Dúvidas sobre Fé, Igreja ou Espiritualidade?. Faça sua pergunta que o Pe. Cido responde
Pe. Cido Pereira Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação em São Paulo , Diretor do jornal "O São Paulo" e apresentador do programa Bom dia Povo de Deus na rádio católica 9 de Julho. |
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Oi Padre. Eu tenho um relacionamento com um homem casado. No início não sabia que ele era casado, só depois de um tempo, mas como gosto muito dele ainda mantenho esse relacionamento. Ele me fala que não tem mais nada com a ex mulher apenas moram juntos porque eles tem filhos pequenos. Ele apenas é casado no papel, mas fico pensando se estou fazendo a coisa certa pq a palavra de Deus diz que apenas podemos ter um casamento. O que eu faço Padre?
Ô minha irmã, anônima. Não é bonito o que está acontecendo com você. E não é bonito o que este homem está fazendo com você. Ele é casado. Não importa se é só civil, ele tem uma família, tem filhos. Afirmar que ele não tem mais nada com a esposa não justifica manter um relacionamento com você. Será que você está disposta a viver com sua consciência, sabendo que está sendo usada por um homem que, ao meu ver, não parece ter escrúpulo algum, e sabendo que está destruindo uma família? Pense, minha irmã. Você afirma gostar muito dele. Pois bem, em nome deste amor que você afirma, você tem de exigir duas coisas: 1. Que ele defina a situação com a mulher. Esta vida dupla não faz bem nem para ele, nem para a família. 2. Que uma vez divorciado dela , ele entre com um processo de verificação da nulidade da primeira união dele. Enquanto isso, entre num clima de espera e não se deixe levar pelos argumentos dele. É tranquilo demais para ele, usar a esposa para cuidar dos filhos e dele mesmo, e sua você como amante. Você não merece isso. A esposa e os filhos dele não merecem isso. Espero tê-la ajudado, minha querida irmã. Espero que você seja feliz, mas não por este caminho que está trilhando.
Boa noite, Tive um relacionamento fora do casamento e ela engravidou conversamos e decidimos pelo aborto, ela pq iria atrapalhar sua vida proficional e eu para destruir meu casamento.... Após feito o aborto nos afastamos porém minha vida financeira teve um declínio acentuado e psicologicamente estou muito mal com o ocorrido... Cheguei ao desespero de tirar minha vida e hoje sou contido por psicotropicos... Gostaria de uma visão espiritual pois preciso entender se vale a pena uma criatura horrível como eu viver ?
Arthur. Você está experimentando e sofrendo os frutos maus das péssimas escolhas que você fez. Um homem casado de repente se relacionar com uma jovem, engravidá-la, e os dois optarem pelo aborto é algo de terrível. Que escolha terrível vocês dois fizeram! Interromper o milagre da vida por conta dos estudos dela e por conta da preocupação de destruir a própria família.
Veja, meu irmão. O pensar no futuro por parte da mulher e o pensar na família por sua parte, deveriam se preocupações antes deste relacionamento. Uma criança em formação no ventre de uma mulher tem o direito inalienável da viver. A vida é sagrada desde a concepção até o seu fim natural. Você vive hoje um drama terrível. A mulher com quem você se relacionou certamente deve estar vivendo o mesmo drama.
Agora, Arthur, não é possível apagar o passado. O que é possível é reparar os erros passados em vista de um presente e um futuro mais feliz Procure um sacerdote, faça uma sincera confissão, seja um bom esposa para sua esposa com a qual você foi tremendamente injusto, seja um pai de verdade para seus filhos, tome consciência do tesouro que você tem e que quase perdeu. E repare sua escolha errada dedicando-se a tantas crianças pobres que precisam de amor, de respeito e de um futuro melhor.
Ao procurar um sacerdote, vá a ele, buscando Deus e não apenas o alívio para seu erro. Arrependimento sem Deus e sem o desejo de reparação do mal não passa de um sentimento de culpa doentio que, ao que parece, você já está vivendo.
Deus o ajude a encontrar os caminhos e a se libertar desta angústia que está lhe tirando a alegria de viver. Aqui de São Paulo um velho padre ora por você.
Padre Cido, segundo a doutrina da Igreja, estou impedido de receber os sacramentos da Eucaristia e Reconciliação devido à minha situação de amasiado e pretendo regularizá-lo assim que minha esposa (que não pratica a fé) tiver mais consciência do ato sacramental do Matrimônio e sua importância para nossa vida. Conforme fui me convertendo diáriamente, muito me faz falta a presença eucarística em mim porém, não acredito que seja algo que consiga resolver de imediato. Reconheço a importância da adoração eucarística e tenho aprendido recentemente sobre a comunhão espiritual. Ela é tão válida quanto a comunhão eucarística? No momento da eucaristia, faço minha ação de graças mesmo sem comungar e reconheço plenamente a presença de Cristo em cada um dos fiéis e em mim. Apesar disso, mantenho-me contrito em relação a privação em que estou submetido por minha culpa. Afinal de contas, qual a validade da comunhão espiritual?Pode ser usada no meu caso indefinidamente ou seria apenas um recurso extraordinário a casais em uma união irregular irremediável como divorciados civilmente e em uma segunda união? Considerando em termos teológicos, se é possível substituir esses sacramentais não abre um precedente para que se consideremo-nos apenas simbólicos, reduzindo o papel do sacerdote em seu serviço apostólico? Penso também que nessa possiblidade da comunhão espiritual, eu acabe me tornando mais tíbio em relação ao meu projeto de matrimônio futuro. Sem mais, agradeço desde já.
Para os casais não unidos pelo sacramento do matrimônio, a Igreja aconselha a buscar a bênção deste sacramento. No seu caso, você pode buscar ajuda na comunidade para que sua esposa seja iniciada na vida cristã. Mas faça isso depressa, para que não pareça má vontade sua diante de Deus. Depois, na vida a dois, você poderá ajuda-la a acolher o dom da fé que o Senhor oferece a todos que o buscam.
A Igreja, como você mesmo sabe e afirmou, pede que se abstenham da Eucaristia aqueles que vivem uma união conjugal sem o sacramento. Mas a Igreja também não despreza nenhum de seus filhos, nem os não casados como os casados em segunda união. Eles, enquanto não regulam sua situação podem receber Jesus na comunhão espiritual, na Leitura da Sagrada Escritura, na participação da vida comunitária, na oração, no amor ao próximo. Isso tudo não substitui o sacramento do matrimônio e não relativiza a santa comunhão. Pelo contrário. Paralelamente à busca desses meios, deve acontecer a regularização da situação na realização do matrimônio cristão e no processo de verificação da nulidade do primeiro casamento. Pense nisso tudo, meu imão. Fique com Deus e encaminhe sua vida cristã no rumo do Sacramento do amor.
Como ouvir a voz de Deus?
Mas como ouvir a voz de Deus? É a sua pergunta. Vamos lá! Deus nos fala pela Sagrada Escritura. Lembra-se daquele canto tirado da Bíblia? "Tu palavra é lâmpada para meus pés, Senhor, É luz para o meu caminho.
Deus nos fala também pelos acontecimentos da vida. Numa alegria imensa que vivemos, num momento de dor intensa, podemos acolher os recados de Deus. Nas alegrias ele faz sentir sua presença. Nas tristezas, ele nos consola. O problema é que ficamos esperando ouvir a Deus gritando nosso nome. Não precisa. Ele está perto de nós.
Podemos também ouvir a voz de Deus nas pessoas queridas que nos oferecem o ombro, que nos consolam, que nos perguntas; "em que posso servi-lo?. Quantas vezes acabamos surpreendidos pela presença de alguém na hora que a gente precisa e reconhecemos: "Foi Deus quem enviou você neste momento!"
Podemos também ouvir a voz de Deus na palavra de nossos pastores. No seu ministério de ensinar, eles nos ajudam a ouvir e entende a Palavra de Deus.
Enfim, Janete, Deus está conosco e nos fala na oração pessoal e em comum, nos sacramentos da Igreja, na Eucaristia, na orientação dos nossos pastores.
Só mais um lembrete: quando fazemos uma escolha errada e ficamos incomodados é Deus falando ao nosso coração. Pense nisso tudo, minha irmã Janete. Bom trabalho.
Padre gosto de um rapaz e gostaria de saber se é errado eu rezar pedindo à Deus a graça de casar com esse rapaz?
Naturalmente, Janete, o verdadeiro conhecimento dele você vai ter quando vocês iniciarem um namoro. O namoro é uma fase bonita em que um jovem e uma jovem cada um entra pelos olhos no coração do outro. É tempo de se conhecerem. É tempo de carinho e de muito respeito um para com o outro. E neste dar-se a conhecer. Cada um vai abrindo o coração para o outro até os dois chegarem à conclusão de que se amam de verdade. Nada de "ficar", minha irmã. Nada de arranjar um "namorido", expressão esta que indica que um casa tem vida sexual ativa sem serem casados. A família que você vai construir e que merece respeito desde agora, não merece isso.
Orar sempre faz bem em qualquer circunstância, minha querida irmã. Ma seu penso que sua oração deve ser um deixar-se conduzir por Deus para que, no momento certo, você encontre a pessoa certa que vá fazer um dia consagrar-se a ele no matrimônio. Se será com este que você gosta ou se será com outra pessoa, só Deus e você vão poder descobrir. Fique com Deus e que ele abençoe muito a você.