meditar a Sagrada Escritura, formas diversas de culto, diferentes expressões de testemunho cristão e santidade de vida” (GEE, 10). A Palavra em nosso culto já não é mais fria e seca. Ela tem vida, envolvendo-se com as mais diferentes expressões corporais: gestos, símbolos, canto e dança. Todos nós já compreendemos isto: Ela agora é o centro do Ecumenismo.

 

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1/7/2014
[21/3/2014] - Graça Inspiradora - Pe. Paulo Gozzi http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2250 Sentir vontade de trabalhar pela união dos cristãos é uma graça toda especial. O Espírito Santo começa a inspirar no coração essa graça, levando-nos a fazer alguma coisa para atender ao seu apelo. Passamos por um processo espiritual: queremos obedecer ao Pai, seguir o desejo de Cristo e deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo. Tocados pela graça, percebemos que ser ecumênico não é só ter diplomacia eclesial, nem somente diálogo acadêmico sobre nossas diferenças e nem ter simples cooperação pastoral. Viver a graça do ecumenismo é ficar feliz quando descobrimos a presença da verdade e da santidade nas outras Igrejas cristãs. É o que afirma o Concílio Vaticano II (UR 8).

Quanto mais um grupo católico que trabalha no movimento ecumênico entra em contato com outros cristãos, mais descobre coisas que vieram de uma fonte comum, o Evangelho. Participando de um culto dominical e conversando com pessoas de determinada denominação, esse grupo constata com alegria que aquilo que nos une é bem mais e maior do que aquilo que nos divide: a mesma fé no Deus Uno e Trino, o Batismo, o amor à Palavra de Deus, a vida de oração, tanto pessoal como em comunidade, o episcopado que muitos têm, a Eucaristia e a veneração pela Santíssima Virgem Maria. Uma Igreja valoriza mais um aspecto, outra valoriza mais outro aspecto. São descobertas muito interessantes...

Assim diz o Guia de Espiritualidade Ecumênica: “O poder santificador do Espírito Santo trabalha entre eles, fortalecendo-os em santidade. É o Espírito que tem dado coragem aos cristãos de muitas denominações quando enfrentam perseguição mesmo até o martírio” (GEE, 8). Conhecendo a fraqueza humana, não escondemos nossos defeitos para realçar os defeitos deles. Muito ao contrário, no amor à verdade, expomos, com humildade, nossas falhas e valorizamos, com alegria, as qualidades dos outros cristãos. Quando vemos certos grupos agredindo-nos com palavras violentas, nem sempre verdadeiras, podemos  dizer que essa falta de caridade comprova que nem cristãos eles são.

O cristão se conhece por suas atitudes de amor e compaixão e não porque apresenta arrogante uma certidão de batismo... A renovação espiritual que o Concílio trouxe leva-nos a compreender a Igreja antes de tudo como uma comunhão. Não existe cristão isolado. O batismo é uma graça de comunhão. Viver o batismo é viver em comunhão uns com os outros numa comunidade concreta. Mas também uma comunidade não pode ignorar e se isolar de outra comunidade. A comunhão continua incompleta. A exigência da espiritualidade ecumênica é que haja um crescimento constante de comunhão entre as mais diferentes comunidades, através da remoção gradativa dos obstáculos mais graves.

 

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21/3/2014
[1/3/2014] - ESPIRITUALIDADE ECUMÊNICA - Pe Paulo Gozzi http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2235 Todos os que trabalhamos no movimento ecumênico dentro da Igreja Católica percebemos que não é possível alcançar nossos objetivos se não possuirmos uma sólida espiritualidade ecumênica. Depois de analisarmos o decreto sobre o Ecumenismo do Concílio Vaticano II e também a carta do Beato João Paulo II sobre o mesmo assunto, vamos nos dedicar agora ao estudo de um recente documento elaborado pelo cardeal Walter Kasper, até a pouco tempo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, com sede em Roma. Trata-se do Guia para uma Espiritualidade Ecumênica, que oferece sugestões práticas para realizar um ecumenismo mais eficaz.

O ponto de partida é justamente a grande oração que Jesus fez ao Pai, encontrada no capítulo 17 do Evangelho de São João.  É interessante notar que Cristo não pede aos discípulos que sejam unidos, porque a unidade de seus seguidores não depende de arranjos e conchavos humanos, regras e normas para um bom relacionamento entre irmãos. Somente dentro da oração dirigida ao Pai é que ele manifesta seu desejo e faz esta súplica: “Para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti” (Jo 17,21). A única ordem que o Senhor nos dá é que nos amemos como ele nos amou. A unidade é um dom que vem do alto. Amar depende de nós, mas sermos unidos depende de Deus.

Antes de conversar sobre nossas semelhanças e diferenças, quando nos encontramos com nossos irmãos de outras denominações, é preciso imitar o Cristo: Começamos pela oração dirigida ao Pai, unindo-nos à oração de Jesus, declarando-lhe nossa incapacidade em fazer comunhão. Brigar e nos dividir nós sabemos muito bem, mas não somos capazes de nos reconciliar. É o poder do Espírito Santo que irá fazer isso em nós e por nós. Em clima de fé e oração, sentindo humildemente nossa dependência de Deus, passamos a nos enxergar de modo diferente. O que conta não é o nosso ponto de vista teológico e sim os valores do Reino de Deus e a nossa comunhão fraterna.

O Salmo 127 nos dá a exata dimensão do ecumenismo: “Se o Senhor não construir a casa, é inútil o cansaço dos pedreiros. Se não é o Senhor que guarda a cidade, em vão vigia a sentinela”. Nossa abertura começa por um sério exame de consciência histórica. O Guia nos diz: “O caminho da unidade começa por uma profunda dor no coração pela ferida da divisão. Quanto dano tem sido provocado por orgulho e egoísmo, por polêmicas e condenações, por desprezo e presunção” (n° 6). Cremos que essa ferida só pode ser curada se mudarmos nosso modo de ver as coisas, tendo uma nova mentalidade, aberta e acolhedora, voltada para a realidade de nossos irmãos ainda divididos pela intolerância.

 

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1/3/2014
[16/11/2013] - CONCÍLIO QUER UNIDADE CRISTÃ - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2115 Chegamos ao 33° e último artigo contendo comentários sobre a única e monumental Carta Encíclica de João Paulo II a respeito do ecumenismo, a Ut Unum Sint (UUS – Que Sejam Um). Esse grande Papa, agora contado entre os bem-aventurados, mostra-nos que sua missão dentro da Igreja como bispo de Roma é a de unir, reconciliar, abrir novos caminhos para que todos os católicos, sem exceção, não só se preocupem, mas se empenhem no trabalho ecumênico, a começar pela oração até as atividades concretas. A carta termina com um grande apelo a todos os católicos e outros cristãos, irmãos e irmãs das outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, para que busquem, confiantes, a unidade.

Comemorando agora 50 anos de sua abertura, o Concílio Vaticano II foi convocado pelo Beato João XXIII para reformar e renovar profundamente a Igreja, com o objetivo de conseguir a reintegração da unidade de todos os cristãos, que foram se dispersando ao longo de dois milênios. A vontade de todos os pastores da Igreja, inclusive convidados especiais de outras Igrejas cristãs, foi expressa no sentido de devolver o brilho do testemunho que os primeiros cristãos deram ao mundo. Renovar significou para os bispos conciliares uma volta às origens apostólicas, ao tempo dos primeiros mártires e dos pais da Igreja primitiva.

Os que rejeitam a reforma, querendo continuar com as formas e fórmulas anteriores ao Concílio, estão mostrando sua ignorância e rebeldia aos pastores da Igreja, renegando e traindo o próprio Senhor, que deseja uma Igreja atualizada, próxima aos pobres e humildes, não uma Igreja das elites, dos ricos e poderosos. O Concílio quer que a Igreja esteja perfeitamente adaptada à cultura de cada povo e que a fé seja expressa dentro da língua e dos costumes locais, como era no princípio. Precisamos voltar à antiga e original Tradição de Unidade da Igreja. O que divide os cristãos são coisas que foram se acumulando ao longo dos séculos e se fixaram, mas não fazem parte da verdadeira Tradição.

O Papa termina a carta apresentando três modos de conseguir a plena comunhão dos católicos com os outros cristãos: A oração pela unidade, que mostra amor a Cristo e à Igreja; a ação de graças por tudo o que já se conseguiu; e a esperança no Espírito, que afasta as recordações dolorosas do passado de divisões e nos dá lucidez, força e coragem para o trabalho ecumênico. “E se nos viesse a vontade de perguntar se tudo isso é possível, a resposta será sempre: Sim! A mesma resposta ouvida por Maria de Nazaré, porque a Deus nada é impossível” (UUS, 102). Nossa preocupação deve ser a de fazer a vontade do Pai, que quer ver seus filhos vivendo em paz e concórdia, num só sentimento de família unida.

 

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16/11/2013
[2/11/2013] - Cristãos Infantis e Maduros - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2085 O que é que mais desejamos e procuramos em uma família? Sem dúvida alguma, é a unidade. Se analisarmos as brigas e discussões que provocam separação e divisão entre os membros de uma família, concluímos que tudo provém de atitudes infantis, imaturas e egoístas. A reconciliação está profundamente ligada ao amadurecimento das pessoas. Tem gente que nunca amadurece e os desentendimentos são sempre mais profundos. O tempo ajuda-nos a amadurecer e perceber quão ridículos e infantis fomos ao dar mais importância a interesses mesquinhos do que aos valores fundamentais da família. “Como é bom, que felicidade é ver irmãos convivendo na unidade!” diz o Salmo.

A divisão dos cristãos foi provocada ao longo dos séculos pelas mesmas atitudes carregadas de infantilismo e imaturidade, que impedem a reconciliação. Quanto mais maduros na fé, mais responsabilidade sentimos na reconstrução da unidade da grande família que é a Igreja. A situação de divisão prejudica o cumprimento da missão de evangelizar. O movimento ecumênico nasceu justamente por causa da atividade missionária, onde os cristãos perderam a credibilidade porque pregavam uma coisa que não viviam. Como podemos anunciar o Evangelho da Reconciliação, do Perdão e do Amor se não damos o exemplo de união entre nós? Falar é fácil, difícil é dar o exemplo. 

João Paulo II pergunta: “Perante missionários que estão em desacordo entre si, embora todos façam apelo a Cristo, saberão os incrédulos acolher a verdadeira mensagem?  Não pensarão que o Evangelho é fator de divisão, ainda que seja apresentado como a lei fundamental da caridade?” (UUS, 98). A missão de Jesus foi esta: reconciliar a humanidade com Deus e entre si. E seus discípulos devem continuar a mesma tarefa, mostrando os caminhos para a reconciliação: a humildade, o crescimento da fé, o diálogo e um profundo amor à Verdade. Ao vermos cristãos sem caridade, julgando-se donos da verdade, arrogantes e prepotentes, deduzimos que são imaturos, infantis e infelizes. 

Graças a Deus os dirigentes de nossa Igreja têm feito muitos apelos para que todos busquem um amadurecimento maior da fé, através da formação contínua, de atividades que visem uma participação maior na comunidade e de abertura e acolhimento aos mais carentes. Na medida em que participamos de cursos e reuniões de formação teológica e pastoral, saímos do infantilismo espiritual e descobrimos que o amor de Deus deseja reconciliar toda a humanidade em Cristo, a começar de sua Igreja. Ignorar ou impedir o trabalho ecumênico torna-se uma ofensa ao Pai que tanto deseja ver seus filhos reconciliados no amor. O cristão maduro percebe que a unidade plena é de importância fundamental na Igreja.

 

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2/11/2013
[20/10/2013] - A Igreja de Pedro e Paulo, Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2069 A Igreja de Roma conserva ao longo dos séculos o testemunho vivo do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo, considerados colunas mestras da Igreja de Jesus Cristo. Cristãos que serviram a Igreja nos mais diferentes ministérios e em vários lugares, desde o primeiro século até os dias de hoje, deixaram muitos escritos falando do bispo dessa cidade e do papel que deve desempenhar em relação aos outros bispos da Igreja. A liderança de Roma à frente de outras Igrejas vem dessas duas testemunhas que derramaram ali seu sangue por Cristo. E essa Igreja foi edificada também com o sangue de uma incontável multidão de mártires durante os três primeiros séculos da era cristã.

Pedro é uma grande figura de destaque entre os evangelistas, especialmente Mateus, Lucas e João, onde Jesus transmite a ele uma tarefa especial baseada inteiramente na graça divina, pois também a fraqueza humana de Pedro aparece com grande destaque, necessitando ele de constante conversão. Paulo, exercendo um apostolado bem diferente do de Pedro, também atesta em seus escritos que tudo o que ele fez pela Igreja vem da graça e não de sua própria força: “Quando me sinto fraco, então é que sou forte, pois é na fraqueza que a força de Deus se revela totalmente”, diz ele aos coríntios. Desses dois apóstolos aprendemos que todo e qualquer serviço na Igreja deve ser exercido pela graça de Deus.

O papel do papa como continuador da missão de Pedro e responsável pela comunhão de todas as Igrejas entre si, o primeiro servidor da unidade, nunca foi colocado em dúvida no primeiro milênio da Igreja. À medida que, no segundo milênio, o desempenho desse ministério foi se alterando, ao ponto do serviço ser confundido com poder e dominação, a contestação cresceu e a rejeição ao papa se desenvolveu. Os grupos mais radicais, que desejam viver a fé evangélica de modo simples e puro, chegam a negar totalmente a necessidade de existir qualquer tipo de autoridade humana para que haja Igreja de Cristo. O terceiro milênio deverá ser marcado pelo retorno às origens.

As circunstâncias que levaram à centralização do poder na figura do papa dentro do mundo medieval mudaram completamente. É isso que o Concílio Vaticano II reconhece, demonstrando a necessidade de reforma das estruturas da Igreja. João Paulo II está convencido que o modo do papa agir como primaz universal precisa ser totalmente diferente e surpreende a todos fazendo um pedido inédito: Que os pastores e teólogos de todas as Igrejas e Comunidades cristãs procurem encontrar juntos novas formas que correspondam ao novo contexto vivido pela Igreja no mundo atual. Que o exercício do primado papal “possa realizar um serviço de amor, reconhecido por uns e por outros” (UUS 95).

 

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20/10/2013
[13/10/2013] - Primazia Universal http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=2048 A unidade da Igreja foi sempre uma preocupação dos seus líderes desde que ela começou a se espalhar para todos os lugares, línguas, raças e nações. Diante da tendência sectária que as pessoas têm, formando grupos isolados, os líderes tomavam atitudes severas, como fez Paulo com os cristãos de Corinto. Pouco mais tarde, quando os Bispos de cada cidade sentiram a necessidade de criar estruturas para garantir a comunhão, formando uma só Igreja composta de muitas Igrejas, começaram a se reunir em torno do Bispo da cidade mais antiga (arquépolis). Esse Bispo que presidia a reunião de seus colegas era chamado de Arcebispo ou Primaz, o mais antigo bispo ou o primeiro de todos.

Os primazes reuniam-se em torno de um Bispo cuja sede tinha muita importância política ou tinha sido liderada por um Apóstolo. Esses grandes primazes também eram chamados de Patriarcas, isto é, pais que governam. Na antiguidade havia cinco patriarcas que mantinham a unidade de toda a Igreja e eram respeitados na seguinte ordem: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Nestes últimos tempos de intenso diálogo entre todos os grupos cristãos, este assunto está voltando com toda a força: Não seria importante que uma futura Igreja reconciliada tivesse novamente a presidência de um Primaz universal, como na antiga Igreja de nossos pais na fé?

Esse ministério universal da unidade cristã está sendo estudado por quase todas as comissões internacionais de diálogo bilateral. Foram muitos séculos de violenta polêmica em torno da figura do papa, tido como o pomo da discórdia, o oposto do que deveria ser o seu papel entre os cristãos. Agora conseguimos compreender o contexto histórico que o levou a agir como ele agia e age até hoje. Está nascendo um novo olhar sobre esse ministério. Nossa Igreja começa a discutir o assunto com as Igrejas Ortodoxa, Anglicana, Luterana e outras. “É significativo e encorajador que a questão da primazia do Bispo de Roma esteja presente como tema essencial, não só nos diálogos teológicos, mas também de modo geral no conjunto do movimento ecumênico” (UUS 89).

Roma foi sempre considerada a primeira das Igrejas, pois é nela que se conserva o testemunho do martírio de Pedro e Paulo, colunas que sustentam toda a fé da Igreja. Para entender a função do Bispo de Roma em relação à Igreja é preciso examinar as Escrituras que dão a Pedro um papel de destaque entre os apóstolos. Diante da multidão que se reuniu em volta dos discípulos de Jesus no dia de Pentecostes, “Pedro, que aí estava com os outros onze apóstolos, levantou-se e falou em voz alta...” (Atos 2,14). Esta e outras passagens demonstram que Pedro sempre falava em nome do pequeno grupo que seguia Jesus de perto, os apóstolos.

 

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13/10/2013
[13/9/2013] - Servo dos Servos de Deus - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1997 São Gregório Magno, bispo de Roma entre os anos 590 e 604, escrevendo a respeito de sua atividade na Igreja, chamou a si mesmo de “Servo dos Servos de Deus”. Essa bela expressão é um dos títulos do papa até hoje. A carta de João Paulo II que estamos estudando demonstra que o Senhor Jesus quer que aquele que dirige a Igreja em seu nome nunca deixe de se sentir o último de todos. Como Jesus, o líder não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida por todos... Jesus deu ao apóstolo Pedro uma tarefa especial: a de manter unido todo o grupo dos Apóstolos e de falar em nome deles. E o bispo da cidade onde Pedro deu o seu sangue por Cristo, assumiu essa mesma tarefa.

Ao contrário dos líderes políticos do mundo, que mandam e desmandam, oprimem o povo e abusam de seu poder, os que têm autoridade na Igreja devem ser ministros, isto é, servos da comunidade. O Senhor Jesus já dizia que no mundo funciona deste jeito: Os líderes pisam no povo. Mas entre os seus discípulos não pode ser assim: O primeiro seja o último e o servo de todos! O poder da autoridade eclesial jamais se separa do ministério. Entre nós o chefe é servo! E se o chefe começar a imitar os líderes do mundo, vai entrar em contradição com o Evangelho e estará desobedecendo a ordem do Senhor. Um dos motivos da divisão entre cristãos no passado está justamente no modo como o papa agia.

Nós e nossos irmãos não-católicos temos muito viva na memória a triste e dolorosa recordação de atitudes prepotentes e arbitrárias, que visavam interesses políticos e pessoais. Por isso, de novo, o papa implora o perdão dos irmãos. Continuamos hoje, depois de todas as reformas da Igreja que o Concílio protagonizou, a ter consciência e convicção da importância desse serviço especial que o papa deve realizar perante os outros bispos do mundo, dando continuidade ao ministério petrino, aquele serviço que Pedro realizou perante os outros Apóstolos. O papa não está acima dos bispos, mas à frente, para ser sinal e garantia daquela unidade visível que deve existir entre todos os seguidores de Cristo.

A esse respeito o documento conciliar sobre a Igreja diz que Jesus fundou a Igreja “enviando os Apóstolos, assim como ele mesmo fora enviado pelo Pai”. E “para que o próprio Episcopado fosse uno e indiviso prepôs aos demais Apóstolos o bem-aventurado Pedro e nele instituiu o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade de fé e comunhão” (Lumen Gentium 18). O verbo foi muito bem escolhido. Jesus não sobrepôs e nem impôs, mas prepôs, isto é, colocou Pedro à frente dos Apóstolos. Na verdade, os ministros ordenados são apenas três: diáconos, presbíteros e bispos. O resto são títulos que indicam tarefas adicionais. Nossa Igreja foi a única que conservou o ministério petrino (UUS 88).

 

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13/9/2013
[1/9/2013] - Antigas igrejas do Oriente - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1979 Há um grupo especial de Igrejas no Oriente separadas a muito mais tempo de nós do que os Ortodoxos e não podem ser confundidas com estes. Quando falamos de orientais, nós costumamos pensar somente nos Ortodoxos, que vieram do Grande Cisma no ano de 1054, isto é, separados há “apenas” 957 anos... Hoje, com a anulação das excomunhões mútuas em 1965, temos quase total comunhão com eles. É um grupo de 16 Igrejas em plena comunhão entre si, lideradas pelo Patriarca de Constantinopla (Istambul).

Esse outro grupo, quase sempre esquecido, está separado de nós e dos Ortodoxos desde o Concílio de Éfeso, no ano 431, e do Concílio de Calcedônia, no ano 451. Isto significa há 1.580 e 1.560 anos atrás respectivamente! Formam um grupo de cinco Igrejas não ortodoxas, chamadas apostólicas, pois, têm origem nos Apóstolos, que vale a penas mencionar: A Igreja da Síria Ocidental, a Igreja de Alexandria do Egito, a Igreja copta da Etiópia, a Igreja da Armênia e a Igreja Malabar da Índia. Isoladas, ignoradas, incompreendidas e perseguidas por enormes barreiras históricas, políticas, sociais e culturais, essas Igrejas foram lembradas, chamadas a participar do Concílio Vaticano II e carinhosamente abraçadas pelo Beato João XXIII.

As antigas controvérsias teológicas que provocaram o cisma com essas Igrejas estão hoje praticamente superadas e já foram feitas declarações de Paulo VI e João Paulo II com os respectivos patriarcas eliminando as divergências. Trata-se de maneiras diferentes de falar sobre as mesmas verdades de fé, a respeito da maternidade divina de Maria e da pessoa de Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Como exemplo, citemos a visita a Roma do venerável Patriarca da Igreja da Etiópia, Abuna Paulos, em 1993. O papa sublinhou a profunda comunhão existente entre as duas Igrejas dizendo: “Compartilhamos a fé transmitida pelos Apóstolos, bem como os mesmos sacramentos e o mesmo ministério, radicados na sucessão apostólica (...). Hoje, aliás, podemos afirmar que temos uma só fé em Cristo, apesar de, por longo tempo, isso ter sido uma fonte de divisão entre nós” (Ut Unum Sint, 62).

Como é que conseguimos, como num passe de mágica, eliminar discórdias tão antigas? Pelo diálogo! E nesse diálogo houve muita boa vontade, caridade, paciência, compreensão melhor do outro, cuidadosa pesquisa teológica e histórica, esclarecimento de vários pontos e eliminação de toda dúvida e desconfiança. Acima de tudo, houve profundo respeito à enorme diversidade cultural. Assim como o marido e a mulher que se reconciliam após uma breve separação, as Igrejas devem redescobrir aquele primeiro amor que as unia no princípio de tudo...

 

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1/9/2013
[25/8/2013] - Da menor à maior comunhão - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1965 Há pouco tempo assistimos à grande tragédia causada por chuvas e deslizamentos de terra. Tantas mortes e desabrigados! A imagem vista do alto era desoladora... A sociedade se mobilizou para amenizar tanta dor! Ninguém pode ficar indiferente diante de tal drama. Para as pessoas de fé, o Espírito Santo é quem toca os corações, sensibilizando-os com o amor solidário. Se contemplarmos a Igreja bem do alto vamos ter uma visão parecida: Um campo devastado pelas brigas e divisões, áreas isoladas, mortes e desamparo. E o mesmo Espírito está sensibilizando os cristãos para que iniciem a reconstrução e sejam reintegrados na comunhão que o Senhor sempre quis para seus discípulos.

A tarefa do movimento ecumênico é reunir os cacos do vaso quebrado colando-os com o amor fraterno, sem deixar nenhum fragmento perdido. As Comunidades cristãs estão dialogando e seus membros se relacionando. Na medida em que o diálogo evolui estão descobrindo o grau de comunhão que já existe entre elas. Este é o ponto de partida para que se comece a resgatar e recuperar os bens dispersos, alguns perdidos, recolocando-os em seus devidos lugares. Dizia João Paulo II: “O Senhor concedeu aos cristãos do nosso tempo a possibilidade de reduzir o contencioso tradicional” (Ut Unum Sint, 49). Isso quer dizer que, passo a passo, todas as questões pendentes vão encontrando uma solução e aumentando o grau de comunhão existente.

Tomemos como exemplo as duas grandes Tradições: a Romana, liderada pelo bispo de Roma e a Ortodoxa, liderada pelo bispo de Constantinopla, hoje Istambul. Por mil anos mantiveram-se em comunhão plena, mas ao longo desse mesmo período as relações mútuas foram se deteriorando, até culminar nas excomunhões recíprocas de 1054, atos jurídicos e canônicos que reduziram a zero o grau de comunhão. Por novecentos anos os dois grupos mantiveram-se isolados. A partir do convite de João XXIII, os orientais retomaram os contatos, intensificando gradualmente as relações mútuas conosco até o ponto de serem supressas as duas excomunhões, pelos dois grandes líderes: Paulo VI e Atenágoras I, no dia 7 de dezembro de 1965, pondo fim ao doloroso cisma.As comissões de diálogo com todas as Igrejas Ortodoxas, que estão em comunhão plena entre si, os constantes encontros e celebrações em comum, o reconhecimento de todos os bens espirituais e sacramentais, e especialmente a sucessão apostólica, mostram-nos que falta pouco para a plena comunhão das Igrejas do Ocidente e do Oriente. Em pouco tempo vimos um crescimento enorme da menor à maior comunhão, uma comunhão quase plena. Quem acompanha de perto esse progresso pode dizer tranquilamente: “Estamos amparados pela luz e pela força do Espírito Santo” (Ut Unum Sint, 61).

 

 

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25/8/2013
[11/8/2013] - A Comunhão dos Santos - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1941 Quando convivemos com pessoas de outras comunidades cristãs, o que mais nos chama a atenção é aquela vontade sincera de seguir Cristo que esses irmãos têm. O fato de alimentarem-se todos os dias com a Palavra de Deus, procurando conhecer a vontade do Pai, só pode produzir frutos de santidade na vida dos seguidores de Cristo. São Paulo chamava de santos os seus companheiros de caminhada aqui na terra. De fato, quem está subindo a escada da santidade cada dia, não importa em qual degrau esteja, se no terceiro ou no trigésimo oitavo, pode ser chamado de santo. Santo não é quem já é perfeito, mas aquele que está se aperfeiçoando, mesmo tendo ainda muitos defeitos.

Na Profissão de fé, todos os batizados dizemos: “Creio na Comunhão do Santos”. Há entre aqueles que vivem em profunda intimidade com Cristo e que chegam a derramar seu sangue para testemunhar os valores do Evangelho, uma plena comunhão. O martírio até a morte é o máximo da vida da graça e a plenitude da comunhão dos santos. Todos os grupos cristãos possuem seus santos até os dias de hoje, testemunhas de Cristo que deram ou não seu sangue, formando uma imensa lista que chamamos de Martirológio. Embora as comunidades não estejam ainda em plena comunhão aqui na terra, seus santos já alcançaram a comunhão perfeita no Céu.

Falamos no patrimônio comum dos cristãos em matéria de organização, celebrações, tradições e doutrinas, mas nunca mencionamos a santidade como o principal elemento de nossa união. Nossas igrejas, com os mais diferentes rótulos (católica, luterana, ortodoxa), são verdadeiras escolas de santidade. De que adianta o que pensamos, falamos e fazemos, como membros de uma igreja, se não conseguimos ser santos? É o Espírito que nos dá a graça de sermos santos. E se respondemos a essa graça dando frutos de santidade, podemos também responder ao seu chamado à unidade. “A santidade é o sinal e a prova da vitória de Deus sobre as forças do mal que dividem a humanidade” (UUS, 84).

Ao ler a vida dos santos descobrimos que nenhum é igual ao outro, nenhum é cópia do outro. Cada um tem suas características, qualidades e preocupações. Imitando a Cristo foram capazes de serem eles mesmos. Estudando as características de cada grupo cristão, em vez de pensar nelas como divergências que separam, pensemos como riquezas que se complementam. Cada comunidade valoriza mais um ou outro aspecto da vida cristã, permitindo que tenhamos uma visão mais global do Evangelho. Diz João Paulo II: “Deus tira o bem até mesmo das situações que contrariam sua vontade e saberá superar os obstáculos herdados do passado para alcançarmos a plena comunhão da Igreja” (UUS, 85).

 

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11/8/2013
[28/7/2013] - Santos não Católicos - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1916 Aconteceu um dia que eu estava participando da ordenação de um amigo meu. Conhecia toda a sua família, especialmente sua querida mãe, uma senhora que possuía um amor excepcional aos pobres, de uma bondade sem igual, pessoa delicada, serena, sempre sorridente. Ao meu lado estava sentado um padre muito irrequieto e falador. Num determinado momento ele voltou-se para mim e perguntou: “O senhor conhece a mãe dele?”, referindo-se ao ordinando. Eu respondi: “Claro, ela é uma santa!” E ele disse prontamente: “Santa? Santa? Ela é espírita! Como é que pode ser santa?” Lancei-lhe um olhar furioso e me calei... Mas será mesmo que pessoas de outra religião podem ser santas?

Desde o início, a Igreja foi sempre banhada com o sangue dos mártires. Até hoje quantos cristãos são perseguidos e mortos por causa do testemunho que dão de Cristo e do seu Evangelho. O martírio é uma das características da Igreja, que se torna cada vez mais autêntica e numerosa pela firmeza e convicção de seus membros. A testemunha fiel de Cristo sabe que ninguém pode tirar-lhe a vida, crê na ressurreição e na felicidade da vida com Deus no Reino eterno. Não teme aqueles que podem tirar-lhe a vida corporal. E isso não é exclusividade do católico. Todo cristão, de qualquer Igreja, por sua coerência em viver de acordo com o Evangelho, é mártir e santo. O Concílio Vaticano II reconheceu logo isso.

Na tradição cristã duas são as Igrejas que têm o costume de reconhecer oficialmente a santidade de alguém, o que chamamos de canonização: A Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica Romana. Também os anglicanos aceitam e celebram seus santos, especialmente os antigos. Quando Paulo VI canonizou em conjunto um grande número de mártires de Uganda em 1964, havia em meio a eles muitos anglicanos que deram seu sangue junto com os católicos. É incontável o número de luteranos que morreram nas prisões nazistas, junto com católicos e judeus, porque se opuseram à tirania da injustiça e das mais elementares violações dos direitos humanos.

João Paulo II repete a afirmação de Paulo VI, de que “todas as Comunidades cristãs têm mártires da fé”. E diz mais: “Não obstante o drama da divisão, estes irmãos conservaram em si mesmos uma união a Cristo e ao seu Pai, tão radical que pôde chegar até ao derramamento de sangue” (UUS, 83). No relacionamento com irmãos de outras confissões, é reconfortante ver como eles procuram viver a santidade de vida. Tanto eles como nós temos consciência de que o batismo, recebido por eles e por nós, nos chama a ser verdadeiramente santos. Todo batizado sabe que a força que o Espírito Santo lhe dá para viver a santidade é a mesma que o leva a superar todos os obstáculos que ainda dividem os cristãos.

 

 

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28/7/2013
[11/7/2013] - Diálogo de conversão - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1861 Eis uma nova expressão, criada por João Paulo II, em sua Carta “Ut Unum Sint” (Que sejam um) sobre o Ecumenismo. Dialogar no espírito de conversão, dialogar convertendo-nos, dialogar reconhecendo os próprios erros. Esse deve ser da agora em diante o fundamento para todo e qualquer tipo de relacionamento com os irmãos de outras Igrejas. Para serem verdadeiramente fiéis a Cristo, os católicos precisam assumir o compromisso ecumênico de trabalhar pela unidade da Igreja. A primeira atitude é um exame de consciência na busca do que realmente provocou a divisão dos cristãos. O Espírito é quem nos inspira a ter a humildade de reconhecer o quanto erramos no passado (cfr. UUS, 82).

É um erro utilizar a palavra “conversão” designando a passagem de uma pessoa para um grupo, uma instituição, uma Igreja: “Fulano se converteu para a Igreja Católica”! A conversão se dá na dimensão espiritual, completamente interior, e significa decisão de fidelidade a Cristo. A atitude exterior de se filiar a uma Igreja demonstra que a pessoa acredita que aquele determinado grupo expressa melhor em suas estruturas a fé cristã, comum a todos os batizados em Cristo nas mais diferentes Igrejas. No diálogo ecumênico ninguém jamais pensa em migrar de um lado para outro. Quem entra no diálogo vai com o coração aberto para ouvir, mais do que falar, aprender, mais do que ensinar.

Diálogo de conversão significa colocar-se diante de Deus em oração, tomar consciência dos pecados de sua Igreja e de seus próprios, confessar perante os irmãos essas culpas, pedir perdão por si e pela Igreja e entregar-se nas mãos de Jesus Cristo, nosso Advogado junto ao Pai. Nos encontros ecumênicos pensa-se muito em ser gentil, cordial, dar tapinhas nas costas, ter uma convivência polida exteriormente. Isso pode até ser o primeiro passo, mas ainda está longe da vida de profunda comunhão fraterna. Quando há disposição para a conversão, não pode haver complacência e nem indulgência para com nossos erros. Muitos tentam suavizar ou justificar suas próprias falhas. Nada mais hediondo!

 

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11/7/2013
[2/6/2013] - Ecumenismo das Bases - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1795 Uma grande preocupação e um sério problema que estamos enfrentando no diálogo ecumênico é fazer com que os resultados conseguidos até agora cheguem até as bases da Igreja. A maioria dos padres e do povo em nossa Igreja não fica sabendo dos acordos e do crescimento e aprofundamento da comunhão entre todos os cristãos. O mesmo se diga das bases das outras Igrejas cristãs. Todas as Comissões Bilaterais fazem documentos com afirmações teológicas que comprovam a diminuição das divergências e o aumento das convergências. Esse progresso precisa se tornar patrimônio comum para todo o povo de Deus. Tudo o que se relaciona à fé deve ter um consenso universal.

A nova tarefa agora é fazer a divulgação de tal modo que todos possam receber e aceitar a fé comum, numa nova linguagem e nova compreensão, de acordo com os novos laços de comunhão alcançados. Nossa Igreja Católica encontra-se em diálogo oficial praticamente com todos os diferentes grupos cristãos, sejam Igrejas ou Comunidades eclesiais, em nível internacional e nacional. No Brasil temos apenas duas Comissões em diálogo: Com os luteranos e com os anglicanos. Essas comissões traduzem e adaptam para o Brasil todos os documentos elaborados nas comissões internacionais e publicam o resultado, mas estão preocupados se ele está chegando às paróquias e comunidades.

É fundamental que os seminários e escolas de teologia para leigos realizem esse trabalho. É bom sempre lembrar que uma coisa é o Depósito da Fé, todo o conteúdo da fé que os Apóstolos deixaram, e outra coisa é a interpretação, a formulação e a explicação com palavras bem atuais para expressar esse depósito, buscando uma linguagem comum a todos os cristãos. Ninguém deve ter medo. A fé não diminui, mas cresce, não se modifica, mas amplia a sua compreensão, não afirma novas verdades, mas reafirma com novo vigor e de um novo jeito as mais puras e antigas verdades da fé apostólica. Dos Bispos aos fiéis leigos, nos livros, revistas e homilias, todos devem estar envolvidos nessa tarefa.

                Sabemos que a mente humana tem uma grande facilidade para dividir, separar e desunir. Mas para reverter esse processo, para reunir, reconciliar e consertar o estrago feito sente-se totalmente incapaz. É aqui que nós nos entregamos nas mãos de Deus para que Ele ilumine a mente humana. Todos nós recebemos a unção do Espírito Santo, que assiste tanto os pastores quanto os fiéis. “Este processo, que se há de efetuar com prudência e em atitude de fé, terá a assistência do Espírito Santo. Para que tenha êxito favorável, é necessário que os resultados conseguidos sejam oportunamente divulgados por pessoas competentes” (Ut Unum Sint, 81). A graça de Cristo jamais será completa enquanto não for compartilhada.

 

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2/6/2013
[18/5/2013] - Temas Fundamentais - Pe Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1759 No diálogo ecumênico existem muitas questões que devem ser aprofundadas. É preciso saber o que é secundário, podendo ser deixado ao gosto de cada grupo, variações que não afetam o conjunto da fé. A maioria das diferenças, de fato, fica a critério de cada grupo ou cada fiel, de acordo com a liberdade de consciência e de escolha. Existem, porém, alguns pontos que não podem ser deixados livres. Resumem-se em apenas cinco temas que julgamos indispensáveis. Numa comunidade de quase dois bilhões de batizados, de todas as raças, culturas e nações, com as mais variadas tradições, temos apenas cinco assuntos que consideramos essenciais, sem os quais não pode haver completa comunhão.

O primeiro é a relação entre a Sagrada Escritura, suprema autoridade em matéria de fé, e a vivência da Igreja, que tem dois mil anos de experiência, interpretando e colocando em prática a Palavra de Deus. A essa vivência damos o nome de Tradição. Temos o testemunho escrito de tantos autores em todos os tempos e lugares, chamados Pais da Igreja, que, de modo admirável, fizeram essa relação sem diminuir ou distorcer a fé no Evangelho. Souberam distinguir perfeitamente o que é essencial e o que é secundário. Em segundo lugar vem o grande Sacramento da Igreja, a Eucaristia, que alimenta a fé e torna visível o mistério de comunhão dos fiéis entre si e com a Santíssima Trindade.

Associamos a esses dois primeiros temas o serviço de governo, de santificação e de pregação da Palavra com a autoridade de Jesus Cristo. Esse é um ministério ordenado que deve fazer a ligação dos pastores de hoje com os Apóstolos. É a autorização ou ordem apostólica, expressa desde o início através de três tipos de serviço: o diaconado, o presbiterado e o episcopado. Este é um ponto que necessita de muito aprofundamento e diálogo, que vai se prolongar ainda por muitos anos. Se existem grupos onde não há qualquer divergência conosco, como os ortodoxos e os anglicanos, há grupos onde as divergências são totais em relação a essa questão, cujo aspecto sacramental é essencial para a comunhão visível.

O quarto tema é o ensino e a preservação da fé com responsabilidade e autoridade, que Jesus confiou aos apóstolos e seus continuadores, os bispos, sob a coordenação universal do bispo de Roma. É o que chamamos de Magistério. O quinto e último tema fundamental é o papel da Virgem Maria, Mãe de Deus, na história da salvação e na vida da Igreja. Lembrando o Concílio, João Paulo II diz que “nesse corajoso caminho para a unidade, a lucidez e a prudência da fé obriga-nos a evitar o falso irenismo (fingir que tudo está resolvido) e a negligência pelas normas da Igreja” (Ut Unum Sint, 79). Nesses cinco temas fundamentais está a beleza do diálogo feito com amor, humildade e firmeza.

 

 

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18/5/2013
[11/5/2013] - Ainda falta muito? - Pe Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1748 Quando viajamos por uma estrada e desejamos ansiosamente chegar ao nosso destino, ouvimos sempre esta pergunta: Ainda tem muito chão pela frente? Há sempre os impacientes que querem correr demais e há os que não têm pressa alguma para chegar... A caminhada ecumênica é como uma viagem por uma estrada bem movimentada. Existem barreiras, obstáculos, acidentes de percurso, câmeras fixas e móveis que acusam o excesso de velocidade, fiscalização de todo tipo e haja paciência... Assim sendo, é preciso contar com algo fundamental: A Fé! Vamos chegar lá, sim, um dia! Mas é preciso caminhar, avançar, percorrer o caminho com entusiasmo, coragem, muito cuidado e serenidade. Jamais parar...

Alguns desanimam diante das primeiras dificuldades, achando que é impossível, que ainda está muito longe, que não vale a pena e logo procuram o primeiro retorno para voltar para casa. Acontece que na estrada do Ecumenismo não existe retorno. Uma vez iniciado o caminho é preciso ir até o fim, pois, não somos comandados pela nossa própria vontade. Quem nos impulsiona é a vontade do Senhor. É preciso estar sempre escutando a Palavra de Deus. É ela que nos chama a caminhar. Muitos dizem que aquilo que conseguimos até agora já está bom demais. Nossa comunhão já cresceu bastante. Uma união espiritual entre todos os cristãos é o suficiente. Será que Jesus pensa assim?

O Senhor expressa a sua visão de Unidade para todos os discípulos na oração sacerdotal que encontramos no capítulo dezessete do Evangelho de João. Lá ele diz que é preciso que sejam unidos para que o mundo veja essa união, e vendo, acredite nele como enviado do Pai. É claro que, misticamente falando, todos os cristãos batizados já estão unidos, pois, estão incorporados na mesma Igreja de Jesus Cristo, que nunca se dividiu. O que falta é justamente o aspecto sacramental, isto é, o sinal visível dessa realidade já existente, mas invisível. O mundo não vê, por isso não crê! A evolução dos acordos teológicos nos mostra que está próxima uma unidade fundamental de todo o conteúdo da fé.

A respeito do que já caminhamos e do que ainda falta para caminhar, diz João Paulo II: “Dessa unidade fundamental, mas ainda parcial, deve-se agora passar àquela unidade visível, necessária e suficiente, que se inscreva na realidade concreta, para que as Igrejas realizem verdadeiramente o sinal daquela comunhão plena na Igreja uma, santa, católica e apostólica, que se há de exprimir na concelebração eucarística. Esse caminho para a unidade visível, na comunhão da única Igreja querida por Cristo, exige ainda um trabalho paciente e corajoso. Ao fazê-lo, é preciso não impor outras obrigações fora das indispensáveis (cf. Atos dos Apóstolos 15,28)” (Ut Unum Sint, 78).

 

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11/5/2013
[3/5/2013] - Relacionamento Intenso - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1730 Desde que a Igreja Católica mergulhou de cabeça no movimento ecumênico, o relacionamento dela com cada uma das Igrejas orientais e ocidentais aumentou sempre mais, tornou-se intenso e constante. Não se trata apenas de diálogo bilateral entre especialistas para eliminar divergências teológicas, o que é fundamental, mas de ações concretas, gestos, encontros fraternos para a oração, colaboração prática em obras sociais, declarações conjuntas diante de acontecimentos na sociedade, visitas de cortesia e conversas informais. Podemos até dizer que nenhum grupo cristão ficou isolado, mas está sempre sendo convidado para estabelecer relações fraternas.

Paulo VI, nos 15 anos de serviço à Igreja como bispo de Roma, deu um grande impulso ao relacionamento fraterno entre as Igrejas. Teve inúmeros encontros com dirigentes cristãos e visitou o Conselho Mundial de Igrejas, onde fez um discurso memorável. Desde então, nossos teólogos são membros de pleno direito do Departamento teológico do CMI, em Genebra, Suíça. Mesmo sendo papa por apenas 33 dias, João Paulo I não deixou de manifestar em um discurso o desejo de trabalhar com firmeza pela unidade cristã. Seu testemunho de amor aos outros cristãos, acompanhado de um sorriso cativante, fez-nos lembrar do grande responsável pela entrada da Igreja Católica no Ecumenismo: João XXIII.

João Paulo II, então, em seus 27 anos de ministério petrino, foi o que mais atuou. O que ele viu e ouviu dos cristãos de outras Igrejas impressionou-o profundamente. Essa vivência ecumênica levou-o a um alto grau de santidade... Várias visitas tiveram mesmo prioridade ecumênica. Falando das viagens a países escandinavos, de maioria luterana, comentou: “Na alegria, no respeito recíproco, na solidariedade cristã e na oração, encontrei tantos e tantos irmãos, todos eles comprometidos na busca da fidelidade ao Evangelho. A constatação de tudo isso foi para mim fonte de grande encorajamento. Experimentamos a presença do Senhor entre nós” (Ut Unum Sint, 72).

 

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3/5/2013
[17/4/2013] - Uma história difirente - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1689 As Igrejas orientais, tanto as Ortodoxas como as Apostólicas, tiveram uma história diferente da Igreja no Ocidente. Essas Igrejas sofreram muito com a expansão do Islamismo. Em alguns lugares os cristãos quase desapareceram. Muitos foram dominados pelo Comunismo e só agora estão saindo da heróica situação de resistência e de humilhante submissão a leis discriminatórias. Mas nunca tiveram revoltas contra a hierarquia, nem divergências doutrinárias. Nunca se contestou qualquer verdade de fé ou qualquer sacramento, mantendo intacta a sucessão apostólica. Nesse sentido, foram e são sempre Igrejas completas.

 Já a Igreja Ocidental teve uma experiência histórica e cultural totalmente diferente. Surgiram novas nações e novos idiomas, houve confrontos de autoridades políticas e religiosas, centralização do poder nas mãos do bispo de Roma pela necessidade de fortalecer a autoridade eclesial diante de tantas arbitrariedades do poder civil. Todas essas coisas e mais a decadência moral dos pastores, que se deixaram influenciar pela corrupção generalizada do poder, provocaram a revolta e o protesto daqueles que desejavam uma religião mais pura, que voltasse às origens na obediência à Palavra de Deus e na santidade de vida.

De toda essa amarga situação surgiram movimentos que se tornaram conhecidos pelo nome de Reforma Protestante. Sabemos quão violentas foram as reações de todos os lados do conflito, mobilizando forças políticas, econômicas e militares para resolver o problema. As Comunidades cristãs se dividiram e se isolaram em clima de guerra. Nesse mesmo clima os fundamentos da fé e os sacramentos foram atingidos em suas bases, alterados e reinterpretados por reformadores entusiastas, que idealizaram uma Igreja sem autoridades corruptas e com doutrinas mais espirituais do que filosóficas.

O resultado é o que vemos hoje: Comunidades cristãs divergindo profundamente da Igreja de Roma, como também possuindo grandes diferenças entre si. Esse processo de divisão e subdivisão de comunidades cristãs durou quinhentos anos e está se estabilizando aos poucos. O processo de reversão desse quadro de total desagregação do cristianismo ocidental começou justamente entre os que estavam mais feridos pela desunião: os cristãos vindos da Reforma Protestante. O movimento ecumênico nasce e se desenvolve justamente no Ocidente, e o desejo de paz e união move os corações, sob a influência do Espírito Santo.

O século XX foi marcado por essa presença sempre mais forte do Espírito divino que está atingindo todos os cristãos, inclusive os orientais, no desejo de paz. João Paulo II diz que as “próprias amargas experiências da divisão no passado nos obrigam e impelem a abandonar essas divisões para buscar e reencontrar a unidade” (Ut unum sint, 65).

 

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17/4/2013
[7/4/2013] - Antigas Igrejas do Oriente - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1681 Há um grupo especial de Igrejas no Oriente separadas a muito mais tempo de nós do que os Ortodoxos e não podem ser confundidas com estes. Quando falamos de orientais, nós costumamos pensar somente nos Ortodoxos, que vieram do Grande Cisma no ano de 1054, isto é, separados há “apenas” 957 anos... Hoje, com a anulação das excomunhões mútuas em 1965, temos quase total comunhão com eles. É um grupo de 16 Igrejas em plena comunhão entre si, lideradas pelo Patriarca de Constantinopla (Istambul).

Esse outro grupo, quase sempre esquecido, está separado de nós e dos Ortodoxos desde o Concílio de Éfeso, no ano 431, e do Concílio de Calcedônia, no ano 451. Isto significa há 1.580 e 1.560 anos atrás respectivamente! Formam um grupo de cinco Igrejas não ortodoxas, chamadas apostólicas, pois, têm origem nos Apóstolos, que vale a penas mencionar: A Igreja da Síria Ocidental, a Igreja de Alexandria do Egito, a Igreja copta da Etiópia, a Igreja da Armênia e a Igreja Malabar da Índia. Isoladas, ignoradas, incompreendidas e perseguidas por enormes barreiras históricas, políticas, sociais e culturais, essas Igrejas foram lembradas, chamadas a participar do Concílio Vaticano II e carinhosamente abraçadas pelo Beato João XXIII.

As antigas controvérsias teológicas que provocaram o cisma com essas Igrejas estão hoje praticamente superadas e já foram feitas declarações de Paulo VI e João Paulo II com os respectivos patriarcas eliminando as divergências. Trata-se de maneiras diferentes de falar sobre as mesmas verdades de fé, a respeito da maternidade divina de Maria e da pessoa de Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Como exemplo, citemos a visita a Roma do venerável Patriarca da Igreja da Etiópia, Abuna Paulos, em 1993. O papa sublinhou a profunda comunhão existente entre as duas Igrejas dizendo: “Compartilhamos a fé transmitida pelos Apóstolos, bem como os mesmos sacramentos e o mesmo ministério, radicados na sucessão apostólica (...). Hoje, aliás, podemos afirmar que temos uma só fé em Cristo, apesar de, por longo tempo, isso ter sido uma fonte de divisão entre nós” (Ut Unum Sint, 62).

Como é que conseguimos, como num passe de mágica, eliminar discórdias tão antigas? Pelo diálogo! E nesse diálogo houve muita boa vontade, caridade, paciência, compreensão melhor do outro, cuidadosa pesquisa teológica e histórica, esclarecimento de vários pontos e eliminação de toda dúvida e desconfiança. Acima de tudo, houve profundo respeito à enorme diversidade cultural. Assim como o marido e a mulher que se reconciliam após uma breve separação, as Igrejas devem redescobrir aquele primeiro amor que as unia no princípio de tudo...

 

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7/4/2013
[23/3/2013] - Da menor à maior Comunhão - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1641 Há pouco tempo assistimos à grande tragédia causada por chuvas e deslizamentos de terra. Tantas mortes e desabrigados! A imagem vista do alto era desoladora... A sociedade se mobilizou para amenizar tanta dor! Ninguém pode ficar indiferente diante de tal drama. Para as pessoas de fé, o Espírito Santo é quem toca os corações, sensibilizando-os com o amor solidário. Se contemplarmos a Igreja bem do alto vamos ter uma visão parecida: Um campo devastado pelas brigas e divisões, áreas isoladas, mortes e desamparo. E o mesmo Espírito está sensibilizando os cristãos para que iniciem a reconstrução e sejam reintegrados na comunhão que o Senhor sempre quis para seus discípulos.

A tarefa do movimento ecumênico é reunir os cacos do vaso quebrado colando-os com o amor fraterno, sem deixar nenhum fragmento perdido. As Comunidades cristãs estão dialogando e seus membros se relacionando. Na medida em que o diálogo evolui estão descobrindo o grau de comunhão que já existe entre elas. Este é o ponto de partida para que se comece a resgatar e recuperar os bens dispersos, alguns perdidos, recolocando-os em seus devidos lugares. Dizia João Paulo II: “O Senhor concedeu aos cristãos do nosso tempo a possibilidade de reduzir o contencioso tradicional” (Ut Unum Sint, 49). Isso quer dizer que, passo a passo, todas as questões pendentes vão encontrando uma solução e aumentando o grau de comunhão existente. 

Tomemos como exemplo as duas grandes Tradições: a Romana, liderada pelo bispo de Roma e a Ortodoxa, liderada pelo bispo de Constantinopla, hoje Istambul. Por mil anos mantiveram-se em comunhão plena, mas ao longo desse mesmo período as relações mútuas foram se deteriorando, até culminar nas excomunhões recíprocas de 1054, atos jurídicos e canônicos que reduziram a zero o grau de comunhão. Por novecentos anos os dois grupos mantiveram-se isolados. A partir do convite de João XXIII, os orientais retomaram os contatos, intensificando gradualmente as relações mútuas conosco até o ponto de serem supressas as duas excomunhões, pelos dois grandes líderes: Paulo VI e Atenágoras I, no dia 7 de dezembro de 1965, pondo fim ao doloroso cisma.

As comissões de diálogo com todas as Igrejas Ortodoxas, que estão em comunhão plena entre si, os constantes encontros e celebrações em comum, o reconhecimento de todos os bens espirituais e sacramentais, e especialmente a sucessão apostólica, mostram-nos que falta pouco para a plena comunhão das Igrejas do Ocidente e do Oriente. Em pouco tempo vimos um crescimento enorme da menor à maior comunhão, uma comunhão quase plena. Quem acompanha de perto esse progresso pode dizer tranquilamente: “Estamos amparados pela luz e pela força do Espírito Santo” (Ut Unum Sint, 61).

 

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23/3/2013
[15/3/2013] - A comunhão que deve crescer - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1615 O movimento ecumênico moderno já estava com mais de 50 anos quando a Igreja Católica decidiu entrar oficialmente nele. O marco é a manhã do dia 25 de janeiro de 1959, quando João XXIII manifestou o desejo de convocar um Concílio Ecumênico para renovar a Igreja e estender as mãos aos cristãos de outras Igrejas, convidando-os a caminhar juntos em direção ao ideal de Comunhão entre todos os seguidores do Senhor Jesus Cristo. Esse bem-aventurado papa tomou todas as providências necessárias: Criou um secretariado especial e convidou todos os líderes cristãos a participar do Concílio.

A caminhada começou e nunca mais parou! Antes, os outros cristãos eram ignorados e até acusados de terem saído da Igreja por própria culpa e, se quisessem salvar-se, deveriam “voltar” para dentro de nossa Igreja. Após uma profunda e humilde reflexão, nossos bispos descobriram que não é assim tão simples: Voltar! Perceberam que comunhão não é apenas ter um governo unido, entrosado e estruturado numa hierarquia piramidal. Dizia-se que um cristão somente estava em comunhão na Igreja e pertencia a ela se estivesse ligado e submisso à autoridade do Bispo de Roma, o Papa. Comunhão é bem mais ampla e possui várias dimensões além da estrutura hierárquica.

O Concílio definiu que: “Aqueles que foram batizados e acreditam em Cristo estão em comunhão com a Igreja Católica, embora essa comunhão não seja perfeita” (UR, 3). Assim, a comunhão pode ser incompleta ou integral... Mesmo assim é sempre comunhão! Então, como avançar e crescer a partir da comunhão incompleta que já temos para uma comunhão total? É esta a meta do movimento ecumênico. Comunhão (communio, em latim e koinonia, em grego) significa partilha de bens, participação nas coisas que um grupo possui e que pertence a todos.

A primeira comunhão é a comunhão no único batismo e a segunda é a fé no mesmo Cristo. Estamos crescendo na comunhão à medida que vamos descobrindo tantos elementos que possuímos em comum. Ao mesmo tempo notamos lacunas, ausência de elementos que foram esquecidos ou deixados de lado, quando muitos começaram a fazer reformas dentro da Igreja, necessárias, porém, precipitadas, sem a concordância de todos. Essas reformas eram feitas na base da contestação, confronto e desafio, especialmente com as autoridades da Igreja, misturando-se forças políticas, sociais, econômicas e até militares. A caridade fraterna e a importância da comunhão foram totalmente esquecidas.

O prejuízo para a comunhão integral foi incalculável. A autoridade estabeleceu quem devia mandar mais, doutrinas teológicas foram reformuladas arbitrariamente, práticas tradicionais foram abolidas, cada grupo fechou-se e isolou-se dos demais. O estrago estava feito!

 

 

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15/3/2013
[8/3/2013] - Reconhecer os dons - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1591 Como é desagradável num bate-papo de grupo ver uma pessoa que só fala de si mesma, exaltando suas virtudes, sem se interessar pelas idéias dos outros! Em qualquer diálogo a atitude oposta é que integra a todos. É bonito ver o interesse de uns pelos outros. Um dia alguém me disse que ficou muito irritado quando me ouviu falar bem dos não católicos e apontar falhas dentro de nossa Igreja. Ele é daqueles que ainda acham que devemos esconder nossos defeitos e exaltar nossas virtudes. Não há nada mais contrário ao espírito ecumênico do que acentuar aquilo que nos distingue dos outros, a pretexto de afirmação da própria identidade. O Senhor deixou claro que todos os que se exaltam serão humilhados...

O Concílio Vaticano II diz: “É muito importante que os católicos descubram com alegria todos os bens que nossos irmãos possuem e que fazem parte da mesma herança cristã, que tanto eles como nós recebemos. É muito bom reconhecer a presença das riquezas de Cristo na vida deles, bem como o testemunho que dão de Cristo, até mesmo derramando seu sangue como mártires: Deus é maravilhoso e admirável em suas obras” (Unitatis Redintegratio, 4). Em qualquer Igreja cristã o batismo confere integralmente àqueles que o recebem todos os dons necessários para se viver a totalidade do Evangelho e alcançar a salvação eterna. Cabe a cada batizado corresponder a essa plena graça divina.

Este é um passo fundamental: Reconhecer que os bens genuínos da fé estão presentes e atuando em todos os cristãos. Sentimos o estímulo que nos dão e desejamos imitá-los na vivência do Evangelho. Quantos cristãos - luteranos, anglicanos, metodistas e outros - morreram mártires na última grande guerra porque lutaram pela justiça evangélica, contra a arbitrariedade nazista! E, somente no contato direto e permanente com irmãos de outras Igrejas é que nós podemos perceber como eles estão correspondendo ao influxo da graça, quando ouvem a Palavra de Deus e celebram a salvação que receberam, louvando, orando e agradecendo ao Senhor da Vida, que transmite seus dons aos que buscam sua vontade.

Quando conversamos com um não católico, estabelecemos antes de tudo uma relação de amizade, de pessoa para pessoa, conhecendo e amando o irmão. Só depois conversamos a respeito das coisas em que ambos acreditamos. É João Paulo II que nos diz: “O diálogo ecumênico não se estabelece exclusivamente em torno da doutrina, mas envolve toda a pessoa: é também um diálogo de amor” (Ut Unum Sint, 47). Para reconhecer os dons da graça nos irmãos é preciso amá-los e é só amando de modo sincero que nós poderemos progredir em direção à comunhão plena e verdadeira de todos os discípulos de Cristo.

 

 

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8/3/2013
[2/3/2013] - Ultrapassando barreiras - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1577 Desde que a Igreja católica começou a sua longa caminhada no movimento ecumênico, a graça divina e os valores espirituais que circulam entre as várias Igrejas mostram que as estruturas independentes da organização de cada Igreja não são um obstáculo sério que possa impedir a partilha desses bens. Os Sacramentos não são propriedade de uma só Igreja... Eles pertencem à Igreja como um todo e são fonte da santidade e da graça divina. Assim, descobrimos que, em determinadas circunstâncias e necessidades, podemos ultrapassar as barreiras confessionais para buscar a graça no sacramento celebrado numa Igreja não católica.

Eis o que nos diz o papa: “É motivo de alegria lembrar que os ministros católicos podem, em determinados casos particulares, administrar os sacramentos da Eucaristia, da Penitência, da Unção dos Enfermos a outros cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica, mas que desejam ardentemente recebê-los, pedem-nos livremente, e manifestam a fé que a Igreja Católica professa nesses Sacramentos. Reciprocamente, em determinados casos e circunstâncias particulares, os católicos também podem recorrer, para os mesmos sacramentos, aos ministros das Igrejas onde eles são válidos” (Ut Unum sint, 46).

Quais seriam esses casos e essas circunstâncias particulares que nos permitem de lá para cá e de cá para lá, ultrapassar essas barreiras? Ao longo de todos esses anos de contato ecumênico as normas foram se tornando cada vez mais precisas. Para nós, a validade plena dos três sacramentos citados acima está na questão da ordenação sacerdotal, realizada por um bispo que possua a sucessão apostólica. É isso que nos leva a afirmar que a Igreja é a mesma lá e cá, incluindo os sacramentos. A falta do sacramento da Ordem é a maior barreira sacramental que existe, maior até que a barreira denominacional. Os grupos cristãos que não o conservam são chamados por nós de Comunidades Eclesiais, isto é, são parte da Igreja de Cristo, sim, mas não são Igreja em sentido pleno.

Os casos e circunstâncias são muitos. Por exemplo: Você está num lugar onde não existe Igreja católica. É domingo. Você anseia e busca pela graça divina na Eucaristia. Você encontra uma Igreja Ortodoxa e pode participar da celebração e da Ceia. O mesmo se diga quanto à Confissão e a Unção dos Enfermos. Em situações menos urgentes, previstas com antecedência, como Bodas de Prata e de Ouro e outras celebrações, pede-se a anuência da autoridade pastoral, e os não católicos poderão participar de nossa Ceia. Os mistérios divinos que administramos são tão grandes que não podemos impedir seu acesso àqueles cristãos que o pedem com um coração cheio de fé e amor.

 

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2/3/2013
[23/2/2013] - GRANDE CONVERGÊNCIA - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1552 O que está acontecendo hoje entre os cristãos, que se reconhecem irmãos no Senhor? Vivi os tempos antigos da Igreja católica. Lembro-me perfeitamente quando eu caminhava todos os dias mais de dois quilômetros para ir ao Colégio com meu amigo e vizinho, filho de pastor batista. Sem diminuir nossa amizade, íamos discutindo o tempo todo sobre as divergências entre nós. Tudo era baseado na interpretação da Bíblia e cada um citava trechos ao seu favor. Desde que ganhei de minha mãe, aos 15 anos, a primeira Bíblia, vivia procurando passagens para defender a Igreja católica e atacar a outra. E ele fazia o mesmo...

Hoje temos a Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB), obra de grandes especialistas católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, batistas, presbiterianos, metodistas e outros. Na única Bíblia, que inclui os famosos sete livros, as interpretações no rodapé já não são mais divergentes, mas convergentes.

Desde que iniciamos a reforma litúrgica, notamos também em comunidades não católicas um movimento renovador da liturgia, dando maior importância ao simbolismo litúrgico, como imagens, paramentos, luz, incenso e gestos, enriquecendo os sinais que representam a fé no culto divino, pois, as igrejas vindas da Reforma eram muito despojadas, ao passo que, tanto a Igreja católica como a ortodoxa possuíam até em exagero todos esses sinais. Um aluno me disse uma vez que a liturgia católica estava se protestantizando. Eu respondi que era verdade, mas que observasse bem a liturgia protestante: Ela está se catolicizando!

Nessas grandes convergências, tanto em relação à Palavra de Deus como ao culto divino, vemos crescer sempre mais a vontade de ter uma vida sacramental em comum, mais ecumênica. Vamos sentir o coração de João Paulo II nesse mesmo anseio, quando escreve: “Nós temos o desejo ardente de celebrar juntos a única Eucaristia do Senhor, e este desejo torna-se já um louvor comum, uma mesma súplica. Juntos nos dirigimos ao Pai, fazendo isso cada vez mais ‘com um só coração’. Às vezes, parece estar mais perto a possibilidade de finalmente selar esta comunhão ‘real, embora ainda não plena’. Quem poderia sequer imaginá-lo há um século?” (Ut Unum Sint, 45).

 

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23/2/2013
[27/1/2013] - OS FRUTOS DO DIÁLOGO - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1460 Os cristãos das outras Igrejas estão se reunindo a mais de cem anos no diálogo e na colaboração pastoral. Há quase cinquenta anos a Igreja Católica Romana passou a fazer parte oficial desse mesmo movimento ecumênico, participando de todas as suas atividades. A partir daí a caminhada para a Unidade cristã começou a acelerar e tomou grandes proporções, estendendo-se ao mundo inteiro.

A partir de Paulo VI, inúmeras Declarações Conjuntas assinadas pelo Papa e por vários Patriarcas de Igrejas Orientais, puseram fim a muitas controvérsias pendentes desde os primeiros séculos. Entre cristãos do Ocidente foram feitos diversos acordos sobre temas onde a unidade de pensamento é fundamental, como por exemplo, Eucaristia, Ministério e Autoridade na Igreja. Esses acordos ainda não foram ratificados pelas respectivas autoridades máximas, pois, dependem de maior aprofundamento e discussão nas bases das Igrejas.

O único Acordo, já assinado pelas respectivas autoridades eclesiásticas, foi a respeito da Justificação através da Graça e da Fé, uma discussão que já durava mais de 450 anos entre luteranos e católicos.  Pelas assinaturas do papa e do presidente da Federação Luterana Mundial terminou a velha briga sobre quem é que salva: A Fé ou as Obras. Hoje confessamos juntos que o ser humano depende totalmente da graça de Deus para se salvar. O pecador é justificado pela fé no poder salvador de Cristo e as boas obras são uma conseqüência da justificação.

Enfim, há muitos avanços desde que o diálogo começou e a partilha de riquezas espirituais já é bastante comum no mundo todo. Hoje os cristãos de várias denominações já não se consideram mais estranhos e muito menos adversários. Eis o que diz João Paulo II: “A expressão ‘irmãos separados’ já está desatualizada. A tendência é substituí-la por palavras que realcem a profundidade da comunhão que o Espírito Santo alimenta, originada no batismo, não obstante as rupturas históricas e canônicas. Fala-se agora de ‘outros cristãos’, dos ‘outros batizados’, dos ‘cristãos de outras comunidades’” (Ut Unum Sint, 41).

 

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27/1/2013
[20/1/2013] - COMO SUPERAR AS DIVERGÊNCIAS - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1434 Durante séculos de separação e isolamento, mesmo com a mesma fé em Cristo, cada grupo cristão foi reformulando as convicções doutrinárias a partir de sua situação social, cultural e psicológica. Isso aumentou a distância em relação aos outros grupos. A primeira tarefa é identificar em que contexto histórico houve mudanças na linguagem. Com certeza havia muita polêmica agressiva e intolerância de parte a parte, que se transformaram em afirmações conflitantes. Os grupos opostos olhavam-se com desconfiança, má vontade e ressentimento.

Depois, deve-se verificar se palavras diferentes possuem o mesmo significado. Quantas vezes falamos a mesma coisa de maneira diferente? O grande esforço no diálogo é incentivar as partes a tentar uma nova linguagem num contexto de boa vontade, amizade e humildade, buscando clareza e simplicidade na redescoberta da verdade. No diálogo, os diversos pontos de vista, que são visões parciais da mesma verdade, são confrontados e descobre-se a beleza e a riqueza da verdade em toda a sua integridade. É o mesmo que olhar um objeto de todos os lados para, só então, descrever suas qualidades em sua totalidade.

Hoje, a Igreja Católica Romana está dialogando com todos os grupos cristãos, tanto os que vieram das antigas tradições cristãs orientais, quanto os que vieram das tradições ocidentais originadas da Reforma do século XVI. A maioria das Comissões bilaterais está se reunindo há várias décadas. São todos teólogos e pastores nomeados pelas respectivas autoridades em nível internacional e nacional. Os temas abordados são as divergências maiores e mais graves que tocam a fé.

Juntos analisam o assunto a partir das Sagradas Escrituras. As diversas interpretações são colocadas em comum. A Tradição da Igreja desde os seus primórdios até hoje deve ser examinada. Isto é, tudo o que foi escrito pelos Pais da Igreja sobre o mesmo tema nos tempos em que a Igreja era unida. Esses Pais são grandes escritores como: Inácio de Antioquia, Irineu, Clemente de Roma, Hipólito, Leão Magno, Cirilo de Alexandria, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo etc., etc. etc. Além disso, conta muito para nós católicos os escritos mais recentes do Magistério, como cartas de papas, bispos e teólogos.

 

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20/1/2013
[4/1/2013] - COMO É O DIÁLOGO ECUMÊNICO - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1394 Quando duas pessoas ou dois grupos se dispõem a dialogar não pode haver sentimento de superioridade, nem de radicalismo de posições fechadas. O diálogo pressupõe humildade, tolerância, respeito, entendimento e reconhecimento, tanto das próprias limitações, quanto das qualidades do outro. Deve haver vontade de aprender uns com os outros, querer ouvir, mais do que falar. Assim como gostamos de ser respeitados e ouvidos, assim também devemos respeitar e ouvir. Esta é a regra de ouro para o diálogo, como encontramos no Evangelho de Mateus 7, 12.

No diálogo ecumênico não apenas conversamos sobre nossas diferenças e semelhanças, mas abrimos o coração para narrar como entendemos e como vivemos nossa fé. Sendo dois grupos cristãos, a primeira coisa que se faz é uma oração. A oração é condição para o diálogo. Quando oramos juntos sentimos a presença do Espírito incutindo em nós a total submissão a Deus e à sua santa Palavra. Conversando percebemos que o diálogo se torna um verdadeiro exame de consciência.

Toda vez que um grupo de cristãos se separou de outro, vemos a presença viva do pecado naquele momento histórico. E o pecado nunca está de um lado só... Está sempre dos dois lados. Por isso, é importante reestudar os fatos ocorridos naquela época à luz do Amor de Cristo. E logo percebemos que a consciência nos acusa de pecado. Cada lado nota a própria falha. Então, o diálogo transforma-se em pedido mútuo de perdão. Dessa humilde confissão do pecado, que os irmãos cometeram no passado, nasce a vontade de eliminar as causas da separação e buscar meios para a reconciliação.

Em minha longa experiência de 45 anos caminhando nesse abençoado movimento, ainda como seminarista, trabalhando ao lado do saudoso Monsenhor Heládio Laurini, constatei a seguinte reação, muito humana por sinal: Conversando com um não-católico, sempre que eu atacava falhas humanas de minha Igreja, seja na formulação de doutrinas, seja no modo de se organizar, o outro se punha a dizer que também na Igreja dele havia estas ou aquelas falhas. Isto é, a atitude de reconhecer e confessar os próprios pecados provocava a mesma atitude humilde. Por outro lado, sempre que me colocava na posição de auto defesa e ataque, a reação do outro era a mesma, e isso levava a lugar nenhum!

 

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4/1/2013
[15/12/2012] - DIALOGAR É VIVER - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1362 Toda a nossa vida está baseada no desenvolvimento humano. A única maneira de crescer na vida, de ser alguém, é sair de si mesmo, voltar-se para os outros, a fim de descobrir como viver e ser feliz. Viver é um constante aprendizado. O que sabemos, o que fazemos e no que acreditamos, tudo é fruto de uma troca de valores. A esse constante dar e receber para que todos se enriqueçam damos o nome de DIÁLOGO. O diálogo não é apenas troca de idéias, utilizando as palavras para transmitir conhecimentos. Dialogamos para viver.

O que acontece com pessoas e grupos que se isolam em sua vida, em suas idéias e atitudes, numa auto-suficiência arrogante? Simplesmente perdem sua dignidade humana, param de crescer e começam a regredir. A vida vai se degradando e degenerando. Quando um casal não mais dialoga, deixa de viver. O único caminho para voltar a viver é a busca da reconciliação através do diálogo.

 Jesus Cristo trouxe um novo modelo de vida para a humanidade. Ensinou o caminho da felicidade que é viver a unidade, formando uma família de irmãos que se respeitam e se amam. Mostrou que o Espírito de Deus dá qualidades diferentes a cada um para que todos sejam enriquecidos pelo intercâmbio de dons. Os discípulos logo se esqueceram disso e começaram a se prevalecer uns aos outros, impondo seu modo de ver as coisas, uns julgando-se melhores que os outros. E o diálogo cessou levando-os ao isolamento em grupos fechados. Ao longo de dois mil anos chegamos a esta triste realidade: Grupos que se consideram discípulos de Cristo vivendo como estranhos e até mesmo inimigos!

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15/12/2012
[2/12/2012] - O PEREGRINO DA UNIDADE - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1333 João Paulo II não foi apenas um incentivador do movimento ecumênico, escrevendo a monumental Carta Encíclica “Ut Unum Sint” (Que sejam um), mas foi ao encontro dos líderes e dos fiéis de todas as Igrejas cristãs e recebeu a todos que o visitavam em Roma. Ele mesmo descreve a sua peregrinação nos n.s 24 e 25 da citada Carta. Desde que iniciou o seu ministério petrino, tinha consciência de que uma das tarefas do Bispo de Roma é estar a serviço da comunhão, procurando reunir as ovelhas dispersas para que formem um só rebanho, sob o cajado do único Pastor, Jesus Cristo.

Suas visitas incluíam, além do abraço afetuoso a cada venerável irmão no episcopado de todas as Igrejas Ortodoxas, uma fervorosa oração de mãos dadas, para que o Senhor misericordioso unisse suas Igrejas numa comunhão perfeita. Começou pelo Patriarca ecumênico de Constantinopla, atual Istambul, repetindo o gesto em todos os países ortodoxos orientais que visitou. Abraçou Arcebispos e Bispos luteranos nos países escandinavos. Ao lado do Arcebispo Primaz da Comunhão Anglicana na Catedral de Cantuária, sob forte emoção, reconheceu os longos anos de herança comum e os tristes anos de separação que vieram em seguida.

Em todos os países que visitou para confirmar a fé de seus irmãos católicos, João Paulo II fazia questão de encontrar-se com os líderes das diferentes Igrejas cristãs: luteranos, presbiterianos, metodistas e outros. Como Peregrino da Unidade, o papa deixou-nos o exemplo de sincera abnegação, humildade e mansidão na tarefa de reunir o que está disperso. Seu peregrinar ecumênico ensina-nos que temos o dever de orar cada dia pela união dos cristãos e não perder qualquer oportunidade para ter encontros fraternos com eles, seja para a oração como para a ação.

A resposta não demorou. As autoridades de todas as Igrejas cristãs, em retribuição, iam constantemente a Roma, numa verdadeira romaria, para visitar o primeiro dos Bispos, não deixando de venerar os túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo. Alguns choravam no momento do abraço fraterno, outros beijavam as venerandas mãos do sorridente Ancião, vendo nele o benevolente Pai de todos os cristãos. O peregrino da Unidade revela-nos o porquê de sua paixão pela busca de entendimento e união entre os irmãos cristãos. Ele orava e refletia sempre quando lia estas palavras de Jesus: “Vocês são todos irmãos e um só é o Pai de vocês” (Mt 23,8-9). Diante desse exemplo, aprendemos a caminhar na vida cristã sempre ao encontro do irmão. O Peregrino nos convida a ir em busca do irmão com quem temos mais diferenças para orar com ele e manifestar nosso amor fraterno.

Pe. Paulo Gozzi,SSS

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2/12/2012
[17/11/2012] - A ORAÇÃO ECUMÊNICA - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1298 A maior e melhor experiência que podemos fazer como discípulos de Cristo é reunir-se com cristãos de diferentes Igrejas e orar. Alguma coisa de maravilhoso acontece dentro de nós. Sentimos brotar e crescer o espírito ecumênico. Enquanto fazemos uma oração em comum, começamos a ver a Igreja e o cristianismo com um novo olhar. Percebemos que, apesar de nossas divisões, aquilo que nos divide é muito reduzido e pequeno em comparação com aquilo que nos une. A oração feita ecumenicamente ocupa o primeiro lugar em nossa caminhada em direção à unidade da Igreja. Podemos dialogar, discursar, fazer acordos sobre nossas semelhanças e nossas divergências. Porém, tudo será estéril se não for embebido de oração.

 

Quando temos fé em Cristo Jesus e olhamos para alguém que tem a mesma fé, mas não pertence à nossa Igreja, perguntamos por que estamos separados, pertencendo a Igrejas diferentes, se temos a mesma fé? Descobrimos que não conhecemos e não sabemos usar as ferramentas necessárias para derrubar o muro que nos separa. Percebemos que somos fracos demais para derrubá-lo. Olhamos para o irmão e vemos que ele merece todo o nosso amor e compreensão. Esse amor leva-nos a desejar estar unidos a ele. Se não podemos ainda estar na mesma comunidade, na mesma comunhão de vida, buscamos o único recurso que nos ensina a superar a barreira da separação: a Oração comum.  “O amor é a corrente mais profunda que dá vida e infunde vigor ao processo que leva à unidade” dizia João Paulo II em sua Carta “Ut unum sint” (nº 21). Se nos sentimos ignorantes e impotentes, buscamos Aquele que pode nos ensinar e dar forças para esse trabalho de demolição das barreiras que nos dividem. Mas o importante é que oremos juntos, de mãos dadas, submetendo-nos a Deus que nos fez unidos e nos quer unidos.

 

 

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17/11/2012
[11/11/2012] - A IMPORTÂNCIA DO ECUMENISMO - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1275 De vez em quando seria bom a gente parar um pouco e se perguntar qual é o valor que damos à atividade ecumênica. Sim, porque em nossa comunidade vemos acontecer tanta coisa bonita e importante para a vida da Igreja, mas nunca, ou quase nunca, ouvimos falar que tem alguém trabalhando no Ecumenismo. Mesmo o padre costuma dizer que tem tantas pastorais, associações e grupos atuantes, que nem consegue coordenar tudo.

Tudo parece importante e não há tempo para pensar em coisas menos importantes. A impressão que se tem é que o Ecumenismo é um acessório, uma atividade boa, mas secundária, que poderia até existir caso houvesse tempo para realizá-la. Todo acréscimo que se faz às atividades normais de uma paróquia vai depender de pessoas disponíveis e de tempo. Se isso for verdade, com o dinamismo atual das pastorais e com o bispo sempre querendo que a paróquia crie mais uma nova e importante pastoral, o Ecumenismo nunca vai ter vez... Mas a verdade é bem outra: o Ecumenismo não é apenas mais um acréscimo, um apêndice, um acessório opcional e facultativo no meio das pastorais.

Muito pelo contrário, faz parte da essência da vida e da ação da Igreja. O Ecumenismo deve penetrar em cada uma das pastorais e imprimir uma nova maneira de pensar e de agir. Todo agente de pastoral terá uma atuação verdadeiramente católica se tiver espírito ecumênico. O ideal seria que em cada comunidade houvesse uma equipe de Ecumenismo, estudando e agindo nessa área, para lembrar constantemente aos que trabalham em outras pastorais a importância essencial da unidade eclesial em meio a tanta diversidade. De acordo com a nova compreensão de Igreja que o Concílio Vaticano II nos trouxe, se o Ecumenismo for ignorado ou excluído das atividades pastorais, a Igreja será como uma grande árvore estéril, doente e fraca, que não dará o fruto da unidade, tão desejado pelo Senhor. As diferenças entre os cristãos são mais de enfoque: uns valorizam mais alguns aspectos da doutrina e outros menos.

Daí a importância do diálogo para que nossas visões se completem. Assim se exprime João Paulo II, em sua Carta sobre o Ecumenismo: “o movimento a favor da unidade dos cristãos não é só uma espécie de ‘apêndice’, que se vem juntar à atividade tradicional da Igreja. Pelo contrário, pertence organicamente à sua vida e ação, devendo, portanto, permeá-la no seu todo e ser como que o fruto de uma árvore que cresce sadia e viçosa até alcançar o seu pleno desenvolvimento” (Ut Unum sint, 20).

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11/11/2012
[28/10/2012] - O QUE É A VERDADE? - Pe Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1234 Pilatos fez essa pergunta a Jesus e nem esperou a resposta. Jesus não ia responder mesmo. Seria perda de tempo... A resposta Ele a deu aos seus discípulos na intimidade da Última Ceia (Cf. Jo 14,6). Dizem por aí que cada um tem a sua verdade. Nada mais falso. Podemos estar com a verdade, mas ninguém é dono dela. No fundo de cada coração humano, existe, sim, uma exigência de verdade. Deus chama a todos para que a procurem. Nossa vocação é buscar a verdade sem nunca nos apropriar dela. Existe a preocupação de encerrar a verdade numa gaiola de palavras. Tais palavras refletem o pensamento e a filosofia de cada época. Com elas pretendemos que a verdade seja compreendida por todos. Ora, os tempos mudam, as palavras alteram seu conteúdo e a verdade torna-se obscura e difícil de ser entendida.

Daí a necessidade de reformulação, modificando a forma de expor a verdade. O importante é que, alterando, aumentando ou diminuindo as palavras, a verdade não seja modificada, mas seja clarificada, melhor entendida. No diálogo ecumênico falamos muito sobre isso. Como é bom, como é gostoso sentar-se numa grande roda de pastores, padres e leigos de diferentes Igrejas cristãs, orientais e ocidentais, selados numa grande amizade, e conversar sobre essas coisas com humildade, serenidade e caridade fraterna! Juntos ouvimos a Palavra de Deus: “Todo aquele que está com a verdade, ouve a minha voz”... (Jo 18,37). Sabemos a diferença entre estar com a mesma verdade e expressá-la de formas diversas. Jesus revelou-nos integralmente a verdade de Deus. Nessa verdade depositamos nossa fé e nossa vida.

Cada um não tem sua própria verdade. O que tem é um modo diferente de entender e viver a mesma verdade. A fé cristã na Doutrina de Jesus, que expressa os mistérios de Deus, é uma só, imutável. Mas, como ela se destina a toda a humanidade, precisa ser traduzida em todas as culturas. João Paulo II, em sua carta sobre o Ecumenismo, coloca os santos Cirilo e Metódio, apóstolos dos eslavos, como um exemplo e modelo nessa tarefa de traduzir a única Palavra de Deus, tornando-a acessível ao povo eslavo. Eles puderam, assim, expressar a mesma fé universal através de sua língua e de seus costumes. Sua liturgia, teologia e organização eclesial são muito diferentes, mas expressam exatamente a mesma fé de outros povos. “A expressão da verdade pode ser multiforme. E a renovação das formas de expressão torna-se necessária para transmitir ao homem de hoje a mensagem evangélica no seu significado imutável” (Ut Unum Sint, 19).

 

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28/10/2012
[21/10/2012] - EVOLUÇÃO PERMANENTE - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1222 Falar em Ecumenismo é falar em evolução, em atualização, em mudança, em caminhada constante, transformando, renovando, reformando todas as coisas. De outro modo, como poderíamos falar em união dos cristãos se cada um permanecer exatamente do mesmo jeito como está, sem mudar nada? Muita gente diz que é impossível qualquer união, porque tem uma visão estática, imóvel e imutável de sua própria Igreja. Nada pode mudar, eles não vão ceder em nada, nós também não vamos ceder. Portanto, para que esse movimento? As coisas não são bem assim.

É claro que a Verdade revelada jamais irá mudar. Mas a compreensão dessa verdade e o modo de exprimi-la podem mudar, sim. Diz João Paulo II: “Dialogando com franqueza, as Comunidades se ajudam a olhar a si próprias de modo conjunto à luz da Tradição Apostólica. Isso as leva a se perguntar se realmente exprimem adequadamente tudo aquilo que o Espírito transmitiu por meio dos Apóstolos” (Ut Unum Sint, 16). Nosso problema é que possuímos muitas vezes uma mentalidade estreita e radical.

Necessitamos de mais conversão e penitência, quando temos consciência de “exclusões que ferem a caridade fraterna, de certas recusas em perdoar, do entrincheiramento antievangélico na condenação dos ‘outros’, de certo orgulho e daquele desprezo que deriva da falsa presunção” (UUS, 15). O papa cita o Concílio que diz: “Sendo uma organização humana e terrena que caminha na história, a Igreja precisa estar sempre se reformando, porque, de acordo com a época e as coisas que vão acontecendo, as pessoas cometem erros, seja no comportamento moral, seja na disciplina da Igreja, e até mesmo na maneira de interpretar a doutrina” (Unitatis Redintegratio, 6). Notamos uma grande evolução das Comunidades cristãs, quando estão empenhadas de verdade na renovação e na reforma de suas instituições, de suas posições, da liturgia, da teologia e da estrutura de governo.

Se o espírito ecumênico penetra em alguém ou num grupo, inicia-se logo o processo de reforma. Desde que começamos o diálogo ecumênico e um trabalho conjunto com outros cristãos, já houve progressos notáveis. Dentro de uma contínua reforma vemos o crescimento progressivo da comunhão entre nós. Não pode haver separação entre atualização e abertura ecumênica. Enquanto as Igrejas mantiverem esse espírito transformador, podemos ter esperança de que um dia alcançaremos a Unidade.

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21/10/2012
[7/10/2012] - O PRIMEIRO PASSO - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1174 O início da caminhada ecumênica rumo à Unidade que Jesus deseja para a sua Igreja é a conversão do coração. “Não existe verdadeiro ecumenismo sem conversão interior” diz o Concílio. E essa conversão não é só pessoal, é também comunitária. Se não percebo dentro de mim e dentro de minha comunidade o anseio e o apelo para que consigamos a unidade com nossos irmãos no Senhor pelo batismo, os não católicos, é sinal de que estou precisando de conversão, do mesmo modo que minha comunidade precisa. Viver a vocação cristã, ser fiel ao Evangelho, exige uma conversão diária.

Todos os dias, nos momentos de oração e reflexão sobre meu compromisso com Cristo, devo examinar meu modo de ver as coisas e o grau de abertura de minha mente. Converter-se todos os dias é ver as pessoas com benevolência, compreensão e tolerância. Se minha mente estiver fechada, dura e intransigente, preciso fazer o esforço de abri-la para Deus, para o mundo e para as pessoas. Mente estreita não combina com conversão.

O espírito ecumênico aumenta em nós na medida em que cresce nossa fidelidade ao Evangelho. Um aspecto do mistério cristão que os outros cristãos sabem trabalhar e manifestar muito bem, de modo muito mais eficiente do que nós, católicos, é a conversão. Há séculos que nós descuidamos da conversão pessoal e comunitária, achando que a fé se transmite simplesmente de pai para filho, sacramentalizando de modo indiscriminado.

E o resultado está aí: 95% dos batizados católicos não participam da Igreja. Dizem-se católicos, mas não estão convertidos! O dom da fé neles não se desenvolveu... Se conseguíssemos levar as pessoas a uma autêntica conversão, elas não só teriam mais amor e dedicação a Cristo Jesus e à Igreja através da Comunidade, mas começariam a se preocupar com a unidade entre todos os cristãos. João Paulo II diz que é preciso retificar o nosso olhar, contemplando as maravilhas que Deus opera neles. Devemos ter a percepção de como o Espírito age nas outras Comunidades cristãs. Podemos descobrir muitos exemplos de santidade.

Convivendo com eles, notamos a experiência que possuem das infindáveis riquezas da comunhão dos santos. Ficaremos surpresos em ver neles as mais variadas maneiras de viver o compromisso cristão (Cfr Carta Ut Unum sint, nº. 15). Não tenhamos dúvida: Para que alguém comece a caminhar na estrada do Ecumenismo, seu primeiro passo deve ser a conversão.

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7/10/2012
[15/9/2012] - CAMINHOS DE COMUNHÃO - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1141 A palavra comunhão é muito usada no trabalho ecumênico, mas nem sempre o seu sentido é aprofundado. Entendemos comunhão como união de todos, comum união, unidade de pessoas em torno de um ideal. Ser Igreja é o mesmo que ser comunhão. Nossa unidade não é de um amontoado de pessoas, que ao se aglomerarem formam uma grande massa humana... Os laços de conexão que temos uns com os outros são, em primeiro lugar, a fé, a esperança e o amor. Nós somos um porque, no Espírito, estamos em comunhão com o Filho, e, nEle, em comunhão com o Pai. Temos união comum também ao expressar nossa fé pelos sacramentos, e ainda, pela ligação que temos com nossos Pastores e estes entre si, numa profunda comunhão hierárquica. São dois tipos de comunhão: comunhão espiritual, invisível, mística e comunhão material, visível e sacramental. Mas existem muitos graus de comunhão. Desde que nossa Igreja Católica despertou para o Ecumenismo, adotamos em todos os documentos o conceito de comunhão parcial, incompleta, imperfeita e o de comunhão total, completa e perfeita. No diálogo, quando tocamos nesse assunto, alguns irmãos de outras Igrejas dizem: “Bom, não queremos ficar só na comunhão espiritual... É preciso comunhão visível, para que todos percebam pelos sinais exteriores nossa unidade interior. Tudo bem, mas comunhão plena e perfeita só é possível no Céu!”.

Mas quando nós, católicos, falamos da comunhão em plenitude, queremos dizer que nada fica faltando para a Igreja ser completa e realizar a sua missão na Terra. O mistério da Igreja compõe-se de muitos elementos, dons da graça e meios de salvação. Cremos com toda sinceridade e dizemos com toda honestidade que todos esses elementos já estão presentes integralmente em nossa Igreja, ao passo que em outros grupos cristãos alguns estão faltando... Ao mesmo tempo em que dizemos que muitos elementos, que conduzem à salvação e edificam a Igreja, acham-se presentes entre eles, alguns ainda estão faltando. Diz João Paulo II, interpretando o Concílio: “Esses elementos existem incorporados na sua plenitude na Igreja Católica e, sem tal plenitude nas outras Comunidades, nas quais certos aspectos do mistério cristão foram, por vezes, mais eficazmente manifestados. O ecumenismo busca precisamente fazer crescer a comunhão parcial existente entre os cristãos até a plena comunhão na verdade e na caridade” (Carta Ut Unum sint, 14).

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15/9/2012
[2/9/2012] - Os Laços que nos unem - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1098 Uma das passagens mais belas e convincentes, que nossos Bispos escreveram sob a inspiração do Espírito Santo durante o Concílio Vaticano II, referindo-se à urgência em buscar a unidade dos cristãos, através do movimento ecumênico, não se encontra no documento específico sobre o Ecumenismo, a Unitatis Redintegratio (A Reintegração da Unidade), mas no documento sobre a Igreja, a Constituição dogmática Lumen Gentium (A Luz dos Povos).

É preciso reconhecer a convergência e as semelhanças que os cristãos de outras Igrejas possuem conosco. Vamos descobrir que, aquilo que nos une, é muito maior e mais importante do que aquilo que nos separa. Em geral, quem está separado, procura justificar sua separação apontando os erros e os defeitos da outra parte. Nossa Igreja faz justamente o contrário: Reconhece as próprias falhas e exalta as qualidades dos outros cristãos, demonstrando, como dizia João Paulo II, “que todo elemento de divisão pode ser vencido e superado com o dom total de si próprio à causa do Evangelho” (Carta Ut Unum Sint, nº. 1).

Nesse texto, o Concílio descreve os mais importantes pontos de união que existe entre nós e eles. Vale a pena transcrevê-lo para alimentar nossa memória e estimular nossa motivação: “Muitos deles honram a Sagrada Escritura como norma de fé e de vida. Mostram sincero zelo religioso. Crêem com amor em Deus Pai Onipotente e em Cristo, Filho de Deus Salvador. São marcados pelo batismo que os incorpora a Cristo. Reconhecem e recebem mesmo outros sacramentos nas suas próprias Igrejas ou comunidades eclesiásticas. Muitos possuem o Episcopado, celebram a Sagrada Eucaristia e cultivam a devoção para com a Virgem Mãe de Deus. Acrescenta-se a isso a comunhão de orações e outros bens espirituais. Temos até com eles certa união verdadeira no Espírito Santo, que neles atua com Seu poder santificador por meio de dons e graças, chegando a fortalecer alguns deles até se tornarem mártires” (Lumen Gentium, 15).

Diante disso, como permanecermos apáticos e indiferentes ao Ecumenismo? Como podemos permanecer externamente divididos se estamos internamente unidos, pois, Cristo Jesus não pode estar dividido. Seu Corpo é um só e nós e eles pertencemos a esse mesmo Corpo pelo batismo que faz essa única incorporação. “A divisão contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda criatura” (Unitatis Redintegratio, 1).

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2/9/2012
[26/8/2012] - O QUE DEUS ESPERA DE NÓS - Pe. Paulo Gozzi,SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1084 Qual era a intenção de Deus, com que propósito criou a humanidade? Teria algum plano, algum projeto para nós? Afinal, o que Ele espera de nós? Ninguém pode duvidar que a vontade de Deus é ver seus filhos unidos. Não existe tristeza maior para um pai do que ver seus filhos desunidos... Dizia-me um pai: “Tenho um desgosto muito grande quando vejo meus cinco filhos brigando. Eles não se entendem, cada um foi para um lado, não se falam mais. Não foi para isso que os criei com tanto carinho e dedicação.

Quando converso com eles vejo que cada um se julga com a razão e conhece perfeitamente os defeitos e os erros dos outros...” Eu fico imaginando: se um pai sofre tanto vendo os filhos separados, como estará o coração de Deus, que é o Pai perfeito, vendo guerras que não acabam mais? É guerra entre pessoas, guerra dentro das famílias, guerra entre nações... A finalidade da Igreja, discípula e continuadora da missão de Cristo, é ser modelo, exemplo de união para todo o mundo. A Igreja é o sinal visível, o sacramento da unidade entre todos os povos.

O mundo deveria buscar a unidade tendo como modelo a Igreja, que se espelha na unidade do Deus Trindade. Quando vejo cristãos que não querem a unidade com os outros cristãos, pelo contrário, alimentam a separação, insistem e aguçam as diferenças, agredindo verbalmente os outros, eu tenho certeza de que não crêem em Cristo, sua profissão de fé é mentirosa. Diz João Paulo II em sua Carta Ut unum sint, no nº. 9: “Acreditar em Cristo significa querer a unidade; querer a unidade significa querer a Igreja; querer a Igreja significa querer a comunhão de graça que corresponde à intenção do Pai desde toda a eternidade.

Este é o significado da oração de Cristo: ‘Que todos sejam um’”. Diante da realidade de um mundo cada vez mais descrente, cada vez mais materialista, o cristão verdadeiro deve se convencer de que não há nada mais urgente do que procurar a unidade com seus irmãos de outras Igrejas e comunidades, para que o mundo possa crer. Não adiante inventar métodos novos de evangelizar de forma isolada, sem pensar no testemunho conjunto com outros cristãos. Se decidirmos já a trabalhar juntos, ainda que nossa comunhão não seja completa, os meios para evangelizar se multiplicarão. Reconhecendo que temos o mesmo batismo, a mesma graça, o mesmo Espírito e somos filhos do mesmo Pai, comecemos a trabalhar juntos. A união vai acontecer na ação e não na discussão. É o que Deus espera de nós!

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26/8/2012
[17/8/2012] - UT OMNES UNUM SINT - Que todos sejam um! - Pe Paulo Gozzi http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1070 UT OMNES UNUM SINT Que todos sejam um! Esta é a vontade que o Senhor manifestou durante a última Ceia com seus discípulos. Conhecia perfeitamente a natureza humana, pois, dela fazia parte. Sabia muito bem dessa forte tendência humana para brigar, agredir, separar-se uns dos outros. O homem não foi feito para viver só, isolado. É na vivência fraterna que encontra sua realização, sua paz, sua alegria. Mas, desde o início, o pecado plantou no coração humano o germe da desagregação. Por isso, Deus se fez homem para reconciliar a humanidade entre si e com Deus.

A Cruz é o grande sinal da reconciliação. O que foi que o Senhor veio fazer aqui na Terra? Qual foi sua missão entre os homens? Ele veio para que o muro da inimizade e divisão entre os povos fosse derrubado. Jesus tem a missão ecumênica de trazer de volta à unidade aqueles que estão separados. A fé em Jesus é o princípio da unidade. O primeiro compromisso dos que o seguem deve ser formar uma unidade comum, a comunidade, um grupo que saiba testemunhar, pelos laços do amor que a todos une, a união que Cristo queria.

Mas, libertos do pecado, por mais que possuam fé, os discípulos sentem essa tendência desagregadora. Eis porque Jesus fez esta oração ao Pai na noite da despedida: “Que todos sejam um, ó Pai, como eu sou um em ti e Tu em mim...” (João 17, 21). A busca da unidade entre os cristãos é uma caminhada irreversível da Igreja e uma obrigação de todos nós, ainda mais que temos consciência de que todos os batizados fazem parte da Igreja e estão incorporados em Cristo, dão testemunho e entregam suas vidas pelo Reino de Deus.

Todos os grupos cristãos estão em certa comunhão conosco por causa do batismo, mas o mundo não pode ver essa união, pois, ela é invisível, espiritual. E o Senhor disse: “Que sejam um para que o mundo creia” (idem). Dez anos antes de sua morte, João Paulo II escreveu uma belíssima Carta para nós, chamada “Ut unum sint”, sobre a preocupação que todos devemos ter para com o Ecumenismo. Logo na Introdução ele diz: “Aqueles que acreditam em Cristo não podem permanecer divididos... devem professar juntos a mesma verdade sobre a Cruz... para que a humanidade possa encontrar nela as raízes de sua nova vida”. É na morte do egoísmo, do preconceito e da discriminação que nós alcançamos a paz e o entendimento.

Pe. Paulo Gozzi,SSS

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17/8/2012
[11/8/2012] - Ecumenismo Universal - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=1048 Acabamos de comentar o Decreto conciliar “Unitatis Redintegratio”. Sobre as diferenças que existem entre os cristãos não-católicos e nós “na maneira de entender o Evangelho e nas respostas que dão aos problemas sociais de hoje em dia”, nossos bispos dizem que “no fundo eles querem a mesma coisa que nós: estar ligados à Palavra de Cristo como fonte da força cristã e obedecer ao preceito do Apóstolo: ‘Tudo o que vocês fizerem através de palavras ou ações, o façam em nome do Senhor Jesus, dando graças a Deus Pai por meio dele’ (Cl 3, 17)” (UR, 23).

A maior dificuldade na prática do Ecumenismo é a onda de conservadorismo que paralisa o progresso, anula a influência do Concílio e faz a Igreja caminhar para trás, em vez de evoluir. O mundo cheio de confusão e contradições faz alguns membros de nossa Igreja procurar segurança na religião, definindo melhor sua identidade católica, insistindo nas diferenças que nos separam, realçando defeitos e aumentando e instigando o preconceito contra os outros. Ignorar o movimento ecumênico é ser católico pela metade, conforme o Concílio diz claramente.

O último número do Decreto recomenda que “evitem qualquer preocupação superficial com a própria doutrina, a fim de não prejudicar o progresso da unidade”, condenando assim o preconceito que só aumenta o nosso isolamento dos demais irmãos cristãos. Repetindo o que disse no começo com outras palavras, declara que “o movimento ecumênico deve ser inteiramente católico, isto é, fiel à verdade universal que recebemos dos Apóstolos e dos Pais da Igreja, sendo praticado com muita sinceridade.

Esse movimento faz parte integrante da fé que a Igreja católica sempre professou, porque leva ao crescimento cada vez mais perfeito e completo do Corpo de Cristo (Igreja) através do tempo. Esta é a vontade do Senhor”. A tendência conservadora faz com que tudo seja definido, estruturado, dogmatizado, repetindo fórmulas ultrapassadas, não admitindo uma evolução teológica da doutrina. O conservadorismo impede a ação do Espírito Santo e o dinamismo transformador do Evangelho. “Este Concílio deseja e insiste para que todas as iniciativas dos católicos sejam desenvolvidas junto com as iniciativas dos irmãos separados. Não se devem colocar dificuldades e atrapalhar os caminhos da Divina Providência.

Os impulsos do Espírito Santo, que vão aparecer no futuro, não podem ser prejudicados por ninguém”. Uma coisa é certa: Nós somos especialistas em brigar, dividir, julgar, acusar, condenar e isolar grupos e pessoas de nosso convívio. Mas não sabemos perdoar, reconhecer os próprios erros, ser humildes, reconciliar-nos, buscar a união respeitando as diferenças. Então, queremos que Deus conserte aquilo que estragamos. Mas quando Deus nos sugere que façamos algo novo, temos medo e recuamos, contrariando a vontade de Deus: “Nós sabemos bem que o ideal tão santo de alcançar a reconciliação dos Cristãos na unidade visível de uma só e única Igreja de Cristo está muito acima das qualidades e forças humanas.

Por isso, depositamos inteiramente nossa esperança na Oração de Cristo pela Igreja. Confiamos também no amor do Pai para com todos nós e no poder do Espírito Santo. ‘E a esperança não engana, pois, o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’ (Rm 5, 5)” (UR, 24).

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11/8/2012
[14/7/2012] - FÉ E SACRAMENTOS - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=989 Quando alguém crê no amor do Pai, que nos envia seu Filho, logo quer associar-se a outros que também aceitaram a mesma salvação oferecida. Isso significa incorporação: fazer parte de um corpo, o Corpo de Cristo. Sendo humanos, precisamos de sinais que representem o que está no coração. O sinal de nossa incorporação a Cristo é o Batismo, entrada no seu Corpo que é a Igreja. Sacramento é sinal de fé. O Batismo nos lava e nos tira do mundo velho, fazendo-nos viver o mundo novo. É um renascimento! Assim, Sacramento só tem sentido se expressar a Fé em Jesus Cristo.
 Para ter valor, o Batismo deve ser feito em nome da Ssma. Trindade, dando um nome que identifica o novo membro da Igreja. Aceitamos o batismo de todos os que invocam o Deus Uno e Trino e crêem na Redenção de Cristo, isto é, Ortodoxos, Anglicanos e Protestantes em geral. O Batismo mostra que nós, católicos, estamos unidos a eles. Já existe COMUNHÃO entre nós e eles. O Concílio dá o nome de Comunidades Eclesiais a todos os grupos cristãos que não possuem o Sacramento da Ordem. Comunidades Eclesiais significam “comunidades que pertencem à Igreja de Jesus Cristo”. Já os grupos ortodoxos, anglicanos e luteranos escandinavos são chamados de IGREJAS, porque possuem o Sacramento da Ordem.
 Por que esse Sacramento faz a diferença entre Igreja e Comunidade? Porque, desde o início, para autorizar ministros a presidir a comunidade, pregar e santificar por meio dos sacramentos, os Apóstolos e seus sucessores, os Bispos, impunham as mãos sobre alguém escolhido pela comunidade, invocando o Espírito Santo. Essa Ordem tem três graus de serviço: Diácono, Presbítero e Bispo. O bispo é a Cabeça visível do Corpo da Igreja, representando a Cabeça invisível que é Cristo. Sempre foi assim: onde há um bispo a Igreja é completa. Mesmo que os bispos estejam visivelmente separados entre si, a Igreja continua completa e unida, mas só espiritualmente. O que queremos é que essa unidade espiritual seja também material, para poder ser vista pelo mundo. Onde não há bispo a Igreja é incompleta, é apenas uma parcela, uma comunidade ligada à Igreja, que chamamos de Comunidade Eclesial. Mesmo sendo incompletas essas Comunidades celebram sacramentos e eles têm o seu próprio valor. Vejamos o que diz o Concílio:
 “Mesmo que as Comunidades eclesiais separadas de nós tenham unidade conosco por causa do Batismo que realizam, essa unidade não é ainda completa. Acreditamos que essas Comunidades não tenham conservado inteiramente a essência original do Mistério Eucarístico, principalmente por faltar nelas o Sacramento da Ordem. Ainda assim, quando fazem memória da Morte e Ressurreição do Senhor durante a Santa Ceia, elas proclamam que aquele ato significa a vida de comunhão íntima com Cristo, enquanto esperam a sua vinda gloriosa” (UR, 22).
 Para a fé ser completa é preciso que ela se manifeste por sinais completos. Não basta unidade espiritual, é preciso um sinal exterior, deve-se sacramentar visivelmente. O principal é a união com Cristo, claro! A união com os irmãos é secundária, mas necessária, para mostrar ao mundo que Cristo veio para dar Vida, União e Amor a todos. Reconhecemos que os não-católicos são cristãos: “Nossos irmãos alimentam sua vida cristã pela fé em Cristo. O Batismo que receberam e a Palavra de Deus que ouviram lhes dão uma grande força espiritual. É assim que demonstram ter vida cristã: fazendo oração e meditação bíblica em particular, vivendo os valores da família e participando do culto para o louvor de Deus junto com a comunidade reunida. Aliás, podemos verificar nesse culto muitas coisas que são da liturgia antiga quando todos éramos unidos” (UR, 23).
 

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14/7/2012
[24/6/2012] - RETORNO À CASA PATERNA - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=935 É incrível a desinformação e a ignorância dos católicos sobre a união dos cristãos. Um padre me disse que a Igreja Católica é a Casa do Pai, os outros cristãos são filhos que saíram de casa, e precisam voltar se quiserem pertencer de novo à Igreja. Essa é uma ideia superada. De fato, antes de existir uma teologia ecumênica, havia essa idéia da volta. O próprio João XXIII afirmava: “Acolhemos de braços abertos todos os que quiserem voltar!” Mas antes era preciso reformar a Igreja, pôr a casa em ordem, torná-la mais atraente para receber de volta os irmãos. Essa foi uma primeira idéia, pois, não sabíamos que eles sempre fizeram parte da Igreja e que, por isso, não precisariam voltar! Como pode voltar para dentro de casa quem nunca saiu? O documento oficial sobre o Ecumenismo, aprovado pelos bispos no Concílio, após muitas discussões teológicas, em nenhum momento fala de volta de ninguém para lugar nenhum! Basta ler e veremos uma teologia ecumênica que, mesmo sendo nova, não fala de volta. Fala apenas de comunhão. Cinquenta anos depois, os estudos teológicos amadureceram bastante. Nós somos Igreja, eles são Igreja, e uma Igreja deve entrar em plena comunhão com a outra. Uma não vai entrar dentro da outra e desaparecer, perdendo a identidade, mas ambas vão se dar as mãos, eliminando somente as diferenças mais graves e entrando em comunhão. Com a Igreja Oriental tudo parece mais simples e fácil: a grande barreira é a cultura. Deve-se derrubar esse muro, pois, há uma aceitação mútua da teologia, dos sacramentos, da disciplina etc. O maior problema para os Orientais ainda é a maneira como o Bispo de Roma (o papa) exerce o seu ministério de unidade. Quanto às Igrejas e Comunidades que se separaram no lado ocidental, a situação é outra: Não há barreiras culturais, pelo contrário, nossos costumes são parecidos. As divergências são profundas e graves em todos os aspectos, menos no cultural. “Essas Igrejas e Comunidades eclesiais são bem diferentes tanto na origem como na vida espiritual e nas doutrinas que professam. Não são apenas diferentes de nós, mas também são diferentes entre elas” (UR, 19). O modo diferente de interpretar a verdade revelada é que não pode ser aceito. Cada um desenvolveu sua própria teologia. O isolamento fez com que as divergências se aprofundassem. Nunca mais houve diálogo sincero entre nós, somente acusações mútuas. A solução não é a volta e nem aceitar a interpretação doutrinária do outro, renunciando à própria interpretação. A solução é o DIÁLOGO permanente, paciente e caridoso, buscando palavras adequadas que tenham o mesmo sentido para um e para outro, fazendo uma teologia em conjunto, superando as divergências sérias. Comparando os protestantes com nossa Igreja, o Concílio diz: “Sabemos que há grandes diferenças na doutrina da Igreja católica sobre Cristo, Palavra de Deus encarnada, sobre a obra da redenção, sobre o mistério e o ministério da Igreja e sobre o papel de Maria na obra da salvação. Ficamos contentes ao ver que nossos irmãos buscam a Cristo como fonte e centro da comunhão eclesiástica. Desejando a união com Cristo são levados sempre mais a buscar a unidade, dando testemunho de sua fé entre os povos” (UR, 20). A maior qualidade que o Concílio elogia nos protestantes é o profundo amor pela Bíblia que os leva “a estudá-la sempre e com muito cuidado... Procuram a Deus na Bíblia, invocando o Espírito Santo, que lhes fala em Cristo, já anunciado pelos profetas, Palavra de Deus feita carne por nós. Na Escritura admiram a vida de Cristo e aquilo que ele ensinou e realizou para a salvação de todos, especialmente o mistério de sua morte e ressurreição... A Sagrada Escritura é um ótimo instrumento de diálogo na poderosa mão de Deus, para alcançar aquela unidade que o Salvador quer e mostra a todos” (UR, 21). Aprendamos também a valorizar o que eles têm de bom, de santo e verdadeiro para facilitar nossa caminhada para a união com eles no futuro próximo.

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24/6/2012
[10/6/2012] - A BELEZA DE SER DIFERENTE - Pe. Paulo Gozzi http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=906 Há coisas que as pessoas nunca aprendem: respeitar e valorizar as diferenças, ver a riqueza da grande variedade de modos de pensar, de ser e de agir, admirar a beleza de ser diferente, sem nunca querer ser igual ao outro ou obrigá-lo a ser igual a nós. As brigas e divisões entre os cristãos aconteceram justamente por causa dessa estupidez. Somente agora descobrimos que diferença não separa, mas enriquece e mostra a beleza do mistério de Deus em nossa vida. Cada um vê Deus de modo diferente, não existe ninguém igual. Sendo universal, a revelação de Deus atinge a todos e respeita suas diferenças, sem obrigá-los a se igualar uns aos outros. Por querer enquadrar todo mundo dentro de seus padrões é que governos e organizações religiosas provocam tanto sofrimento, exclusão, marginalização, perseguição e até morte!
 Nossa Igreja finalmente abriu os olhos para enxergar essa realidade. Tentando reparar hoje o mal que fez no passado, incentiva todos os cristãos a caminharem juntos, sem precisar ser iguais, olhando suas diferenças como riquezas, como maneiras diferentes de expressar e viver a mesma fé, comprometendo-se a ser unidos nas coisas essenciais, tendo liberdade para pensar e agir de modo diverso nas coisas secundárias, mas tendo caridade em tudo.
Há dois tipos de divisão: O primeiro é entre cristãos ocidentais e orientais, há mil anos atrás. O segundo é entre os próprios cristãos da Europa ocidental, no movimento chamado de Reforma, há 500 anos atrás. Todos, porém, pertencem à mesma e única Igreja de Cristo.
 O Decreto sobre o Ecumenismo (Unitatis Redintegratio) fala dos Orientais (ortodoxos) com muito amor: “A Igreja do Ocidente recebeu desde o começo como herança um tesouro que as Igrejas do Oriente possuem, a respeito da liturgia, da tradição espiritual e das leis importantes para a organização da Igreja. As grandes verdades da fé cristã sobre a Trindade e a Palavra de Deus, que se fez carne no seio da Virgem Maria, foram definidas nos Concílios Ecumênicos realizados no Oriente. Aquelas Igrejas sofreram muito e ainda sofrem para manter essa fé. A herança que os Apóstolos deixaram foi aceita de forma diferente e, desde o começo da Igreja de lá e de cá, essa herança foi explicada de várias maneiras, principalmente por causa da diferença de cultura e de condições de vida. Tudo isso foi desculpa para a separação, além de influências vindas de fora da Igreja e ainda por falta de compreensão e de caridade das duas partes” (UR, 14).
 Quando eu estudava na Suíça, no curso de especialização ecumênica, patrocinado pelo Conselho Mundial de Igrejas, perguntei a um padre ortodoxo, meu colega de estudo, como ele achava que deveria ser a união dos cristãos no futuro. Ele respondeu com a maior tranqüilidade: “Todos deverão ser iguais a nós, ortodoxos, tendo a mesma maneira de pensar, os mesmos rituais litúrgicos e até o mesmo modo de se vestir!” Não sei se ele mudou de opinião, mas achei aquilo um absurdo, ridículo até! Apesar de admirá-los, não quero ser como eles! Há também católicos que pensam que os protestantes devem ser como nós para haver união: Que mesquinharia! Aquele padre e esses católicos só vêem beleza em si mesmos. São incapazes de admirar a beleza dos outros sem precisar ser igual. Sobre as Igrejas ortodoxas o Concílio diz: “Declaramos que todo esse grande tesouro espiritual e litúrgico, disciplinar e teológico, presente nas diversas tradições, faz parte da vida católica e apostólica da Igreja” (UR, 17). Depois de valorizar a beleza de ser ortodoxo, o Concílio termina dizendo: “Vivendo o ideal ecumênico com entusiasmo, esperamos derrubar o muro que separa a Igreja ocidental da oriental e que seja erguido um único prédio assentado sobre a pedra principal da construção, Jesus Cristo, que fará das duas uma só” (UR, 18). Podemos ser unidos sem deixar de ser o que cada um de nós é...
 

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10/6/2012
[3/6/2012] - ABRIR OU FECHAR PORTAS- Pe Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=889 No meio da confusão religiosa em que vivemos, surge a necessidade de cada pessoa ou grupo se identificar e mostrar aquilo que acredita ou não. Todos devem saber de modo claro quem é quem no meio desse caos... Mas alguns acham que reafirmar a fé significa provocar, confrontar e brigar com os evangélicos, dizendo que é preciso pagar na mesma moeda, ser agressivo com quem é agressivo. E não possuindo uma visão atualizada da Igreja católica, apegam-se a um modo ultrapassado de falar, reacendendo velhas brigas acontecidas há 500 anos entre Cristãos de várias facções. Por ignorância ou por conveniência, deixam de lado os avanços teológicos consagrados pelo Concílio Vaticano II, que tanto nos aproximam dos outros cristãos, e usam uma linguagem atrasada e retrógrada.

Com isso, as portas do ecumenismo, que mal começaram a se abrir, já estão sendo fechadas. Isso é antiecumenismo! O Concílio diz: “O jeito de apresentar a fé católica não pode de modo algum se tornar um obstáculo que dificulta o diálogo ecumênico. A doutrina deve ser apresentada de modo completo e claro. Nada é tão contra o ecumenismo do que fingir que tudo está bem, escondendo o sentido verdadeiro da doutrina católica. Não podemos nem esconder e nem diminuir a importância das coisas em que acreditamos. O modo de explicar precisa ser profundo e correto, usando palavras que não deixem dúvidas, para que nossos irmãos em Cristo possam compreender tudo de verdade” (UR,11). Para ser ecumênico, o católico tem muito que aprender. Além de atualizar o seu modo de falar, é preciso saber que há uma ordem de importância nas coisas que acredita. Às vezes se dá mais valor para coisas que têm menos valor, ou então, põe-se tudo em pé de igualdade. Existem doutrinas fundamentais e doutrinas secundárias, que são desdobramento das verdades essenciais. Se formos comparar a doutrina católica com a doutrina protestante, vamos descobrir que estamos unidos justamente nas coisas essenciais da fé e estamos divididos nas coisas secundárias, nos detalhes.

Basta ver no quê esses “crentes” arrogantes e bocudos atacam os católicos: uso de imagens, devoção e invocação à Santíssima Virgem e aos Santos, oração pelos mortos, aparições, uso de símbolos cristãos como cruz, medalhas e escapulário, devoções piedosas como terço, novenas, orações a Santos para cada necessidade etc. Essas coisas são totalmente secundárias, não fundamentais para a fé e nem necessárias para a salvação: Não somos obrigados a acreditar, praticar ou usar. São apenas costumes e particularidades de nossa Igreja, riquezas da criatividade ascética e mística na busca de uma santidade maior, adaptadas a todos os gostos e níveis de pessoas. Eles não têm o direito de nos atacar! Exigimos respeito, assim como nós também os respeitamos e não impomos a eles essas coisas... Eles nunca irão nos acusar por crermos no Deus Uno e Trino, na Encarnação do Verbo, no Sacrifício redentor da Cruz, na Ressurreição de Jesus, na importância da Igreja, na conversão, no Batismo, na Eucaristia e na Vida eterna, porque acreditam também nessas mesmas coisas fundamentais para a fé cristã. Já é hora de aprender que não se deve perder tempo em discussões bobas de coisas pequenas, detalhes, costumes.

Eu estou sempre dizendo que nós católicos temos coisas demais e eles têm coisas de menos. Vamos ver o que é importante e o que não é, deixando a liberdade de cada pessoa ou grupo fazer ou não isso ou aquilo. Diferenças não dividem as pessoas, pelo contrário, enriquecem e fazem com que admiremos a variedade de dons que o Espírito concede a cada um: “É desse jeito que vai se abrir o caminho que estimula todas as pessoas a conhecer bem as imensas riquezas de Cristo e como elas podem ser mostradas de maneira clara” (UR, 11). O momento é de diálogo, de cooperação, de testemunho e trabalho conjunto, não de brigas e rivalidades: “Através da cooperação, todos os Cristãos aprendem a se conhecer melhor de modo mais fácil, a se amar e a abrir o caminho para a unidade dos Cristãos” (UR, 12).

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3/6/2012
[20/5/2012] - PASTORAL DO ECUMENISMO - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=859 Dizem que “santo de casa não faz milagre” e que “em casa de ferreiro o espeto é de pau”. Sendo especialista em Ecumenismo há mais de 40 anos, estava numa paróquia há oito anos e ainda não havia implantado lá a Pastoral do Ecumenismo. Finalmente, três pessoas passaram a fazer parte. Na verdade, a organização da Pastoral é em nível de Setor. Há representantes das paróquias do Setor para organizar atividades ecumênicas. O principal trabalho é o Culto Ecumênico durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. A formação ecumênica é dada em nível de Região Episcopal, todo primeiro domingo do mês, às 15h, no Centro de Formação Pastoral, com representantes dos nove Setores da Região Santana. Participam cerca de 20 pessoas. Se não houver uma Pastoral do Ecumenismo na paróquia, pelo menos é importante que haja Ecumenismo na Pastoral, isto é, os membros de todas as pastorais, associações e grupos paroquiais devem ter espírito ecumênico, pois, nenhum católico tem o direito de não ser ecumênico. Mas para haver aproximação com os outros Cristãos é preciso renovar-se e renovar a Igreja. O Concílio afirma que “sendo uma organização humana e terrena que caminha na história, a Igreja precisar estar sempre se reformando, porque, de acordo com a época e as coisas que vão acontecendo, as pessoas cometem erros, seja no comportamento moral, seja na disciplina da Igreja, e até mesmo na maneira de interpretar a doutrina. É preciso saber distinguir: uma coisa é a explicação da Doutrina e outra coisa é o Depósito da Fé, o conjunto de verdades que os Apóstolos transmitiram e que deve ser bem guardado... Qualquer renovação tem grande importância ecumênica” (Unitatis Redintegratio, nº 6). O problema é que boa parte de nós, católicos, ainda não estamos convertidos. Temos uma boa doutrinação e muita catequese, mas pouca fé verdadeiramente evangélica. Pensamos que a fé seja um conjunto de conhecimentos intelectuais sobre religião. Então, aparecem mentalidades conservadoras, retrógradas e fanáticas, defendendo dogmas e perseguindo pessoas, sem qualquer caridade, opondo-se a qualquer tipo de idéia renovadora, utilizando uma linguagem antiquada para expressar suas opiniões. Não sabem distinguir entre explicação da doutrina e a verdade pura da fé. O que diz o Concílio? Diz que “se não houver conversão interior, não vai existir um verdadeiro ecumenismo. O desejo de unidade nasce e cresce a partir da mudança de mentalidade, da doação de si mesmo e da grande caridade que Deus derrama nos corações de modo livre e espontâneo” (Unitatis Redintegratio, 7). Quem não muda a mentalidade e não se torna tolerante, acolhedor, humilde, compreensivo, paciente e bondoso, jamais será ecumênico e, portanto, não pode ser católico... O pecado contra a Unidade é o radicalismo, a arrogância de se julgar melhor do que os outros, a intolerância, a discriminação e o preconceito. “Sobre nossa culpa, especialmente aquela contra a unidade, queremos lembrar o testemunho de São João: ‘Se dizemos que nunca pecamos, estaremos afirmando que Deus é mentiroso e sua palavra não estará entre nós’ (1Jo 1,10). Por isso, pedimos humildemente perdão a Deus e aos irmãos separados, assim como nós perdoamos aqueles que nos têm ofendido” (UR, 7). A Pastoral do Ecumenismo oferece muitas atividades, mas o centro de tudo está na espiritualidade ecumênica: “A conversão do coração e uma vida santa, incluindo a oração feita pela unidade dos Cristãos, seja em particular, seja em conjunto, devem ser consideradas o centro e a alma de todo o movimento ecumênico. É isso que nós chamamos de Ecumenismo Espiritual” (UR, 8). Em qualquer atividade pastoral numa comunidade paroquial, se tivermos essa espiritualidade estaremos sempre agindo ecumenicamente. É o ecumenismo da Pastoral.

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20/5/2012
[29/4/2012] - IGREJA E SALVAÇÃO - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=815 Até há pouco tempo costumávamos dizer que as celebrações dos protestantes não tinham qualquer valor. Não podemos mais afirmar isso porque não é verdade e é uma grande injustiça e ignorância em relação aos planos de Deus. A graça da salvação faz parte do mistério de Cristo e quando falamos em mistério devemos reconhecer que os caminhos de Deus são maravilhosos e incompreensíveis aos nossos olhos. Crescendo na compreensão das verdades reveladas no Evangelho, a Igreja católica hoje afirma o valor santificador do culto dos outros cristãos. Eis mais alguns trechos do Decreto sobre o Ecumenismo, que todo verdadeiro católico deve conhecer e acolher: “Os irmãos separados de nós fazem muitas celebrações sagradas. Não duvidamos que essas celebrações produzem realmente a vida da graça, de diferentes modos e conforme a situação de cada Igreja ou Comunidade. Afirmamos com certeza que elas são capazes de abrir as portas da salvação para os que vivem em comunhão com Deus e com os irmãos”. “Acreditamos que faltem algumas coisas importantes nessas Igrejas e Comunidades. Mesmo assim, elas têm grande importância e significado dentro do mistério da salvação. O Espírito Santo usa essas Comunidades como instrumentos de salvação, cuja força vem da graça completa e da verdade total que Jesus entregou à Igreja universal”. “A Sagrada Escritura e a antiga Tradição da Igreja falam da unidade que Jesus Cristo deu aos discípulos. Por meio de Jesus, todos nasceram de novo e possuem uma vida nova, formando um Corpo único... Os que pertencem ao Povo de Deus precisam estar completamente ligados a esse Corpo que caminha e cresce sempre na terra. Mesmo sendo pecador, esse povo é conduzido suavemente por Deus para a Jerusalém celeste e alcançará a glória eterna com muita alegria. É o que Deus quer!” (UR 3). Jesus nos diz que o Espírito Santo sopra aonde quer e como quer. Ele não pode ficar dependendo de nossa estreiteza mental, de nossa arbitrária interpretação da Bíblia ou de nossa ignorância ao agir. O Concílio quer que nós, católicos, aprendamos a reconhecer a graça de Deus que atua nos cristãos não-católicos. Com o tempo, o conhecimento da Verdade escondida no mistério de Deus vai aumentando em nós. Pensávamos que só nós éramos Igreja, que fora de nossa Igreja não havia salvação e que a salvação dependia de estruturas humanas e externas, como papa, bispo, padre, sacramentos e leis, e que o Espírito Santo era propriedade particular dos católicos! Agora sabemos que a Igreja, instrumento da graça e da salvação, é antes de tudo mística e espiritual, e abrange todos os batizados: católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes em geral, com todas as suas divisões, desde as Igrejas históricas (ortodoxa, luterana, metodista e presbiteriana) até as Comunidades cristãs chamadas “livres” (batistas, adventistas, pentecostais e neopentecostais). Essas Comunidades Livres não aceitam o batismo infantil (são anabatistas) e, por isso, costumam batizar de novo quem já foi batizado em criança. É preciso lembrar que esse segundo batismo não tem qualquer valor espiritual, pois, é inútil e supérfluo, feito por ignorância e visão tacanha da parte deles. Vale sempre o primeiro batismo, seja em que Igreja ou Comunidade for. O que o Concílio ensina é que as orações, a proclamação da Palavra de Deus, a Santa Ceia, o Batismo e todas as outras celebrações realizadas por nossos irmãos cristãos, independentemente da autenticidade, da dignidade ou da boa fé dos ministros (há tantos charlatães!), têm o poder de transmitir a graça do Espírito Santo, incluindo a salvação eterna. O povo não tem culpa dos maus líderes religiosos. Deus utiliza esses canais defeituosos para fazer passar suas bênçãos. A Igreja e a salvação também chegam até os que pertencem a religiões não-cristãs ou em nada acreditam. Tudo depende da sinceridade de seus corações quando buscam a Verdade. Aí está o mistério do amor misericordioso de nosso Deus e de nosso Salvador Jesus Cristo!

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29/4/2012
[15/4/2012] - Igreja Única e Unida - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=764 O Pe. José Bizon, coordenador do Movimento ecumênico em São Paulo, foi também assessor da CNBB em Brasília e ocupava o mesmo cargo que eu ocupei de 1973 a 1975. Ele me pediu que fizesse uma nova tradução, mas em linguagem popular, do Decreto do Concílio Vaticano II sobre o Ecumenismo: Unitatis Redintegratio - “A REINTEGRAÇÃO DA UNIDADE DE TODOS OS CRISTÃOS”. As palavras são muito difíceis de serem entendidas por todos. Da mesma forma que aconteceu com o documento sobre Liturgia, a nova tradução desse documento ecumênico serviria para comemorar seus 40 anos de publicação. Fiz o trabalho com entusiasmo e fidelidade total ao texto original, o que não é fácil, tratando-se de linguagem simples do povo e não teológica.
A tradução foi analisada, comparada aos originais e, finalmente, conseguiu-se a aprovação. Mesmo tendo passado o ano comemorativo, a CNBB publicou o trabalho em 2005, completando-o com um magnífico comentário do Decreto, apresentando as conseqüências para a pastoral de toda a Igreja Católica. É um livrinho singelo e elucidativo, que todos os que não estão habituados à linguagem teológica podem usufruir com muito proveito espiritual e pastoral. Espero que todos leiam com muito amor e vejam como o Ecumenismo é essencial para a vida da Igreja e de todos os Cristãos.
Eis como o Concílio Vaticano II vê a ligação entre nós e os cristãos não católicos: “Desde o princípio da Igreja, que era única e unida, começaram a aparecer desentendimentos. O Apóstolo Paulo condena esse comportamento (1Cor 1,11ss; 11,22). Mesmo assim, com o passar do tempo, brigas ainda maiores foram aparecendo. Eram grandes comunidades que se separavam do conjunto da Igreja católica, em geral, por culpa dos dois lados. Mas agora, os que nascem nessas comunidades separadas de nós e vivem da fé em Cristo, não podem ser acusados do pecado da separação. A Igreja católica abraça esses irmãos com muito respeito e amor. Aqueles que foram batizados e acreditam em Cristo estão em comunhão com a Igreja católica, embora essa comunhão não seja ainda perfeita. Existem muitas dificuldades para a total comunhão: são diversas diferenças muito graves entre eles e a Igreja católica, a respeito da doutrina, da disciplina e da organização da Igreja. Ora, o movimento ecumênico tem por finalidade superar essas barreiras. No Batismo, nossos irmãos são justificados pela fé e fazem parte do Corpo de Cristo. Por isso, têm a honra de se chamar cristãos com muita razão, e merecem que os filhos da Igreja católica os reconheçam como irmãos no Senhor... É necessário lembrar que fora da Igreja católica podem existir muitos bens importantes que, juntos, fazem a Igreja crescer e se tornar mais viva. Esses bens são: a Palavra escrita de Deus, a vida da graça, a fé, a esperança, a caridade e outros dons espirituais que o Espírito Santo transmite. Existem ainda vários elementos visíveis. Todas essas coisas que vêm de Cristo e para ele levam pertencem à única Igreja de Cristo“  (UR, 2).
Com essas afirmações entendemos que a Igreja de Cristo é uma só do ponto de vista espiritual e invisível. Não existem várias Igrejas, pois, o mistério é único. Mas do ponto de vista material e visível a Igreja é formada de várias Igrejas e Comunidades cristãs, pois a comunhão entre todos os cristãos ainda não é perfeita. Faltam muitas coisas para que essa comum união seja completa. Chamamos de “Igreja” somente aqueles grupos cristãos que possuem o Sacramento da Ordem, onde os Bispos são ordenados segundo os critérios da antiga Tradição cristã que remonta aos Apóstolos. É completa a Igreja que tem como cabeça visível um Bispo de origem apostólica. Os grupos que não possuem Bispos são chamados de Comunidades eclesiais, isto é, pertencem à Igreja, mas não são Igrejas completas. Assim, a Igreja é única e unida interiormente, mas múltipla e dividida exteriormente...
O mundo só consegue enxergar o que é material e jamais pode ver nossa misteriosa Unidade. Assim, para que o mundo creia que Deus o amou a ponto de lhe enviar seu Filho único é preciso que a Igreja se manifeste unida. Foi exatamente isso que Jesus disse: “Que todos sejam um para que o mundo creia” (Jo 17, 21). A grande razão da descrença no mundo é a divisão dos Cristãos.
 

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15/4/2012
[30/3/2012] - Ser Católico é ser Ecumênico - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=720 A partir do Decreto do Concílio sobre o Ecumenismo “UNITATIS REDINTEGRATIO” (UR), isto é, “A Reintegração da Unidade”, quem não for ecumênico não pode ser católico! O texto diz claramente que “o interesse pelo trabalho de união deve ser de toda a Igreja, tanto dos fiéis como dos pastores, e afeta cada um em particular, conforme sua capacidade, seja na vida cristã de cada dia, seja nas pesquisas da teologia e da história. Essa preocupação já está mostrando que existem ligações fraternas entre os Cristãos, levando aos poucos à completa e perfeita unidade que Deus quer” (UR, 5).  Portanto, ninguém pode se dizer católico e ser contra o movimento ecumênico!
 E o que é ser ecumênico? É respeitar as outras religiões, não só as cristãs, mas também as não-cristãs. O Ecumenismo é uma espiritualidade, uma mentalidade, um modo de pensar, que acredita na união das pessoas, apesar da variedade e diversidade de idéias. Não é preciso pensar e agir como o outro. Basta respeitar o modo de pensar e ser do outro e exigir o respeito dele. Ser ecumênico não é ser igual, mas saber ser diferente e conviver bem com os outros. Isto não quer dizer que vamos deixar tudo como está, achando que está tudo bem, cada um na sua, não! Há muita coisa que precisa mudar para haver maior união, principalmente entre os cristãos.
 O Ecumenismo começa em casa: Primeiro, é preciso ver as diferenças que existem entre nós, católicos. Cada um tem um dom, mas o Espírito é o mesmo. Os talentos diferentes são colocados a serviço do bem de todos. Se todos fossem só da pastoral litúrgica, o que seria da pastoral catequética? Mas todos devem ajudar uns aos outros a melhorar. O Concílio diz: “É muito importante e necessário que os católicos se preocupem com os irmãos cristãos não-católicos, orem por eles, conversem sobre assuntos da Igreja, dando os primeiros passos em direção a eles. Mas, acima de tudo, vejam com atenção e sinceridade tudo o que deve ser renovado e realizado dentro da própria Família Católica. Assim darão com sua vida um testemunho mais fiel e luminoso dos ensinamentos recebidos de Cristo por meio dos Apóstolos” (UR, 4).
 Para se aproximar dos irmãos não-católicos, o Concílio começou a reformar tudo, começando pela Liturgia e chegando até ao modo de pensar e explicar a fé (Teologia). As outras Igrejas cristãs, vendo nosso exemplo, começaram também a fazer mudanças internas, valorizando coisas que antes não valorizavam. Valorizando mais a Palavra de Deus, ficamos mais parecidos com eles, que conhecem bem a Bíblia. Valorizando mais a Liturgia, eles ficaram mais parecidos conosco, que temos uma grande riqueza de símbolos litúrgicos. É um grande passo para favorecer a união: mudar tudo o que pode ser mudado. O Concílio diz: “Mantendo a unidade nas coisas necessárias, todas as pessoas na Igreja, de acordo com a função de cada um, têm direito à liberdade, tanto nos vários modos de vida espiritual e de organização, quanto nas diferentes maneiras de celebrar a Liturgia, e até mesmo nas variadas formas de explicar a verdade revelada através da Teologia. Mas, acima de tudo, todos devem ter caridade. E assim irão mostrando aos poucos como a Igreja é universal e apostólica” (UR, 4).
 O Espírito Santo faz as religiões caminharem para a Unidade. O progresso dos povos, como dizia Paulo VI, depende do diálogo, do respeito e da convivência fraterna entre os mais diferentes grupos: Deus quer que olhemos para frente, caminhemos na direção da Unidade, dentro de um Pluralismo sadio. Quem vive procurando motivos para incriminar e alimentar preconceitos está na contramão da História. E não falo somente dessas seitas fanáticas que tanto nos agridem: Mesmo dentro da Igreja católica, existem grupos radicais que rejeitam as mudanças, querem tudo como antes do Concílio, tornam-se antiecumênicos e, portanto, já não são mais católicos!
 

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30/3/2012
[27/1/2012] - Na Contramão da História - Pe. Paulo Gozzi, SSS http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=583 Todo o século XX foi marcado por um movimento geral de união. Alarmados pela Guerra Mundial, nunca antes acontecida, os líderes organizaram uma Liga de Nações que culminou na ONU (Organização das Nações Unidas). A ditadura, o nazismo, o comunismo, o colonialismo e o imperialismo foram desaparecendo aos poucos. Vimos até onde chegou o fanatismo que leva pessoas e grupos a se julgar melhores do que os outros. Todos os que radicalizam suas idéias e as impõem aos outros, se conseguirem ter poder político, acabam como Hitler, a verdadeira imagem da Besta, o monstro destruidor. Acordamos para o perigo do racismo, do preconceito, da exclusão, da marginalização, da arrogância e da prepotência. Aprendemos que cada povo é diferente, tendo costumes, sistemas políticos, filosofias e religiões diferentes.

E é possível viver a unidade nessa diversidade. Querer impor seu modo de pensamento e de vida é desrespeitar as liberdades e causar revolta. Existem os que não aprendem nunca! Por exemplo: o governo americano ainda insiste em dominar os outros, julgando-se juiz e polícia do mundo. Com isso, provoca ódio, violência e guerras. Mas hipocritamente se diz vítima do terrorismo quando é o causador! Estão na CONTRAMÃO DA HISTÓRIA, isto é, não alimentam união e sim divisão.


 Na área religiosa acontece o mesmo. Descobrimos no século XX a importância de respeitar o pluralismo religioso e de dialogar, não para impor nosso ponto de vista, mas para partilhar as riquezas que possuímos de ambos os lados. Nossa Igreja foi a última a aceitar o Ecumenismo, porém, muitos católicos ainda não entenderam bem esse espírito. Numa palavra, é preciso ser humilde para reconhecer que Deus fala também por meio de outras religiões e não só pela nossa. Até o século passado nossos chefes religiosos eram principescos, prepotentes e moralistas. O Concílio Vaticano II veio trazer uma nova visão das coisas, colocando a Igreja Católica na trilha da Unidade para seguir o curso da História e a tendência universal de busca de Paz com todos.
 Infelizmente, estamos vendo nos últimos anos aqui no Brasil seitas cristãs que, por oportunismo, dão as costas a essa mão de direção e passam a andar na CONTRAMÃO. Ressuscitam o radicalismo fanático que distribui condenações para todos os lados. Os que não são do seu grupo são idólatras, contaminados pelo mal e possuídos pelo demônio. As seitas pululam por toda parte e alastram-se como fogo. O charlatanismo engana, arranca dinheiro e arrasta muita gente, provocando divisão, dispersão e guerra entre pessoas e famílias inteiras.


Os que se deixam levar têm em geral problemas graves de ordem psíquica, emocional, afetiva, financeira e social. Acompanhando alguns casos tristes de pessoas em crise existencial, que foram manipuladas por “pastores” inescrupulosos, sofreram lavagem cerebral e se fanatizaram, cheguei à conclusão de que essas vítimas da “conversão” precisam na verdade é de tratamento psiquiátrico e os bandidos que cometeram esse crime precisam mesmo é de cadeia. Existe lei para isso? Quem segura essa onda? Pessoas de bom senso, em qualquer área de atividade humana, reconhecem a violência que essas seitas praticam, levando à desumanização das pessoas que foram aliciadas e que são inteiramente manipuladas. E o pior é que vários cristãos verdadeiros, que pertencem a alguma das Igrejas históricas, inclusive a nossa, diante desses fatos, sem saber distinguir entre evangélicos e evangélicos, se fecham ao Ecumenismo e também passam a andar na CONTRAMÃO DA HISTÓRIA...
 

Pe. Paulo Gozzi, SSS

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27/1/2012
[4/11/2011] - Muitas Crenças em busca de uma única verdade http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=392 Para os peregrinos de todas as confissões reunidas em Assis, Itália, neste 27 de outubro para o Dia de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e a Justiça no mundo, a conclusão é unânime: “Foi um evento histórico de enorme importância”.
Uma multidão começou a se reunir desde as primeiras horas de um dia úmido e frio diante da igreja de Santa Maria dos Anjos. Os policiais e os voluntários foram rigorosos na gestão do fluxo para que ninguém se queixasse da espera nem do cansaço.
O papa chegou às 10h30 entre aclamações uníssonas. Gritos de alegria se levantaram, inclusive o tão popular “Esta é a juventude do Papa”, da última Jornada Mundial da Juventude em Madri.
Junto com todos os líderes religiosos, o papa foi da porciúncula à praça da basílica de São Francisco.
Pessoas de toda nacionalidade e idade participavam do encontro. ZENIT recolheu impressões do evento começando pelos mais jovens.
A uma turma escolar de Latina perguntamos se chegaremos algum dia à paz no mundo. Três estudantes de quinze anos respondem: “Talvez dentro de uns cem anos...”. E uma colega observa que “sem Deus seria mais difícil, porque tudo dependeria dos homens”.
Encontramos depois um grupo de franceses da Normandia. “É um evento histórico que repete a mesma alegria de 25 anos atrás”, comenta um deles. “Achei muito emocionante o discurso do santo padre, quando ele falou de trabalhar pela paz, de criar uma comunidade. Esta é a esperança da religião”.
Entre os peregrinos, muitos voluntários transformam o evento em apostolado. É o caso de uma senhora de Assis, que nos diz: “Eu me sinto envolvida, porque, além de ser útil para a comunidade, ainda vivo mais de perto este encontro com o papa”.
É possível fazer apostolado com quem não acredita em Deus ou tem um credo diferente? “Sim, com os valores da hospitalidade e da caridade”, prossegue a voluntária. “Temos que nos comportar como verdadeiros cristãos todos os dias, transmitir a importância de fé na cotidianidade. A fé não pode ficar só na teoria”.
O santo padre já chegou quando encontramos uma jovem turca coberta com seu chador: é uma estudante da Universidade Pontifícia Gregoriana. “Fomos todos criados por Deus. Somos todos importantes, prescindindo de religião e nacionalidade. Existem valores como a dignidade da pessoa e os direitos humanos que são fundamentais para vivermos em paz”.
Sobre a condição da mulher nos países de maioria muçulmana, a nossa interlocutora islâmica afirma que a questão “é um dos preconceitos mais comuns sobre o islã. Na teologia, eu não vejo nenhuma controvérsia”.
A porcentagem de crentes no Japão é muito baixa, especialmente entre os jovens. Mas “depois do trágico tsunami de 11 de março, muita gente descobriu a fé e a espiritualidade”. Quem nos conta é um jovem japonês, representando uma delegação xintoísta cujo líder estava na tribuna com o papa.
Entre a multidão se destaca o sári laranja de uma monja hindu, que nos diz: “Eu me sinto muito próxima de Bento XVI: a jornada de hoje foi um gesto belíssimo, uma mensagem de esperança e de paz. Entre as palavras maravilhosas que escutei, me chamou a atenção particularmente a ideia de um Deus que é amor. A palavra 'amor' une todos nós”.
Nossa monja concorda com o discurso de Acharya Shri Shrivatsa Goswami, representante da sua religião. “Apreciei as palavras dele”, acrescenta. “É necessária uma ética sadia na gestão da economia e na justa distribuição do trabalho, do dinheiro e dos recursos. As religiões têm que ser porta-vozes deste compromisso e a jornada de hoje foi mais um passo nesta direção. A sacralidade da vida também é um valor que qualquer fé religiosa compartilha”.

Fonte Zenit
 

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4/11/2011
[2/11/2011] - A espiritualidade ecumênica no Brasil - Pe. Elias Wolff http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=390 Nós cristãos somos convidados a vivermos “unidos nos ensinamentos dos Apóstolos...” (At 2,42). Isso impele à à reflexão sobre os elementos desse ensino que sustenta a comunhão dos discípulos e discípulas de Cristo. Esses elementos encontram-se de formas diferentes nas diversas tradições eclesiais. Eles nos conduzem à busca comunhão pela vivência de uma espiritualidade ecumênica.
 
A espiritualidade ecumênica caracteriza-se pelo intento de comunhão das diferentes modalidades de experiência da fé cristã, que acontecem no interior das diferentes igrejas. E configura-se pelo encontro, a escuta e a valorização recíproca das experiências de oração e de vida no interior de cada tradição eclesial, buscando individualizar as efetivas possibilidades da unidade cristã através da mística do diálogo.
 
A sua explicitação é privilegiada na oração que emerge dos encontros de natureza ecumênica promovidos seja pelas igrejas, seja organismos ecumênicos ou pelos cristãos, os quais em suas comunidades formam grupos ecumênicos espontâneos, alimentando o espírito de convivência e diálogo. Mas é, sobretudo, no interior do coração e da consciência de cada fiel que se forma a espiritualidade ecumênica. Ali o Espírito atua e suscita o diálogo com Deus e com os outros. Assim, a espiritualidade ecumênica não é exclusiva das organizações eclesiásticas e/ou ecumênicas, ainda se está legitimamente ancorada nessas instâncias. Ela tem seu lugar na disponibilidade do cristão em deixar-se guiar pelo Espírito que forma o seu modo de ser, de compreender e de conviver com o outro, construindo uma atitude de vida pautada pela capacidade de convivência, de diálogo e de comunhão.
 
Uma base comum
 
Constatam-se três principais elementos que formam a base da espiritualidade ecumênica no Brasil: 1) a fé em Jesus Cristo ao qual todos os cristãos se referem como razão e centro da própria existência. Isso possibilita aos cristãos e suas igrejas abertura para o mútuo reconhecimento de suas tradições, compreendendo que as diferenças na forma de expressar a fé cristã nem sempre significam divergências quanto ao seu conteúdo. Assim, as diferentes concepções da fé cristã e a diversidade de formulações e expressões da espiritualidade, não impossibilitam a busca de caminhos que favoreçam a oração comum entre cristãos de diferentes igrejas.
 
2) A solidariedade no contexto em que se vive. No Brasil, e na América Latina como um todo, a espiritualidade tem um profundo enraizamento no contexto social das comunidades. Esse contexto é marcado por situações de empobrecimento, miserabilidade, exclusão. Essa situação é comum a cristãos de diferentes igrejas, fato esse que faz do contexto social um chão ecumênico. Consequentemente, a espiritualidade ecumênica que alimenta as práticas de convivência e diálogo dos cristãos nesse contexto, assume ares de profecia. A oração que sobe aos céus é proferida junto com o grito de dor e de sofrimento causados pela injustiça social.
 
3) O crescimento do movimento ecumênico no Brasil no período pós-conciliar, constatado por três principais fatores: a) o incremento dos organismos ecumênicos tanto a nível nacional quanto a nível local e regional. Destacam-se aqui a Coordenadoria Ecumênica de Serviços – CESE (1973), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC (1982), e os inúmeros grupos ecumênicos que surgem nas diferentes comunidades, paróquias e dioceses. No interior da Igreja Católica Romana, destacam-se a Dimensão V da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e as Comissões Regionais e Diocesanas para o Ecumenismo; b) o fortalecimento das iniciativas em âmbito nacional, como as Semanas de Oração pela Unidade dos Cristãos e a Campanha da Fraternidade Ecumênica no ano 2000 (haverá outra Campanha da Fraternidade Ecumênica em 2005); c) a emergência de ambientes que vão aos poucos se tornando referência na experiência de uma espiritualidade ecumênica: Casa da Reconciliação, em São Paulo; Mosteiro da Anunciação, em Goiás; os Focolarinos, em várias regiões do Brasil; a comunidade de Taizé, na Bahía.
 
Esses três elementos são fundamentais para se entender o crescimento das iniciativas que promovem a oração comum entre cristãos de diferentes igrejas. Uma oração realizada em diferentes lugares e situações, mas que acontece motivada pelo mesmo Espírito que promove a unidade. A oração que emerge das práticas ecumênicas vai formando nos cristãos um modo de ser, atitudes e comportamentos ecumênicos que estão na base da espiritualidade ecumênica no Brasil.
 
A natureza da espiritualidade ecumênica
 
As iniciativas ecumênicas que se concentram na espiritualidade não se propõe tratar das questões técnicas do ecumenismo, nem fazer análises ou discussões ecumênicas. Visam, sobretudo, partilhar uma comum experiência da fé, buscando alargar as possibilidades de comunhão que tenham na oração a sua fonte e o seu alimento. São iniciativas ainda pouco exploradas, mas certamente as mais profundas e mais promissoras das experiências ecumênicas realizadas, por possibilitarem mais do que outras uma real comunhão de sentimentos, de projetos, de vida. Elas criam um «lugar interior» comum, onde cada fiel encontra-se com o outro e com Deus, de modo que as experiências ecumênicas que configuram a espiritualidade dos que delas participam são os principais estímulos à busca da unidade.
 
Isso faz com que seja a espiritualidade ecumênica o elemento que permite compreender que as divisões atingem mais os aspectos acidentais e estruturais na Igreja, no que se refere à sua manifestação visível, estruturas de organização e estruturas doutrinárias. Mas em sua essência a Igreja continua una. Por isso o movimento ecumênico é um processo espiritual que possibilita ver que a Igreja em sua realidade mais profunda mantém a unidade e unicidade que Cristo lhe deu. O ecumenismo é um processo espiritual no sentido de estar aberto à inspiração do Espírito Santo que reconcilia e reúne todos os cristãos no Corpo de Cristo. Nesse processo, a espiritualidade é um elemento essencial, mais do que um horizonte ou dimensão. 
 
Enfim, dentre as características principais da espiritualidade ecumenica temos: trinitária – a fonte da espiritualidade é a Trindade, cujo amor do Pai permite ao Filho que nos dê o seu Espírito da unidade. É Cristo quem atua, pelo seu Espírito, no seio da Igreja para levá-la à comunhão com o Pai; ato de fé – a espiritualidade é uma atitude de confiança no projeto unificador que Deus tem para a Igreja e para a humanidade como um todo. O fiel crê que Deus possibilitará a unidade; ato de conversão – não há unidade sem conversão interior, arrependimento comum e mudança do comportamento que dificultam a comunhão. A espiritualidade ecumênica exige a kênonis, a capacidade de esvaziar-se da discórdia, dos rancores e demais motivos de divisão; ato de sacrifício – o desejo de unidade é um projeto, um dom mas também uma tarefa, que exige dedicação, compromisso, sacrifício; ato de profecia – a espiritualidade ecumênica possibilita discernir entre os sinais que conduzem à comunhão e aqueles que a obstaculizam. Ela apresenta o agir ecumênico como um agir profético, proclamando com convicção que a comunhão é o plano de Deus para a sua Igreja.
 
Interrogações
 
Muitas interrogações aparecem quando se trata de refletir sobre a espiritualidade ecumênica. Primeiramente, as experiências ecumênicas e as práticas de oração existentes parecem insuficientes para expressar uma verdadeira espiritualidade ecumênica. À oração realizada em conjunto parece faltar uma espiritualidade vivida, e as demais práticas ecumênicas também tendem a permanecer num nível superficial e formal. Há que se agregar valores vitais, um modo de ser ecumênico para se construir uma espiritualidade ecumênica. Segundo, nos últimos tempos, as igrejas parecem estar se distanciando mutuamente, e a fragilidade das relações entre elas incide diretamente na espiritualidade ecumênica. Terceiro, em muitos meios, sobretudo eclesiásticos, não há encorajamento na busca de uma espiritualidade ecumênica. Poucos são os líderes eclesiáticos que se integram nas iniciativas de diálogo e cooperação entre as igrejas.
 
Essas iterrogações serão respondidas na medida em que as iniciativas que indicam a identidade de uma espiritualidade ecumênica for acompanhada de uma reflexão capaz de individuar equívocos e obstáculos, junto aos resultados consoladores que surgem pela ação do Espírito que atua no interior de cada cristão e de cada Igreja. A todos Ele permite que a voz do Evangelho seja ouvida «na própria língua» (At 2,6). Por isso mesmo, as dificuldades encontradas são em si mesmas um forte convite à oração. Há que se valorizar as iniciativas ecumênicas que acontecem seja motivadas pelas igrejas, seja motivadas pelos organismos ecumênicos ou pelas comunidades dos fiéis. Todos buscam, de algum modo e ao seu modo, experienciar a autenticidade, o significado, as características peculiares da espiritualidade ecumênica. Se Cristo é um, se a Igreja é uma – apesar das diferentes e, inclusive, divergentes concepções – se a oração vai pelo mesmo caminho, se nasce do coração do fiel e se aos poucos vai assumindo uma identidade de expressão, se é possível invocar juntos a Deus em determinadas situações, então comprovada está a possibilidade de uma espiritualidade ecumênica que dê ao mesmo tempo sustento e significado às iniciativas ecumênicas realizadas pelos cristãos comprometidos com a busca da unidade da Igreja.
 
Conclusão
 
A regularidade da oração entre cristãos de diferentes igrejas esternaliza uma espiritualidade que vai se configurando sempre mais como ecumênica. Essa espiritualidade assume um significado fundamental não apenas para o movimento ecumênico, mas, e sobretudo, para as igrejas nele integradas. Sob o impulso dessa espiritualidade é que se desenvolve o ecumenismo, oferecendo aos cristãos e suas igrejas a possibilidade de diálogo e comunhão. Não pode haver diálogo verdadeiro onde não existe uma consciente experiência da fé e uma viva espiritualidade que toca essa própria fé. Unindo-se em oração, os cristãos realizam ao mesmo tempo um profundo ato de fé e uma significativa e transcendente comunhão entre suas igrejas. Todos, sem perderem a identidade da sua tradição, condividem um raro momento de fraternidade que supera as barreiras impostas pelos fatores de divisão. Desse modo, a espiritualidade, enquanto emanação da transcendência divina, permanece, junto com a oração, um recurso inesgotável de esperança ecumênica.
 
Pode-se concluir que tanto para a Igreja Católica Romana quanto para as demais igrejas que se propõe a percorrer os caminhos do ecumenismo no Brasil, é extremamente positiva e frutuosa a espiritualidade ecumênica que vem sendo configurada pelas práticas de diálogo e cooperação entre cristãos de diferentes tradições eclesiais. Ao menos em linha de princípio, existe em todos uma considerável abertura para a espiritualidade ecumênica. Particularmente nas igrejas membros do CONIC, há um notório esforço para que a espiritualidade cultivada não se afirme em oposição às outras igrejas, o que agravaria a situação de divisão entre os cristãos. Assim, no campo da espiritualidade o ecumenismo no Brasil encontra favoráveis condições de crescimento. E isso só pode ser considerado «fruto do Espírito Santo» (UR 4), pois somente Ele possibilita a oração como «a alma do movimento ecumênico» (UR 8). 


Pe. Elias Wolff
 
 

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2/11/2011
[2/11/2011] - Ecumenismo e Diálogo - Dom José Alberto Moura http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=391 Em nossa sociedade temos variedade de religiões e cada vez mais se multiplicam as comunidades religiosas de diversas naturezas. Aprender a conviver com todas é um desafio e uma necessidade. A intolerância não ajuda à convivência harmoniosa, respeitadora e valorizadora dos dons de umas e outras.

Há muitas pessoas e muitos grupos religiosos que sabem conviver com as diferenças de modo positivo e civilizado. É muito importante saber valorizar as atitudes e as virtudes dos outros. Mostramos os nossos valores e convicções de fé como contribuição de propostas para a promoção da vida com ética e respeito à vida digna de cada ser humano. A religião deve ser uma contribuição harmoniosa de convivência que produza o bem de todos, com respeito à cultura de cada pessoa e grupo étnico e religioso.

O ecumenismo se dá com o respeito, o diálogo e a valorização das diversas pessoas de comunidades religiosas de denominação cristã. Seu valor se baseia na própria vontade de Jesus. Ele pede ao Pai pela unidade de seus discípulos (Cf. Jo 17,21). As realidades que nos unem são maiores e mais forte do que as diferenças: o amor que Jesus nos ensina a ter mesmo aos inimigos, a Palavra de Deus, o batismo, a fé... Mesmo quando o outro não quer o diálogo ou infelizmente nos agride, desobedecendo o mandamento do amor, temos que amá-lo. Não podemos usar agressão e o mesmo método do agressor. Devemos, assim mesmo, amá-lo. Desse modo até um dia poderão sentir vergonha de ter feito isso conosco! Somos chamados ao diálogo, ao conhecimento do outro e à valorização de suas virtudes. Devemos testemunhar nossa fé e, por causa dela, fazer o bem ao outro. Jamais podemos agredir o outro. Não podemos responder à agressão com agressão e sim pagar o mal com o bem. Ecumenismo não é sincretismo nem relativismo, mas testemunho de fé com amor ao outro por causa de Deus. O diálogo ecumênico nos faz até orar juntos. Temos todo ano a Semana de Oração pela unidade dos cristãos. Fazemos Campanhas da Fraternidade Ecumênicas, como será a de 2010...

O diálogo interreligioso é o diálogo e a manifestação de fraternidade com pessoas e instituições de outras religiões não cristãs. Indicamos, assim, que vemos valores humanos, éticos e religiosos nelas, como também, em base à nossa fé, procuramos fazer o bem a todos e trabalhamos juntos em projetos e ações de promoção do bem comum. Temos comissões de diálogo entre católicos e judeus, católicos e islâmicos, católicos e religiões afro.

As diferenças não podem nos colocar como inimigos e sim como pessoas humanas com culturas e religiões diferentes, com seus valores e suas propostas. Se temos discordâncias temos também valores em comum. Naquilo que  não concordamos devemos dialogar e manifestar de modo civilizado nosso ponto de vista e nossas convicções sem agredir os outros.

Dom José Alberto Moura, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Interreligioso da CNBB

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2/11/2011
[14/10/2011] - Igrejas unidas terão mais condição de promover a paz e a justiça ! - Conic http://familiamissionaria.com.br/artigo.asp?area=6&cat=25&sub=18&catsub=17&artigo=290 Não é difícil perceber que adesunião entre as Igrejas cristãs é um escândalo que prejudica a própria pregação do evangelho. Quem vê, de fora, Igrejas em oposição, fica com a triste impressão de que estamos disputando espaço em vez promover o projeto de Jesus. A união faz a força – diz o provérbio bem conhecido. Na mesma proporção a desunião produz fraqueza. Igrejas unidas terão mais condição de promover a paz e a justiça. Estarão, com seu próprio comportamento, gritando ao mundo que a reconciliação, o perdão, a retificação de caminhos são sempre possíveis, quando há abertura para a graça.  Mas, ainda que essa razão seja poderosa, temos outra ainda maior para buscar a unidade: Jesus pediu que os seus seguidores fossem um como ele e o Pai são um. Como ignorar tal desejo do Senhor?  A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é um momento especial para colocarmos nas mãos da Trindade nossos esforços e dificuldades no caminho da busca do relacionamento fraterno de Igrejas, superando séculos de  uma história de enfrentamento mútuo. 


 Já o papa Leão XIII tinha pensado em fazer uma novena pela unidade, aproveitando a semana que vai do dia de Ascensão à festa de Pentecostes. Mais tarde a idéia foi muito divulgada por Lewis Thomas Wattson, um anglicano que se tornou católico romano. A proposta de data feita por Wattson  era outra: de 18 de janeiro (festa da cátedra de S. Pedro em Roma) a 25 de janeiro (festa de S. Paulo); estariam assim representados nos dois apóstolos estilos diferentes de vivência cristã.  Mas, de acordo com a mentalidade católica da época, pensava-se em unidade como retorno de todos os cristãos à Igreja com sede em Roma. Como era de se esperar, tal proposta não foi bem aceita por ortodoxos e evangélicos. Em 1926 o movimento Fé e Constituição, que mais tarde vai estar na origem da formação do Conselho Mundial de Igrejas, lançou um apelo para a realização de uma Semana de Oração pela Unidade, a ser feita nos dias que antecedem a festa de Pentecostes.
Um grande impulso veio também do sacerdote católico francês Paul Couturier a partir de 1935. Mas dessa vez a proposta mostrava uma abertura da parte católica: não se tratava de um retorno ao catolicismo, mas da reunião fraterna de Igrejas, cada uma com a sua identidade. Pe. Couturier dizia: “Que chegue a unidade do Reino de Deus, tal como Cristo a quer e pelos meios que ele quiser!”  Essa atitude ficou mais fácil para os católicos depois do Concílio Vaticano II (1962-1965), que reconheceu valores nos então chamados “irmãos separados” e em suas Igrejas, afirmando que a fé comum em Cristo é princípio de comunhão e assumindo a proposta ecumênica que respeita a identidade religiosa do outro.
Para explicar o tipo de ecumenismo que queremos, hoje usamos muito a imagem dos raios de uma roda cujo centro é Jesus. As Igrejas, cada uma no seu raio, ao se aproximarem do centro, ficarão inevitavelmente mais próximas umas das outras. Não se pede conversão de uma Igreja a outra, o que se deseja é a conversão de todas à prática da unidade por amor e fidelidade a Jesus.


A partir de 1968, a Semana é preparada conjuntamente pelo Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas, representado por sua comissão de Fé e Constituição. A data pode variar: na Europa em geral a Semana se faz de 18 a 25 de janeiro; aqui no Brasil preferimos o período que fica entre Ascensão e Pentecostes.
A cada ano pede-se a colaboração mais especial de um país, onde é escolhido o tema e são elaboradas indicações gerais de textos, orações, reflexões. Aqui no Brasil, o texto é recebido pelo CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) e refeito para se adaptar ao nosso jeito de celebrar. 


Para orientar os que vão viver a Semana, o CONIC prepara todos os anos, um livrinho com textos para as celebrações, reflexões, orações e estudos bíblicos dentro do tema. Há um cartaz para divulgar a Semana e um folheto para ser distribuído aos participantes, onde se explicam as linhas fundamentais do ecumenismo que queremos.  o CONIC reúne cinco Igrejas como membros plenos:  Igreja Católica Romana, Igreja Episcopal Anglicana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana, Igreja Presbiteriana Unida, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Outras Igrejas têm-se mostrado favoráveis à causa ecumênica e se tornam parceiras tanto na oração como na ação a favor da paz. Às vezes até uma Igreja que oficialmente não assumiu postura ecumênica tem comunidades onde há abertura para esse trabalho. Aí, é claro, esses novos parceiros são acolhidos na maior alegria.


A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos exige cuidado e delicadeza na sua realização. Quando várias Igrejas oram juntas é preciso conversar antes, ver se o que vai ser feito não causa problemas à sensibilidade religiosa dos participantes. Todos devem se sentir à vontade. Se algum canto, gesto ou oração causa problema para alguma das Igrejas envolvidas, o mais sensato e caridoso é substituir por algo que seja de aceitação comum. O mesmo se dirá a respeito do local de reunião. Isso não é calar a própria identidade: é dar tempo ao tempo, deixar a confiança mútua crescer aos poucos e não pressupor que podemos consertar em uma semana o que levamos séculos estragando. Mas há também situações especiais. Imaginemos que, numa cidade muito pequena, não haja duas Igrejas que já queiram rezar juntas; é possível uma Igreja viver a Semana com seus próprios fiéis, educando-os para o amor aos outros cristãos. O ecumenismo é uma espiritualidade em que se cultivam atitudes que são importantíssimas até para conviver dentro da própria Igreja, na família, no trabalho.


Pentecostes é uma festa que tem tudo a ver com ecumenismo: as pessoas nesse dia não passaram a falar todas a mesma língua, mas entenderam a pregação de Pedro cada uma do seu jeito e se sentiram unidas por um evangelho comum. Bom mesmo será se o espírito da Semana de Oração pela Unidade perdurar e dela nascerem outras iniciativas: grupos conjuntos de reflexão bíblica, festivais de música entre as Igrejas, ações de promoção social realizadas ecumenicamente... e o que mais o Espírito Santo inspirar.
UM POUCO DE HISTÓRIA


A celebração mundial da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos começou na Igreja Episcopal [anglicana], no ano de 1908, em Graymoor, no vale da Rio Hudson, no Estado de Nova York, Estados Unidos. Dez anos antes, Paul James Wattson, clérigo da Igreja Episcopal, fundou junto com Lurana Mary White, também da Igreja Episcopal, as congregações franciscanas que formam a Sociedade de Atonnement, ou seja, da Reconciliação, na Vila Graymoor, perto da cidade de Garrison.
Na sua Igreja, frei Wattson encontrou apoio do Reverendo Spencer Jones, reitor da Igreja na Inglaterra, e conhecido como um autor catequético. Em 1907 o Reverendo Jones sugeriu ao Frei Wattson que deveria se observar um dia de oração pela unidade dos cristãos todos os anos, no mundo inteiro, na festa de São Pedro.


Frei Watsson gostou muito da sugestão, mas recomendou que seria melhor uma "Semana de Unidade Cristã", começando na festa da Cátedra de São Pedro, no dia 18 de janeiro, e terminado na festa de São Paulo, no dia 25 de janeiro.
A Semana da Unidade na Igreja foi celebrada pela primeira vez em 1908, e depois foi chamada "A Oitava de Unidade da Igreja" pelo frei Wattson, já que havia oito dias entre as duas festas.
Atualmente a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é celebrada por milhões de cristãos no mundo. O decreto sobre o ecumenismo do Concílio, promulgado em 1964, chamou a oração de alma do movimento ecumênico e animou a celebração.


Em 1996, a Comissão Fé e Constituição, do Conselho Mundial de Igrejas, e o Pontifício Conselho pela Unidade dos Cristãos começaram a colaborar na elaboração de um texto comum internacional para uso em todo o mundo.
Desde 1968 estes textos internacionais, baseados em temas propostos por grupos ecumênicos existentes no mundo, são adaptados à realidade dos diferentes países. Aqui no Brasil essa adaptação é feita pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil.


SEMANA DE ORAÇÃO 2011
Neste ano, 2011, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos foi realizada entre os dias 16 e 23 de maio e teve como lema “Vocês são testemunhas dessas coisas” (Lucas 24:48). Vale lembrar que as igrejas escocesas também celebram, concomitantemente com a SOUC, o centésimo aniversário da Conferência de Edimburgo, e o tema proposto é semelhante:

“Testemunhar Cristo Hoje”.
fonte da notícia: CONIC inserido por: Noticias CONIC

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14/10/2011